uma arma revolucionariamente simples contra a vespa velutina

Como muitos de nós sabem, por um saber de experiência feito, a apicultura quando levada seriamente é uma atividade muito exigente no que respeita à carga de trabalho a ela inerente. Por essa razão procuro, e julgo que procuramos todos nós, soluções simples, rápidas e que tenham uma elevada eficácia na resolução dos diversos problemas com os quais nos vamos confrontando.

Um dos problemas mais atuais em alguns países europeus e também em várias regiões de Portugal chama-se Vespa Velutina (também conhecida por Vespa asiática ou Vespa das patas amarelas). Ora nas minhas deambulações pela net encontrei aqui uma solução para eliminar pelo menos uma parte das Vespas Velutinas rainhas (também conhecidas por “fundadoras”).

A bandeja coletora de Vespas Velutinas rainhas

Um apicultor francês, Denis Jaffré, apicultor na Finisterra francesa e co-presidente da Associação Anti Vespa Asiática, descobriu uma forma inteligente para acabar com o pesadelo. “Em 2014, eu perdi seis colmeias, mas descobri o culpado no outono: dois enormes ninhos de vespa asiática, previamente escondida pelas folhas, e que estavam empoleirados nas árvores situadas num raio de 200 metros meu apiário “, diz ele. No ano seguinte, este apicultor decidiu utilizar pela primeira vez a “bandeja coletora” de Vespas Velutinas rainhas. É um dispositivo simples e eficaz que atrai e elimina as rainhas na primavera, antes de formarem uma nova colónia.

Um atrativo poderoso

O resultado é eloquente: “entre o início de março, quando elas saem da hibernação, e no final de junho, eu capturei 13 rainhas, o que me permitiu impedir a criação de 3 a 4 ninhos no meu ambiente imediato e lamentar a predação nas minhas colmeias “, diz este apicultor. O princípio é o de atrair estas jovens rainhas usando um poderoso atrativo: mel cristalizado colhido no outono, amalgamado com cera de uma colmeia saudável (para evitar a propagação de pragas, como loque americana). Denis Jaffré coloca este atrativo numa bandeja de metal grande (60 x 70 cm no mínimo) que é colocada sobre cavaletes. O conjunto é colocado em campo aberto, mas protegido da chuva, num local bem iluminado, garantindo que o sol não derreta o isco.

Esfomeadas por alimentos ricos em açucares

“No final do inverno e toda a primavera, as rainhas sentem uma bulimia por alimentos açucarados”, explica ele. “As rainhas nesta época do ano procuram avidamente acumular reservas de energia necessárias para a atividade reprodutiva no futuro próximo. Mel com cera misturada liberta aromas que atraem todas as fêmeas dentro que eu acho que cerca de 1,5 km”. “A captura é realizada no momento da visita diária com um frasco de boca larga com uma tampa (ver aqui vídeo exemplificativo), ou com um pau de espeto revestidos com cola (ver aqui vídeo exemplificativo) ou com um pequeno aspirador (ver aqui vídeo exemplificativo). Não há risco de ser picado “nesta época do ano, as rainhas jovens só pensam em comida e não são agressivas” garante Denis Jaffré. Além disso, ao contrário de um aprisionamento convencional, a bandeja coletora de rainhas é muito seletiva: não são eliminados as rainhas dos abelhões, vespas ou vespas europeias (inofensiva para as abelhas) para não mencionar as abelhas campeiras atraídas também pelo cheiro perfumado do mel e cera.

“Simples, eficaz, seletivo e limpo”

A última vantagem deste método revolucionário: não custa nada – o seu inventor (vespavelutinabzh@orange.fr) fornece o seu parecer gratuitamente — e é para todos: indivíduos, mas também as comunidades. “Os investigadores continuam a procurar e eu descubro num ano um truque simples, eficiente, seletivo e orgânico”, diz ele sarcasticamente. Segundo ele, a destruição de ninhos custa cerca de 300.000 euros por ano e por departamento, uma soma de 20-30 milhões de euros em todo o país. Tudo em vão, porque, ano após ano, a vespa asiática continua a proliferar …”

Quanto a nós, por cá, é pôr mãos à obra porque uma boa velutina é uma velutina morta, sobretudo se ela for uma rainha.

