Para entendermos de uma forma simples o crescimento exponencial o cenário abaixo é ilustrativo:
Um artesão decide que irá fazer potes de barro ao longo de 16 dias, duplicando a sua meta diária de produção todos os dias. No dia 1, ele produz apenas um pote, no dia 2, ele duplica a sua produção e termina duas peças. No dia 3, já são quatro potes produzidas num só dia e no dia seguinte, são 8. Caso ele siga este comportamento nas próximas duas semanas, quando chegar ao dia 16, terá que produzir 32.768 potes num só dia.
O número de peças feitas, resultado da soma de todos os dias de confecção, serão 65.535 potes produzidos ao longo de 16 dias, representando um crescimento exponencial na produção.
Obviamente, quando se trata de produção, os seres humanos só conseguem ser exponenciais com o auxílio de máquinas. Contudo, se utilizarmos as bactérias, os vírus, os ácaros varroa como referência, todos eles são capazes de cumprir esta tarefa por conta própria. Analisemos com mais detalhe o caso do ácaro varroa.
“A Varroa está no paraíso quando as colónias expandem a criação, em particular quando há muita criação de zângãos. Durante este período de tempo (a fase de crescimento linear da população de abelhas), a Varroa é capaz de se reproduzir com sucesso com uma taxa elevada, mais que dobra sua população a cada mês.
Nota científica: o aumento percentual de uma população ao longo do tempo é denominado taxa de crescimento populacional. Em condições ideais, esta taxa de crescimento para várias espécies é exponencial e é quantificada como a taxa intrínseca de aumento. Os biólogos quantificam essa taxa de aumento por meio de um valor diário denominado “r (dia)”. O r (dia) da Varroa em abelhas europeias não resistentes, durante os períodos de crescimento linear da população de abelhas, está quantificado em torno de 0,021.
Nas épocas do ano em que a criação está presente, a população de ácaros numa colmeia de abelhas melífera europeia típica aumentará de forma exponencial. Conforme ilustrado pelo gráfico acima, a população de ácaros cresce numa colónia típica de 100 para mais de 8.000 em sete meses.
Aplicação prática: o acúmulo de Varroa é exponencial nestas alturas do ano em que a criação é abundante (dobrando a cada mês). Dificilmente nos apercebemos na fase de crescimento da população de abelhas, até que a diminuição de criação no final desta fase faz parecer que Varroa explodiu de repente. Além disso, um influxo de ácaros carregados por forrageadoras que pilham colónias a colapsar e por abelhas que derivam pode aumentar a população varroa neste período crítico [na minha zona de finais de julho até finais de setembro].”
fontes: https://scientificbeekeeping.com/the-varroa-problem-part-9/ e https://scientificbeekeeping.com/the-varroa-problem-part-5/
É nesta época, meados de agosto ao fim de setembro, que mais me importa estar muito vigilante, abrindo com frequência semanal ou quinzenal as colónias e avaliar o seu estado sanitário uma a uma, durante e após o tratamento de verão. Os sinais/sintomas que me servem de referência são:
- vejo ou não varroas sobre as abelhas;
- vejo ou não abelhas com os abdómenes atrofiados;
- vejo ou não abelhas com asas deformadas;
- vejo ou não abelhas irritadiças ou mortiças;
- vejo ou não abelhas demasiado dispersas nos quadros.
Aplico outros sistemas de monitorização, mas mais pontualmente. Esta monitorização visual tenho-a aplicado sistematicamente. Com este sistema de monitorização a taxa de mortalidade global/ano por todas as causas não tem ultrapassado os 10% desde 2014, situando-se abaixo dos 5% na maioria dos anos neste período.
Nunca é demais insistir neste tema, porque, infelizmente, quem não compreende a relação entre a morte das colónias e a presença do varroa, e continua a derivar para fome e velutina, não entende a realidade da apicultura atual. Todos os dias vejo aqui vendas maciças de colmeias e abandono de apicultores. Muitos mais se seguirão, se não perceberem o que está em causa. A sobrevivência ou morte como apicultor.