da sacarose ao HMF nos xaropes

Representação da molécula da sacarose (C12H22O11)

Na sequência da publicação anterior pretendo aqui descrever, de uma forma simples, que espero não simplista demais, como o processo de produção de xaropes com o vulgar açúcar granulado e a adição de ácidos conduz inevitavelmente à produção de quantidades maiores ou menores de hidroximetilfurfural (HMF).

A sacarose (vulgar açúcar) pode ser sujeita a um processo de inversão e decompor-se em dois açucares mais simples, a frutose e a glicose. Os catalisadores/aceleradores da inversão podem ser variados. Por exemplo, as abelhas colectam o néctar das plantas, que é composto predominantemente por sacarose/sucrose, e decompôem-no em glicose e frutose por via da adição da enzima natural invertase, convertendo o néctar em mel.

Estando estes dois monossacarídeos presentes, glicose e/ou frutose, a produção de HMF é inevitável em condições normais. É esta razão para o aumento gradual da quantidade de HMF no mel em condições normais de armazenamento. A transformação em moléculas de HMF ocorre por um processo de desidratação das moléculas de frutose e glicose.

Esquema de produção de uma molécula de HMF por desidratação de uma molécula de frutose por perda de 3 moléculas de água.

Este mecanismo de desidratação da frutose e glicose e produção de HMF é acelerado pelo aquecimento num ambiente de baixo pH ou após a adição de ácidos orgânicos ou inorgânicos durante o processamento.

Existe um consenso na comunidade científica que o HMF é tóxico para as abelhas. Contudo os efeitos do HMF nas abelhas e na colónia depende das quantidades presentes e do tempo de exposição ao mesmo. Por outro lado, a toxicidade do HMF traduz-se geralmente em efeitos sub-letais como a redução de tempo de vida das abelhas adultas, alguma mortalidade larval, feridas no intestino das abelhas,… . Como estes impactos negativos são dificilmente observáveis no âmbito de um trabalho normal de inspecção das colónias passam na maioria das vezes desapercebidos ao apicultor.

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