Roger Patterson tem uma reflexão muito interessante no www.dave-cushman.net acerca da prolificidade de certas raças de abelhas. Como é seu hábito, acrescento eu!
Ele começa por dar o significado de uma rainha prolífera: aquela que tem uma taxa elevada de ovodeposição/postura; não significa uma colónia vigorosa como alguns podem pensar.
Neste domínio ele distingue três raças de abelhas: as abelhas italianas (A.m. Ligustica), raça muito prolífera durante todo o ano; as carniolas (A.m. Carnica) muito prolíferas na primavera e verão; e, finalmente, a abelha negra (A.m. Mellifera) muito adaptada a invernos e verões imprevisíveis. Estas últimas são abelhas autóctones no Reino Unido e Irlanda.
Acerca das rainhas prolíferas R. Paterson faz a seguinte análise:
- Em geral são de cor amarela (abelhas italianas)
- Irão manter a postura durante o inverno. A varroa continuará a crescer nesta época do ano.
- As abelhas italianas necessitam 2,5 vezes mais reservas que as menos prolíferas.
- Em períodos de más condições climatéricas continuam a postura convertendo as reservas em criação desnecessária.
- A fome é um problema mais frequente em colónia com rainhas proliferas.
- Necessitam maiores áreas para a postura, ou seja colmeias de maiores dimensões ou mais caixas para o ninho.
- A mudança anual ou bi-anual de rainhas faz sentido com estas rainhas que se esgotam mais rapidamente.
Fig. 1 — Rainha amarela e sua corte
Acerca das rainhas não-prolíferas R. Paterson faz a seguinte análise:
- Em geral são rainhas negras.
- As rainhas negras vivem mais tempo, porque não se desgastam tão rapidamente e também por outras razões mais complexas.
- Em geral as abelhas negras vivem mais tempo (cerca de 50% mais).
- Em geral dão uma colheita razoável, sem ter que as alimentar tão abundantemente.
- São abelhas mais frugais.
- Como consomem menos podem ser mantidas mais colónias no mesmo local/apiário. O mel será armazenado nas alças meleiras, em vez de ser convertido em criação.
- Geralmente têm reservas no ninho, portanto a fome é muito improvável quando as alças meleiras são retiradas e crestadas.
- Colónias mais pequenas significa menos trabalho.
Fig. 2 — Rainha negra e sua corte
Roger Patterson termina com esta reflexão ou chamada de atenção: “Como em muitas outras coisas no domínio da apicultura a prolificidade das rainhas que mantemos é uma questão de escolha pessoal. Está muito bem desde que a escolha tenha sido ponderada e não baseada em informação incompleta.”
fonte: http://www.dave-cushman.net/bee/prolificacy.html
Por cá a nossa abelha ibérica é um híbrido natural, com uma forte ancestralidade que a liga à abelha negra. Não me parece nada desajustado dizer que a nossa abelha se aproxima em grande medida das características da sua ancestral, a abelha negra e se distancia das características da abelha amarela italiana. Alguns gostam que assim seja, outros detestam.