O Nuno Capela, investigador no Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, iniciou o ano passado um teste com vista a verificar a resistência natural ao ácaro Varroa num conjunto de 40 colónias de abelhas ibéricas.
Este teste está integrado numa linha de investigação internacional, com o objectivo de aplicar e testar protocolos simples e muito orgânicos de identificação de colónias resistentes e sua futura multiplicação. A inspiração deste protocolo tem raízes no trabalho de John Kefuss e no célebre lema “live and let die”, ou seja “não faças nada e espera para ver o que acontece”.
Em Fevereiro falámos e o Nuno colocou-me ao corrente do que desejava fazer e solicitou a minha orientação e guidelines para planear os desdobramentos. Colaborei com ele na planificação e linha temporal dos procedimentos a realizar com vista a passar das 20 colónias mãe que estavam disponíveis em março, para 80 até meados/finais de abril. Uma condição importante que tinha de ser respeitada era que as novas rainhas fossem criadas pelas colónias-mãe num estado de orfanação e de forma completamente orgânica, com um nível de intervenção mínimo. Indiquei-lhe os detalhes a respeitar para operacionalizar e concretizar estes objectivos e, ao mesmo tempo, conseguir produzir rainhas de qualidade neste contexto.
Em maio o objectivo tinha sido alcançados a um nível muito aceitável. Tínhamos cerca de 70 colónias filhas funcionais, 20 com as rainhas mãe originais e cerca de 50 com rainhas novas de boa qualidade. Destas, 40 foram integradas no projecto resistência e, desde essa altura, deixaram de ser tratadas contra a varroa.
Em setembro começam a surgir os primeiros colapsos neste grupo de 40. Em outubro, novembro e dezembro as colónias continuam a “cair”, consequência da varroa e viroses associadas.
No final do ano, das 40 inicias, 4 colónias estavam vivas. Na passada sexta-feira o Nuno e eu fomos ver essas e outras colónias do apiário experimental de Coimbra) e encontrámos 2 vivas. Uma com cerca de 5 a 6 quadros de abelhas e outra, que me deixou muito admirado, com 9 a 10 quadros de abelhas. Dadas as pobres condições metereológicas, não fizemos a revisão que gostaríamos a estas duas colónias, que foi adiada para uma próxima visita.
Neste momento temos duas sobreviventes, que poderão vir a ser mães de algumas dezenas de colmeias este ano. Temos uma certeza: este será o primeiro passo de uma caminhada muito interessante, atinja-se algo mais ou não, a caminhada por si já é muito estimulante. Mais, sabendo e estando apoiados num estudo recente que concluiu que os traços de resistência são herdados do lado materno, e que se conseguem melhorias significativas em duas ou três gerações, seguramente não perderemos a ilusão.


As fotos em baixo, tiradas na sexta-feira, são de uma das duas colónias que colapsou nestes últimos dias. O cenário habitual, que muito nos custa observar, com a excepção de que desta vez estas vítimas poderão contribuir para algo maior e melhor.



Parabens!! Eu sem saber nada de apicultura iniciei com colmeias TopBar e nao lhes faço tratamentos quimicos. Dos 10 enxames que me chegaram em marco de2024… por enxameaçao espontanea tenho 3 caixas com abelhas. Uma… sem rainha(?) 2 com posturas o que me leva a pensar que serao as “resistentes”. Em Março darei mais noticias
Muito obrigado Rosa Gomes. Fica com o “canal aberto” para nos dizer como está a evoluir a situação nas suas colónias TopBar. Um abraço.
Parabéns👌
Trabalho muito interessante e necessário.
Força
Agradecemos (o Nuno e eu) as palavras de encorajamento. Um abraço Eduardo!