Um enxame de abelhas pode ser analisado a diversos níveis, os mais usuais são o nível do indivíduo e o nível do super-organismo. Como cada abelha per si não tem potencial de sobrevivência, uma boa parte das análises são feitas ao nível do enxame — super-organismo. O nível do enxame é também onde, como apicultor, me coloco na observação e maneio das minhas colónias.
Chega a altura este ano de tirar as grelhas de entrada das minhas colónias a 900m de altitude. Até cerca dos 25-27 ºC de temperatura máxima por norma deixo estar as grelhas. Sobre a ventilação das colónias sei muito pouco, e creio que a ignorância é geral, apesar de todos termos opiniões e preferências — é dos temas mais complexos da apicultura mobilista. Se no inverno estas grelhas são essenciais para evitar que os ratinhos do campo entrem nas minhas colmeias, até as temperaturas rondarem 13-15ºC nocturnos e os 25-27ºC diurnos (e as temperaturas mínimas mandam muito no meu maneio, num território com grandes amplitudes térmicas) tenho observado que contribuem frequentemente para ter criação até ao fundo dos quadros, por comparação com colmeias sem as grelhas, onde observava pouca criação na parte inferior dos quadros.
Sobre a ventilação superior tenho optado por esta solução na última meia-dúzia de anos. Tapo 2/3 do óculo da prancheta. O ar quente vindo debaixo sai na mesma e, ao mesmo tempo, as abelhas têm possibilidade de tapar esta pequena fresta se assim o desejarem. Elas, melhor que eu, sabem o que fazer. Tenho verificado que há colónias que propolizam totalmente o terço de abertura que fica, outras pouco propolizam, e outras deixam um pequeno buraco do tamanho de corpo de uma abelha no meio de uma massa de própolis por onde vejo sair uma ou outra abelha. Que concluir desta diversidade comportamental? Para já apenas isso, que é diversa, que não há uma e melhor solução igual para todas as colmeias, mesmo estando no mesmo apiário!
Colocação das redes de captura do própolis — o produto da colmeia mais nobre, ideia que cresceu em mim neste ano de Covid.
Verificação da quantidade de geleia de obreira disponibilizada às larvas.
Quadro com algumas reservas, à esquerda — mel e pão de abelha —, substitui um quadro seco numa jovem colónia. Numa colónia madura, já estabelecida, estaria muito provavelmente a fazer o contrário.
Com tanta abelha para nascer e tanta larva para nutrir este cuidado faz muito sentido para mim numa colónia jovem, com pouco tempo de vida para apresentar um nível confortável de reservas de mel e pão-de-abelha .
A colónia que foi sujeita à técnica Demaree, observada ontem à entrada do verão.
Mel no sobreninho da colónia submetida à técnica Demaree, muito provavelmente de Erica arborea. Falta ainda o fluxo do castanheiro e a melada da azinheira para se lhe juntar. O produto final é complexo e raro! Esta colónia que esteve à beira de enxamear, que por essa razão foi sujeita a uma abordagem diferente, prepara-se para produzir 25-30 kgs de mel.
Compacidade na postura de uma rainha de uma linha precoce (há quem lhes chame linha de enxameação). Estas, pelas suas características mais explosivas, precisam de ser drenadas de quadros com criação um pouco mais frequentemente. Este quadro foi transferido para uma colónia em produção. As linhas precoces a produzirem mel, ainda que indirectamente, pela grande quantidade de abelhas prestes a nascer que dão às colónias em modo de produção! Este quadro tem perto de 6 mil abelhas para nascer.
Tratar de forma igual o que é igual, tratar de forma diferente o que é diferente, é um principio orientador no maneio que vou fazendo por estes dias, assim como também noutras épocas do ano.
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