a abóbada de mel: manipulação de quadros com vista a prevenir a enxameação

Demaree, Snelgrove e Walt Wright serão as principais referências do meu maneio nos próximos dois a três meses, o período da pré-enxameação e da enxameação neste território.

Walt Wright, com quem cheguei a dialogar algumas vezes no BeeSource, terá sido o apicultor que, nas últimas décadas, mais se atreveu a pensar “fora da caixa”, de forma muito corajosa, o fenómeno da enxameação em abelhas melíferas. Entre outros aspectos do seu pensamento, dou particular atenção às reflexões e descrições que fez relativamente ao conjunto de sinais da preparação da enxameação, onde se destaca o backfilling, assim como a importância que atribui à abóbada de mel enquanto determinante da pressão e timing da enxameação. A este propósito ele escreveu: “Suspeitamos que a expansão da criação até à abóbada com reservas de mel operculado desencadeia a preparação da enxameação…” Walt Wright, Nectar Management, Principles and Practices (pg. 37, manual não publicado, disponibilizado pela família após sua morte).

Foto tirada ontem, 01-03, de um quadro do modelo Lusitana, com uma abóbada de mel operculado no topo.

Aceitando que as abelhas tomam como indicador de que encheram e completaram o ninho quando a mancha de criação atinge as abóbadas de mel operculado, e aceitando também que uma das formas mais eficaz e expedita de atrasar, diminuir ou mesmo eliminar o impulso de enxameação passa por fazer crer ao enxame, que o ninho não está completamente utilizado, concluído, nem constringido, de que modo estas ideias influenciam o meu maneio? Sempre que me é possível — considerando com cuidado as reservas de mel presentes — descontinuo de forma gradual esta abóbada por substituição destes quadros por quadros o mais possível vazios — como o da foto em baixo. Os quadros com abóbadas de mel transfiro-os para as colmeias armazém ou utilizo-os para fazer equalização de colónias menos desenvolvidas.

Quadro vazio armazenado em casa, com pequenas áreas com bolor no canto superior esquerdo e no canto inferior direito.
Este quadro (modelo lusitana), porque sem abóbada de mel operculado, permaneceu no ninho.
Este quadro (de um núcleo do modelo Lusitana), com uma abóbada de mel descontinua, deixar-me-ía na dúvida se tivesse que decidir deixá-lo ou tirá-lo de um ninho de uma colónia com 10 quadros e prematuramente forte.

Um detalhe: o quadro em baixo é o quadro adjacente ao quadro em cima. Reparar na similitude entre a forma geométrica formada pela mancha de criação operculada — foto em cima — e a formada pela mancha de pão-de-abelha.

Se tivesse que resumir a mensagem-chave desta publicação — assim como a da publicação precedente — diria que estas senhoras (abelhas) não saem de casa (enxameiam) antes de a ter devidamente organizada, arrumada e com a despensa cheia. Eu irei gradualmente, pouco a pouco, ao longo dos próximos três meses introduzindo alguma desarrumação, esperando ter o tempo e o talento para não pecar por excesso nem pecar por defeito.

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