17 comentários em “uma arma revolucionariamente simples contra a vespa velutina”

  1. Boa tarde, à semelhança do que já nos vem habituando, mais um bom artigo, resultante de uma boa pesquisa. Obrigado pela partilha e tradução.
    Continuação de bom trabalho.
    Saudações apicolas.
    Luis Moreira

  2. Não considero a arma perfeita, porque para isso é preciso uma coisa que quaze ninguem tem que é ‘tempo’! Para o ano na primavera vou fazer varias armadilhas, e todos os dias dou uma escapadela, se cairem velutinas morrem, o resto solto!!

  3. a partir deste tabuleiro é possivel transforma-lo em armadilha, colocando uma rede que deixe entrar e sair as abelhas e entradas tipo gargalo de garrafa para a vespa entrar. só assim poderá ser eficaz, senão só está a alimentar as vespas.

    cumprimentos

    Vieira

  4. Viera eu tb pensei em algo parecido, que era fazer armadilhas com garrafas e abrir furos para as nossas abelhas sairem! Mas o problema são as vespas cabro, que são maiores que as asiaticas!

  5. F.alves 13/11/2017
    Caros amigos, quanto a apanhar rainhas em Fevereiroo usei a garrafa de plástico,e o isco o vinho branco, a cerveja, e a groselha.
    Apanhei 80 rainhas isto em Braga.
    Para a vespa em Agosto posso informar o seguinte,com um camaroeiro aumentei-lhe a rede para 40cm de comprimento para apanhar a vespa e dar meia volta com a mão para a rede dobrar e a vespa não fugir,a seguir virar a vespa de barriga para cima e com um pincel muito fino untar a barriga com gordura de porco,de maneira que não unte as asas,com outro pincel igual ao anterior untar com frontline e solta-la,ela vai direta ao ninho para as outras a limparem e fazem o envenenamento do ninho.resultado primeiro dia mandei 150,segundo dia 47,terceiro dia 12,daí para a frente 2a3 por dia ocha lá que tenha resolvido o problema,para o ano que vem vou continuar para ver se foi coincidência ou se fez mesmo o efeito desejado,boa apicultura.

  6. Boa Tarde Eduardo,
    O método Que o sr. Alves descreve pode ser um pau com dois bicos, e porquê ?
    Se a vespa untada não for para o ninho, e tentar apanhar uma abelha, a probabilidade de essa abelha escapar a vespa e muito grande, (porque esta untada com banha,) como a vespa esta untada com o veneno, essa abelha levará o veneno para dentro da colmeia, em consequência, matando a colmeia.
    Tenho relato de colegas que tiveram muitas baixas nos apiarios devido a este método.
    O método que estamos a usar é parecido, só que em vez de untarmos, damos de beber a vespa, uma a duas gotas de uma mistura de groselha, açúcar e Frontline em dose certa, para que a vespa tenho tempo para chegar ao vespeiro,(entre vinte a trinta minutos)
    Abraço Dino.

    1. Bom dia, Dino!
      Agradeço a chamada de atenção para prováveis danos colaterais.
      Faço um apelo mais à tua generosidade no sentido de detalhares o mais possível a técnica que utilizes na “construção” dos cavalos de troia que referes e com uma baixa probabilidade de apresentarem danos colaterais.

