apivar provavelmente o melhor acaricida

De entre todos os acaricidas homologados em Portugal, o Apivar é provavelmente o melhor de entre eles.

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Fig. 1: Saquetas e tiras de Apivar

No caso dos acaricidas eles devem ser avaliados de acordo com um conjunto de critérios que sejam pertinentes. Na minha opinião os critérios a eleger devem ser:

  • segurança alimentar;
  • segurança para o aplicador;
  • baixo impacto na colónia de abelhas;
  • eficácia no controle da varroose;
  • facilidade de aplicação;
  • relação custo/benefício.

Relativamente à segurança alimentar estudos independentes e relatórios produzidos pelo Comité europeu para o uso de medicamentos veterinários são claros quanto a este ponto: a utilização do Apivar em colónias de abelhas antes, durante e após os fluxos de néctar não faz aumentar os níveis de amitraz e seus metabolitos para além dos limites estabelecidos (200µg por Kg de mel).

fontes principais:

  1. http://www.ema.europa.eu/docs/en_GB/document_library/Maximum_Residue_Limits_-_Report/2009/11/WC500010419.pdf
  2. https://hal.archives-ouvertes.fr/hal-00892290/document
  3. http://projectapism.org/wp-content/uploads/2013/06/Final-Report_Pettis-341.pdf

Relativamente à segurança para o aplicador, as tiras de Apivar não obrigam a medidas e equipamentos de protecção individual dedicados ou extraordinários. O aplicador deve ter cuidado para evitar contactar com as mãos nuas nas tiras, o que não é difícil de conseguir porque por hábito já utilizamos luvas no exercício do nosso maneio apícola.

Mesmo em contextos de longa exposição das abelhas, rainhas e larvas de abelhas às tiras de Apivar confirmou-se um baixo impacto na colónia.

fontes principais:

  1. http://scientificbeekeeping.com/

Relativamente à eficácia no controle da varroose do Apivar ela é elevada quando comparada com a eficácia de outros acaricidas disponíveis. Já anteriormente me referi à vantagem de manter as tiras de Apivar 10 a 12 semanas nas colmeias para aumentar e prolongar o seu efeito acaricida. Por outro lado o modo de acção do amitraz (princípio ativo das tiras de Apivar) no ambiente da colmeia parecem tornar mais difícil e/ou demorado o surgimento de varroas resistentes ao mesmo.

fontes principais:

  1. http://gdsa34.e-monsite.com/medias/files/apivar-presentation-produit.pdf
  2. http://www.revmedvet.com/2007/RMV158_283_290.pdf
  3. http://ecbiz193.inmotionhosting.com/~nodglo5/wp-content/uploads/2016/04/FNOSAD-2014-study-high-quality.pdf
  4. http://www.alsace.chambagri.fr/fileadmin/documents_alsace/INTERNET/elevage/flash_abeilles/Bilan_enquete_sur_les_pertes_hivernales_2014-2015.pdf

No que respeita à facilidade na aplicação, para além da grande simplicidade na colocação das tiras, quero referir dois aspectos a ter em consideração para uma melhor eficácia: as tiras de Apivar devem ser colocadas no interior da zona de criação e passadas 6 a 8 semanas devem ser ajustadas caso a zona de criação se tenha deslocado.

fontes principais:

  1. http://gdsa34.e-monsite.com/medias/files/apivar-presentation-produit.pdf
  2. http://www.apivar.co.nz/FAQs.htm

Finalmente a relação custo/benefício: sendo o tratamento eficaz, como tem provado ser, esta relação é muito positiva para o apicultor. No pior cenário serão gastos cerca de 10 € por colmeia (2 tratamentos a 5€ cada, custo que se vê substancialmente reduzido se comparticipado pelo PAN) e será mantido um efectivo que se avalia em 100 € (montante abaixo do actual valor de mercado de uma colónia de abelhas). Por outro lado é um tratamento que obriga apenas a duas viagens, custos que poderão ser minimizados facilmente se complementados com outras tarefas a realizar no apiário.

Mas como nada que o homem construa é perfeito, também o Apivar apresenta um calcanhar de Aquiles: sendo um tratamento de muito lenta libertação do princípio activo é de eficácia imprevisível quando colocado em colónias com um nível de infestação pelo ácaro varroa demasiado avançado.

fontes principais:

  1. http://www.alsace.chambagri.fr/fileadmin/documents_alsace/INTERNET/elevage/flash_abeilles/flash_ABEILLES-n_2-Decembre2011.pdf

Nota: naturalmente não me responsabilizo por qualquer resultado menos bom com a aplicação das tiras de Apivar. Pretendi manifestar a minha opinião com base no que conheço, suportado no que tenho lido e sustentado na minha experiência como apicultor. Cada um de nós é responsável pelo que decide e deve assumir os riscos dessa decisão.

