bayvarol: algumas reflexões

Pela primeira vez estou a utilizar o Bayvarol no tratamento da varroose. Vou tratando em parte de acordo com o avanço da cresta mas sobretudo de acordo com o que a minha experiência dos dois últimos anos me tem mostrado.

A minha experiência tem-me mostrado que aguardar até que tenha crestado todas as meia-alças e alças meleiras pode ter custos muito grandes no que diz respeito à infestação das colmeias pelo ácaro varroa. A explicação é simples e a conclusão mais simples ainda:

  1. Nos últimos dois anos tenho terminado a cresta dos meis-escuros (em geral as meladas da azinheira, carvalho e castanheiro) em meados de Setembro;
  2. Nas zonas onde tenho os apiários as rainhas começam a diminuir a postura cerca de dois meses antes desta data. O ratio número de varroas/cria operculada sobe enormente nestas 6 a 8 semanas entre meados/finais de Julho e meados de Setembro.
  3. Tenho encontrado nestes dois últimos anos nas colmeias que trato a partir de Setembro, e de acordo com o ritmo da cresta como referi atrás, algumas colmeias com um número muito significativo de abelhas com asas deformadas.
  4. A conclusão é clara: iniciei o tratamento tarde demais.

Lendo e relendo os documentos oficiais dos acaricidas que tenho utilizado (Apivar, Apistan e agora Bayvarol) assim como os estudos independentes realizados acerca dos resíduos destes acaricidas no mel e nas ceras, concluo que estava a ser mais papista que o papa.

Actualmente estou a antecipar os tratamentos cerca de 4 a 6 semanas. Procurando trabalhar num cenário ideal, é contudo a realidade que se impões e é ela que aos meus olhos dita as leis.

No caso em particular do Bayvarol, o fabricante refere que idealmente as tiras não devem ser utilizadas no pico de um fluxo de néctar mas que em casos de infestações severas pode ser utilizado em qualquer altura do ano e diz também e que nenhum intervalo de segurança existe no que respeita ao mel.

Relativamente aos famosos ácaros resistentes aos princípios activos espero continuar a não os encontrar. Para isso segui um conjunto de procedimentos que julgo que me ajudarão a atingir este fim. Não me esqueci de colocar as 4 tiras que o fabricante recomenda, não me esqueci de, nas colmeias com ninho e sobreninho, passar todos os quadros com criação para o ninho e colocar as tiras bem no meio destes quadros com muitas abelhas amas e criação para nascer, não me esqueci nas colmeias com a criação descentrada de ver onde estavam os quadros com criação para aí colocar as tiras, não me esqueci de só abrir os sacos com as tiras no exacto momento em que as colocava no interior das colmeias; espero também não me esquecer de dentro de 2 a 3 semanas ir verificar numa amostra significativa de colmeias se tudo está bem e se as tiras continuam a estar em contacto com um grande número de abelhas amas e inseridas no seio das zonas de criação.

Com estas precauções espero não esbarrar com os ácaros resistentes… dado que também não fui resistente ao maior trabalho que dá tratar adequadamente as colmeias espero de coração aberto que ainda haja alguma justiça no mundo e que o famigerado Bayvarol se mostre à altura do desafio.

Se assim for, e dado que já utilizei o Apivar e o Apistan com bons resultados, poderei dizer que no meu reino ainda não tenho varroas resistentes aos três sintéticos homologados no nosso país… poderei dizer para mim mesmo que sou um homem tocado pela fortuna… mas que dá uma trabalheira alcançá-la lá isso dá.

Um comentário em “bayvarol: algumas reflexões”

  1. Boas,

    Os meus parabéns e obrigado pelos últimos três artigos, pois para além de estar completamente de acordo com o seu conteúdo são bastante elucidativos e importantes para qualquer apicultor.
    Parabéns pelo blog.

Responder a Emanuel Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.