  7. Olá Eduardo.
    A técnica que utilizamos é simples, apanhamos as vespas com um camaroeiro, depois seguramos a vespa com a mão,( como se faz para marcarmos uma mestra), mas com cuidado para que elas não nos piquem, porque a picada e bem forte, e eu que o diga,
    Em seguida com o conta gotas, colocamos em frente da vespa, apertamos ligeiramente a membrana do conta gotas, para que a pequena gota saia do tubo, e damos de beber,( notasse a olho nu o prazer com que elas “mamam” o produto).
    Uma a duas gotas são suficientes, não mais, porque se for mais elas ficam pesadas e não conseguem voar.
    Quando tivermos a fazer este trabalho, temos que ter o cuidado em ter uma pano húmido, para limparmos o produto que porventura deixarmos cair. Para alem do pano temos de ter o cuidado de fixarmos bem o frasco do produto para não tombar.
    Nós utilizamos uma caixa de esferovite de transporte de peixe, na qual abrimos um orifício bem justo para colocar o frasco o conta gotas e o pano.
    Utilizamos esta caixa como mesa de trabalho, e temos que ter o cuidado de estar sempre limpa para que as nossas abelhas não toquem neste produto, (MUITA ATENÇÃO)
    O produto é feito com:
    15 mililitros de groselha.
    4 gotas de Eliminall, ou frontline. ( Nós utilizamos o Eliminall porque é mais barato)
    1 colher de café de açúcar, (ou 1/4 de pacote de açúcar dos pequenos)
    Agitamos bem e o produto esta pronto a utilizar.

    Nota: Há pessoas que têm medo de apanharem as vespas, podem utilizar uma pinça mas com cuidado para não apertarem demasiado as vespas.
    Depois de dar o produto as vespa, colocamos as vespas em cima da nossa mesa de trabalho até elas irem embora.
    Temos que tratar o máximo de vespas e por vários dias, pois podemos ter vários ninhos por perto.
    Este método é o que temos utilizado ultimamente e os resultados são animadores, reparamos que em uma semana de tratamento, o fluxo de vespas diminuiu drasticamente.
    P.S Se fizermos bem este trabalho e com responsabilidade, não temos o perigo de envenenar as nossas colmeias.
    Um abraço.

    1. Muito obrigado Dino!
      Se no próximo ano as velutinas chegarem aos meus apiários terei muito gosto em dar-lhes este “cálice de licor” que tão bem detalhas em cima.
      Um abraço.

    1. Não fica claro para mim a que método se refere: o do post ou o dos comentários? Seja um ou outro não lhe consigo responder baseado na minha experiência porque ainda não experimentei nenhum dos dois uma vez que as velutinas ainda não chegaram aos locais onde os meus apiários estão instalados. Creio, no entanto, que o primeiro método será útil se o projectarmos para funcionar como local para atrair velutinas onde poderemos rapidamente fazer a sua colheita para darmos seguimento à estratégia referida nos comentários.

  8. Boa noite,
    Não sou apicultor mas tenho tido aparecimento de, creio eu, diversas vespas asiaticas, na zona do Douro (rio Tedo no limite dos concelhos de Armamar e Tabuaço). As fotografias que vi nos sites que encontrei fazem-me crer ser “asiáticas”.
    Aparecem, com mais assiduidade, à noite, a porta de casa quando as luzes exteriores estão acesas. Todas as noites encontro 5 ou 6.
    Curiosamente parecem-me já meias tontas e até à data ninguém da família foi “mordido”.
    Alguém me sabe dizer onde é mais frequente aparecerem os “ninhos”? Tenho receio de estar algures no telhado de casa…
    Obrigado,

    1. Bom dia, Luís!
      Desculpe a demora na resposta. Inclino-me mais para a vespa crabro, por aparecerem à noite. Tanto quanto sei a asiática não tem por hábito voar à noite, ao contrário da prima crabro. Julgo que tanto uma espécie como outra podem nidificar nos telhados das habitações. As vespas crabro nidificam mais frequentemente nos buracos em troncos de árvores e as asiáticas nidificam mais frequentemente nos exterior, nas ramagens altas das árvores.

  9. Sr Bernardino, fiquei com a “pulga atras da orelha” e, gostaria de saber qual a dosagem do Eliminall/Frontline que usa ou seja para que peso. Agradecia e, acho que é uma excelente dica que merece ser divulgada no meio dos apicultores. Obrigado pela partilha…

    1. Bom dia, Felismina! São batalhas difíceis onde nem sempre saímos vencedores. A velutina é um predador muito bem preparado e as armas que temos ao nosso dispor ainda são rudimentares, por enquanto. As harpas têm dado bons resultados segundo relatos de vários apicultores. Boa sorte!

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