menos abelhas consomem mais…

Quanto consomem as nossas abelhas no período de escassez? Será que têm reservas em quantidade suficiente? Imagino que estas questões e outras do género passem pela cabeça de todos nós com alguma frequência nestes dias frios em que, semana após semana, não abrimos as nossas colmeias para verificar o nível de reservas disponíveis.

Um artigo de John Harbo, o pai das rainhas VSH (Varroa Sensitive Hygiene), refere o consumo de mel diário por abelha, obtido com base nos dados que recolheu numa das suas investigações (fonte: Worker-Bee Crowding Affects Brood Production, Honey Production and Longevity of Honey Bees, 1993).

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Fig. 1 — John Harbo preparando uma rainha para ser inseminada artificialmente

John Harbo verificou que o consumo diário varia um pouco, dependendo da densidade da população na colmeia. Para colmeias mais densamente povoadas, o consumo diário é aproximadamente de 7 mg por abelha. Para colmeias menos densamente povoadas, o consumo diário por abelha ultrapassa um pouco os 12 mg.

Para estarmos em condições de fazer os cálculos do consumo por colmeia, temos que estimar o número aproximado de abelhas por colmeia. Aceitando como correcta a estimativa de que um quadro bem coberto de abelhas comporta 1000 abelhas em cada uma das suas faces (ver http://www.dave-cushman.net/bee/beesest.html), obtemos os elementos necessários à nossa contabilidade.

Proponho 3 cenários diferentes para esta altura do ano (e nos meus apiários na beira interior): um para uma colmeia forte, outro para uma colmeia média e um terceiro para uma colmeia fraca.

Colmeia forte) – colmeia com 12000 abelhas que cobre 6 quadros de abelhas: 12000 x 7 mg = 84 gr/dia, isto é, uma colmeia com cerca de 12000 abelhas consome 588 gr/semana e 2520 gr/mês;

Colmeia média) colmeia com 9000 abelhas que cobre ente 4 e 5 quadros de abelhas: 9000 x 10 mg = 90 gr/dia, isto é, uma colmeia com cerca de 9000 abelhas consome 630 gr/semana e 2700 gr/mês;

Colmeia fraca) colmeia com 7000 abelhas que cobre 3 a 4 quadros de abelhas: 7000 x 13 mg = 91 gr/dia, isto é, uma colmeia com cerca de 7000 abelhas consome 637 gr/semana e 2730 gr/mês.

Espero que estes cálculos vos possam ser úteis e alertem para que, às vezes, menos é mais.

Tendo em conta que cada caso é um caso, pois que na apicultura raramente 2+2=4, e que a apicultura é sempre local, cada um de nós deve ter presente que se as abelhas perdoam muitos dos nossos erros, sem alimento é que elas não passam!

carta de informação de fevereiro icko

“Alimentar, sempre alimentar!

Fevereiro é um mês curto, o mais curto, mas o pior, o frio intenso pode ser frequente, embora estes primeiros dias tenham sido suaves. Atualmente colmeias consomem muito mel, com os raios de sol a permitirem saídas diárias às abelhas. Algumas colmeias já têm mais de 4 quadros de criação…

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Esperando que o frio não seja brutal e há que manter a vigilância!

A alimentação é o leitmotiv do inverno, se as reservas se revelaram insuficientes no outono, não há que ter receio de colocar o candi no óculo da prancheta ou diretamente sobre o travessão superior dos quadros onde as abelhas estão. Na falta, 1kg de cubos de açúcar pode ser o truque. Os cristais demasiado grandes não dissolvidos pela humidade da colmeia, cairão sobre o estrado. Nós encontramos uma certa quantidade de cristais no estrado durante a visita da primavera.

O xarope que damos a partir de fins de março, início de abril, quando o as temperaturas excedem 13°C será utilizado para acelerar a postura da rainha. Abaixo desta temperatura, o xarope por estar muito frio pode não ser consumido pelas abelhas que cairiam dormentes com o frio se o fizessem. Um indicador: horário de verão = xarope; hora de inverno = candi.

Com o calor sabemos que os pólens entram nos dias de sol, o pólen da avelaneiras, entre o primeiro são pobres em proteínas, o candi de proteínas vai ajudar colônias a expandir sua criação.

Uma referência é o florescimento dos dentes de leão, a sua chegada em massa é o sinal de um aquecimento sustentável,  e o xarope provavelmente será bem consumido.

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A minha insistência sobre o controlo dos alimentos e reservas das colónias é devida ao calor deste outono. Até o Natal, eu vi as abelhas a saírem e as colónias mantiveram-se ativas. O consumo de mel foi impressionante como eu raramente vi. A diminuição do peso das colmeias foi extraordinariamente rápido. A mortalidade das colónias pode estar esperando por você!”

Fonte: http://www.icko-apiculture.com/blog/2016/02/03/lettre-dinformation-fevrier/

Nota: esta carta icko é escrita a pensar nos apicultores em França. Contudo, neste ano, o seu conteúdo poderia ser aplicado com toda a propriedade aos meus apiários na beira interior. Suponho que possa ser também o caso de outros companheiros. Muita atenção para que elas não nos morram agora na praia!

nutrição e alimentação

Inicio mais esta categoria designada nutrição e alimentação começando por fazer uma breve descrição do que se entende por nutrição e de que forma se distingue do outro conceito presente no título, alimentação.

A nutrição é a ciência que se encarrega do estudo e manutenção do equilíbrio homeostático do organismo a nível micro e macro sistémico, garantindo que os eventos de natureza fisiológica se efetuem de maneira correta, com vista a alcançar uma saúde adequada e prevenindo as enfermidades.

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Os processos moleculares ou micro-sistémicos estão relacionados com o equilíbrio de elementos como: enzimas, vitaminas, minerais, aminoácidos, açucares, transportadores químicos, mediadores bioquímicos e hormonas, entre outros.

Em termos mais simples podemos entender a nutrição como a maneira sistematizada de proporcionar alimentos que contenham os nutrientes necessários para que um ser vivo (neste caso as abelhas) realize, de maneira adequada, todas as suas funções biológicas.

A alimentação é a ação de proporcionar alimentos a um ser vivo. Consiste na obtenção, preparação e ingestão de alimentos. Por sua vez a nutrição é o conjunto de processos fisiológicos mediante os quais os alimentos ingeridos são transformados e assimilados.

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