alguns pormenores do maneio numa época de fluxo intenso de néctar

Depois de 3 dias passados a trabalhar as colmeias que possuo nos dois apiários a cotas de 600m, voltei, hoje, ao que está a 900m de altitude. Comecei um pouco antes das 9.00h e terminei pouco depois das 12.00h.

Um dos três apiários que estão instalados neste terreno. Neste momento tem 21 colónias para uma capacidade de 40 colónias.

Uma vez que neste apiário o período de enxameação reprodutiva vai, habitualmente, da segunda/terceira semana de abril até à primeira/segunda semana de junho e porque estou a fazer uma pequena experiência com as grelhas excluidoras de rainhas, resolvi voltar a “mergulhar” nos ninhos das 21 colmeias. Acabei também a colocar mais algumas meias-alças em cima de algumas. Nas 21 colónias encontrei uma enxameada, que já estava “sinalizada a vermelho” da última inspecção no passado dia 25.

Anotações de aspectos críticos no tecto da colmeia.

Como tinha “arrefecido” esta colónia há 4 dias atrás, o enxame primário não parece ter levado os 50-75% das abelhas habituais nestes eventos.

Ninho da colónia enxameada com uma quantidade muito apreciável de abelhas.

Dado que estava bem povoada optei por dividi-la. Para tal fiz um desdobramento vertical com recurso ao tabuleiro divisor.

Tabuleiro divisor utilizado.
Ninho original depois de dividido. Orientei o alvado/entrada no sentido contrário.
A entrada do tabuleiro divisor ficou virada para o lado da entrada original e as abelhas campeiras começaram de imediato a utilizar esta nova entrada e a povoar o ninho/divisão superior.

Nas colónias com grelha excluidora de rainhas não me apercebi do mais pequeno indício de preparação de enxameação.

Colónia do modelo Lusitana com grelha excluidora de rainhas.
Os ninhos estão repletos de quadros desbloqueados que permitem a expressão da qualidade das rainhas de minha produção. “Minha” é uma força de expressão, porque procuro o mais possível deixá-las fazer o que tão bem fazem há milhões de anos: as suas abelhas-mãe.

Entre os diversos argumentos negativos relativos à utilização de grelhas excluidoras sobressaem estes dois: promove a enxameação e funcionam como excluidoras do armazenamento do néctar nas caixas que lhes estão sobrepostas. Acerca do primeiro argumento o que posso dizer é que tenho dúvidas que assim tenha que ser e estou a fazer um teste particular. Conto apresentar os resultados quando tiver mais dados, dentro de uma semana ou duas. Relativamente ao segundo argumento posso afirmar que nas minhas colónias e com as minhas abelhas as excluidoras não funcionam como uma barreira ao armazenamento de néctar nas caixas que lhes estão sobrepostas.

Visão de pormenor de um quadro, retirado de uma caixa colocada sobre uma grelha excluidora, com o néctar recente a brilhar nos alvéolos do quadro.

E, finalmente, imagens da colocação de mais algumas meias-alças com cera puxada, que permitirá acomodar o néctar deste fluxo abundante das marcavalas.

Colocação da segunda meia-alça.
Correndo normalmente e bem estas três colónias poderão produzir entre 160-180 kgs de mel para o apicultor. Ao dia de hoje a primeira meia-alça está praticamente cheia, a marcavala existente no campo deverá dar para encher a segunda meia alça. Lá para a terceira semana de junho começará o fluxo do castanheiro que deverá permitir encher mais duas meias-alças (15 kgs x 4 = 60 kgs). Trabalho não falta, para elas e para mim.

10 comentários em “alguns pormenores do maneio numa época de fluxo intenso de néctar”

  1. Caro Eduardo Parabéns pelo seu empenho e dedicação às Abelhas !
    Sou um apicultor autodidata ,comecei ao 18 anos, completamente sozinho ,numa zona onde se praticava apicultura “fixista “na Serra de Espinhal. Descobri uns velhos cortiços arrumados no palheiro dos meus avós e com grande curiosidade assim me iniciei nos caminhos da apicultura tradicional . Comprei uma colmeia ” langstroth ” no Sr Alberto da Silva Duarte e filhos e um pequeno livro do Eng.º Sequeira ” as abelhas” .
    Tudo isto para dizer que com um mestre como o Eduardo teria sido mais fácil ! Bem-haja !

    1. Obrigado Fernando pelas suas palavras. Ainda fui algumas vezes com o meu pai ao estabelecimento do Sr. Alberto da Silva Duarte, nos Olivais, Coimbra. Na altura o apicultor era o meu pai, eu apenas o acompanhava para o acompanhar e ajudar. Um abraço!

    1. Conto consigo Eduardo. Se ainda não subscreveu pode fazê-lo, assim como qualquer outro companheiro, para receber uma notificação automática sempre que publicar um novo post. Abraço.

  2. Boa tarde Eduardo, tambem tenho um apiario numa altitude de 750 metros, mas com o calor que está não tem entrado grande coisa. Aproveito para saber que estratégia usa para suportar o fato nestes dias de calor. Cumprimentos,Rodas.

    1. Boa tarde Manuel Rodas. A apicultura é mesmo muito local! Para me ajudar a suportar o calor o fato que utilizo permite-me trabalhar de tronco nú e com calções ou calças muito leves. Por acaso tenho uma breve referência e foto do fato na publicação “olá vera prima…” (comprei aqui: https://www.icko-apiculture.com/combiz-air-integral.html). As botas que comprei na Macmel são também relativamente frescas e, claro, uma ou mesmo duas garrafas de água de 1,5l para ir bebendo e entornando um pouco para ir refrescando. Por outro lado, julgo que aguento relativamente bem o calor, mas é muito subjectivo dizer isto, não tenho grandes dados para fazer comparações mais objectivas. Cumprimentos!

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