5 comentários em “apivar provavelmente o melhor acaricida”

    1. O intervalo de segurança para o Apivar, e de acordo com as diretrizes da DGAV, é de zero dias. Este intervalo de segurança decorre das conclusões apresentadas neste relatório: http://www.ema.europa.eu/docs/en_GB/document_library/Maximum_Residue_Limits_-_Report/2009/11/WC500010419.pdf. Resumindo, o amitraz e seus metabolitos, encontrados no mel de colmeias tratadas com Apivar durante o fluxo de néctar, fica aquém do Limite Máximo de Resíduos de amitraz e seus metabolitos estabelecidos para o mel. O que digo está fundamentado em documentos produzidos e divulgados pelas entidades responsáveis pela homologação do mesmo. Para mim é suficiente. Tudo o que contrarie este sentido é fruto ou da ignorância, ou de preconceitos, ou de interesses ocultos, ou de uma utilização abusiva, deficientemente sustentada e deslocada do princípio de precaução. Cumprimentos Vitor.

  1. Eduardo,
    Quanto ao facto de ser de muito lenta libertação, estou em desacordo total. Observa a contagem de quedas da varroa entre o dia 1 e o dia 16 da aplicação e verás que daí em diante as quedas são práticamente negligenciáveis, tendo um efeito de não deixar apenas que ocorra re-infestação.

    É um dos tratamentos homologados, mas longe de poder ser catalogado como o melhor. É eficaz sobretudo em tempo frio (minha opinião apenas) e corroboro a tese de que nessa condição é preferível deixar atuar por 10 semanas.

    Outra questão prende-se com o aumento notável de eficiência se as tiras forem rachadas a meio e colocada 1/2 tira entre cada 2 quadros que contenham cria (minha opinião apenas e que se baseia na contagem de varroas dentro de cria operculada), sinal de que as abelhas não transferem tão bem o produto dentro da colmeia como nos levam a acreditar.

    Nota: Infelizmente não tenho tempo disponível para muitos testes, sobretudo durante o a altura do ano em que tenho mais varroas nas caixas. Mas nada me leva a crer de que a utilização consecutiva do mesmo produto/princípio ativo seja o correto.

    1. Olá Afonso!
      Gostaria de te felicitar por não seguires à letra as tuas convicções negativas, tão abundantemente expressas no teu blogue, acerca do amitraz para bem das tuas colmeias e tua também. A coisa mais estúpida que todos nós podemos fazer é mantermos a coerência nas ideias erradas que tivemos no passado.

      Acerca da lentidão de libertação: as tiras de Apivar libertam lentamente o amitraz tanto que passadas 12 semanas após a sua colocação continuam a matar varroas. Importa ter a lenta velocidade de libertação em consideração no caso de colmeias muito infestadas. Nestes casos as tiras de Apivar poderão não resolver o problema. Porquê? Sabemos que a libertação é lenta por informação do fabricante e também que a propagação é por contacto. Colónias em que as abelhas já nascem moribundas e deformadas pelo elevado nível de parasitação pelas varrroas e infecção pelos virús tarde e mal veiculam o amitraz entre si e restantes abelhas na colmeia. Ao contrário do fórmico, o amitraz não é veiculado no ambiente aéreo da colmeia, e o efeito acumulado destes dois mecanismos, taxa de libertação lenta e contacto diminuído entre as abelhas, atrasa e coloca em perigo a eficácia da sua utilização. O Apivar soluciona cerca de 40-60% destes casos. Os restantes são colmeias vivas-mortas, mesmo que tratadas com Apivar irão morrer passadas 3 a 4 semanas. Já vi isso nas minhas colmeias e já tive relatos no mesmo sentido por outros colegas, alguns dos quais chegaram erradamente a referir que tinham varroas resistentes ao amitraz.
      Se houver muitas varroas foréticas em cima das abelhas adultas naturalmente veremos muitas varroas mortas logo nos primeiros dias de aplicação. Se as pupas estiverem muito infestadas ainda veremos mais entre a 1ª e 2ª semana. O nascimento destas abelhas vai expor as 2 ou 3 varroas que com elas emergem debaixo do operculo. As varroas mortas após o dia 16, como tu referes, não são negligenciáveis. Todas as que continuam a ser mortas daí em diante fazem toda a diferença para podermos ter a confiança que o tratamento foi eficaz. Uma centena ou duas de varroas a mais ou a menos não é de negligenciar na época invernal como bem sabemos.

      Eu acho que é o melhor, ainda que como não os utilizei a todos, prudentemente tenha utilizado a palavra “provavelmente”. Mas este é um ponto que para mim tem pouca importância e como tal não te vou perguntar qual achas que é o melhor.

      Em tempo frio, com as abelhas a formarem o cacho invernal, o Apivar perde eficácia porque o contacto entre abelhas é mais reduzido. Recomendo que seja utilizado sempre que as temperaturas permitam o vôo das abelhas. Nestas condições é mais provável o contacto entre todas as abelhas, condição básica para o sucesso do tratamento.

      Conheço apicultores que como tu cortam as tiras ao meio. Até agora nunca senti a necessidade de o fazer. O timing adequado do tratamento é, na minha opinião, o factor crítico do sucesso ou insucesso do mesmo.

      A utilização consecutiva do amitraz durante 30 anos na Polónia não mostrou o surgimento de varroas resistentes. Em Portugal o Apivar utilizo-o desde que comecei, há 10 anos atrás, com rotação de dois em dois anos para outro produto por apenas um tratamento. Cada vez me parece mais eficaz. A razão está na melhor utilização que actualmente faço dele. Mesmo o melhor medicamento precisa de ser bem utilizado para dar tudo o que tem para dar.

      Abraço.

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