Num quadro de alça do modelo Langstroth existem alvéolos suficientes para produzir 3500 ou mais abelhas por cada lado do quadro, ou 7000 abelhas adultas por quadro. Na colmeia Lusitana os números chegam a ser um pouco superiores.
Fig 1: Quadro Langstroth bem fornecido com cria operculada
Um quadro repleto com cria, de canto a canto, fornece ao apicultor uma ferramenta de grande valor na gestão/maneio de colónias de um apiário. A transferência de quadros de cria fechada/operculada das colónias mais fortes paras as colónias menos fortes, cerca de 40 dias antes de um fluxo de néctar importante, permite-nos gerir um apiário para alcançar maior uniformidade entre as colónias. A equalização permite que as colmeias mais fracas adquiram a massa crítica de abelhas suficiente para se tornarem produtivas e, muitas vezes, reduz a pressão para a enxameação na colmeia doadora. As colónias mais fracas recebem quadros repletos com cria operculada das colónias fortes. As colónias fortes recebem quadros com cria aberta e ovos das colónias mais fracas. Desta forma, reforçamos as colónias mais fracas, adicionando cria que irá eclodir em breve e que não necessita ser alimentada. Sabemos que a nutrição de larvas é um processo duro e desgastante para as abelhas, especialmente nas colónias menos fortes com menos abelhas nutrizes. As colónias fortes não são enfraquecidas porque recebem quadros com ovos e larvas. Por outro lado, estas colónias fortes apresentam melhor condições para nutrir a cria aberta, criar abelhas melhor nutridas e mais saudáveis. Simultaneamente a cria aberta contribui para diminuir a pulsão para enxamearem, dado que a feromona libertada pela cria aberta contribui para dissuadir as abelhas de enxamearem.
Fig. 2: A cria aberta contribui para dissuadir as abelhas de enxamearem
Com este maneio simples conseguimos atingir vários objectivos numa só visita ao apiário, representando uma grande economia na carga de trabalho e nas deslocações, a par com a maximização da produtividade e a minimização de custos e riscos pelas razões em baixo discriminadas:
- estimulamos colónias mais fracas sem ter de recorrer ao xarope 1:1, diminuindo custos e riscos;
- a colmeia receptora recebe cria bem alimentada e saudável, diminuindo riscos sanitários e aumentando a produtividade;
- “arrefecemos” colónias prematuramente fortes e que poderiam enxamear à entrada do fluxo de néctar, aumentando a sua produtividade;
- aumentamos a diversidade de sub-famílias (abelhas filhas de pais e mães diferentes) nas colónias, diversidade esta que está associada a melhores respostas contra os patogeneos, diminuindo riscos sanitários.
Ola, muito bom tópico, obrigado pela dica, uma duvida nessa transferência de quadros , sempre com as abelhas aderentes aos respetivos quadros, certo? Mais uma vez obrigado. Bom ano.
Olá José
Obrigado pela sua questão. Em princípio não será necessário transferir abelhas aderentes. Veja que cada colónia dá um quadro por cada um que recebe. As abelhas que nutriam e aqueciam o quadro dado passarão a nutrir e aquecer o quadro que recebem. Na dúvida podemos transferir com as abelhas aderentes, especialmente o quadro que sai da colónia mais forte para a colónia menos forte. Lembro que apenas devemos transferir quadros entre colónias que não tenham doenças na criação. Bom Ano Novo!
Sigo de perto o seu Blog. Obrigado.
Bom ano 2017
Bom Ano, Luís. Estendo este desejo a todos.
Um ano com saúde e que todos nós cheguemos aos nossos objectivos.