Encontrar um ponto de equilíbrio ou compromisso entre colónias bem povoadas (40-45 mil abelhas) antes e durante um fluxo importante de néctar, colónias capazes de produzir um excedente de mel para o apicultor e, simultaneamente, evitar que enxameiem no início/durante esse fluxo é um dos desafios mais exigentes que encontrei na apicultura.
A prevenção da enxameação, isto é, evitar que a colónia produza mestreiros de enxameação, é posta em prática pelos apicultores por intermédio de variadas técnicas, entre as quais:
- em colónias com dois ninhos, inversão quadro a quadro ou inversão à caixa;
- checkerboarding (W. Wright);
- regra “não mais de 6”;
- drenar quadros com criação fechada e/ou abelhas amas para colónias mais atrasadas;
- expandir/abrir o ninho, com quadros puxados vazios ou com ceras laminadas;
- colocar atempadamente as primeiras meias alças com ceras puxadas;
- colocar um quadro de meia alça no ninho;
- no início de fluxo, retirar do ninho alguns quadros com largas abóbadas de mel e pólen;
- retirar quadros com criação operculada e substituí-los por quadros com ovos e criação não operculada;
- trocar colónias de lugar;
- …
Todas estas técnicas apresentam um ponto comum, de acordo com a minha percepção: visam criar nas abelhas/colónia uma “sensação” de que a sua casa ainda não está acabada ou completa, que ainda há mais alguma coisa para fazer. Ou têm cera para puxar no ninho, ou o sobreninho está vazio, ou a população de abelhas amas ainda é pequena, ou há um número apreciável de ovos para eclodir e larvas para alimentar, ou o mel/néctar armazenado é pouco face ao espaço disponível nas meias alças, ou…
Resumidamente, estas técnicas visam aproveitar um comportamento das colónias bem enraizado por milhares de anos de evolução: enxamear/ reproduzir-se sempre que atinjam um conjunto de condições óptimas em casa. Condições que garantam o melhor possível a sobrevivência de todas as abelhas, não só as que partem mas também as que ficam na colmeia, assim como das novas gerações de abelhas a nascer e da futura rainha, que permanecerão naquela colmeia durante os duros meses de escassez que virão pela frente.
Ao apicultor, e na medida do que lhe for possível e respeitando a vida do enxame, cabe o papel de ir desarrumando um pouco a casa durante a época de enxameação reprodutiva. Este modo de agir visa prevenir o mais possível a enxameação. Deste esforço para atingir o equilíbrio e o compromisso, colónias populosas e que não enxameiem, resulta uma apicultura mais rentável e um sentimento de competência e de trabalho bem feito, aspectos extremamente gratificantes e motivadores.
Bela postagem…
Obrigado pela reflexão. A dificuldade está em diferenciar os mestreiros de enxameacao e os mestreiros de renovação de rainha. Se os primeiros são de evitar os segundos são bem vindos. Tem alguma forma de distinguir as duas situações? Abraço
Filipe, estava convencido de que já tinha feito uma publicação acerca de como distinguir os três tipos de mestreiros para aqui linkar. Como não encontro essa publicação, é um excelente tópico para uma publicação em breve. Um abraço.