PolyVar yellow®: avaliação da eficácia e segurança por um estudo independente

Foi recentemente homologado em Portugal, pela DGAV, um novo tratamento contra o varroa com a designação comercial  PolyVar yellow®. Para os menos familiarizados com este novo tratamento fica em baixo um vídeo acerca do mesmo. Aproveito o ensejo para colocar a tradução do primeiro estudo controlado independente que conheço acerca deste produto. Termino este post com algumas breves reflexões.

O vídeo 

O estudo

Avaliação da eficácia e segurança da Flumetrina 275 mg em tiras para entrada de colmeias (PolyVar Yellow®) contra o Varroa destructor em colónias de abelhas de mel infestadas naturalmente num estudo controlado

Um estudo controlado e parcialmente cego foi realizado para avaliar a segurança e eficácia do tratamento com 275 mg de flumetrina 275 por colmeia veiculada pelas tiras PolyVar yellow® (Bayer) no tratamento de final de verão / outono contra infestação com Varroa destructor em colónias de abelhas. Trinta colónias receberam o produto teste (PolyVar yellow® ) aplicado como um “portão” na entrada da colmeia durante 116 dias, outras um produto de controle positivo (flumetrina em tiras, Bayvarol®) durante 42 dias ou permaneceram sem tratamento como controle negativo. No dia 117, um tratamento de acompanhamento com coumafos em solução (Perizin®) foi aplicada a todas os três grupos. Para a avaliação da eficácia, os ácaros mortos foram contados com frequência durante 2 semanas após aplicação do tratamento de acompanhamento. Para a avaliação da segurança do tratamento as abelhas mortas foram coletadas durante todo o período de tratamento e acompanhamento por armadilhas de abelhas mortas e vários exames às colónias foram conduzidos até ao verão seguinte. A eficácia do produto aqui testadado (PolyVar yellow®) contra Varroa foi claramente demonstrado com uma redução de 99,9% de ácaros relativamente ao grupo de controle negativo (p = 0,0008). A sobrevida de colónias tratadas com o produto de teste ou o produto de controle positivo foi de 80% e 90%, respectivamente, enquanto a sobrevivência no grupo controle negativo foi de apenas 30%. Um número significativamente menor de abelhas mortas foi observado nos grupos tratados em comparação com controle negativo. Além disso, não há diferenças no desenvolvimento das colónias observados entre os grupos que foram considerados clinicamente relevantes. Assim, a flumetrina 275 mg em tiras colocadas na entrada das colmeia foi confirmado ser um tratamento eficaz e seguro para varroose em abelhas de mel causadas por Varroa destructor sensíveis à flumetrina.

Fonte: https://www.wur.nl/upload_mm/a/b/8/51a1a2b2-3e32-422e-82f3-a5d5eeb11a4c_Blacqui-re_et_al-2017-Parasitology_Research.pdf

Reflexões

  • Mais estudos controlados serão desejáveis, sobretudo em zonas com climas diferentes;
  • Será imprudente, no mínimo, os apicultores desdenharem desta nova modalidade de tratamento com flumetrina, baseados somente nos maus resultados que tiveram com o Bayvarol. Estamos em presença de um novo veículo e de uma quantidade substancialmente superior de flumetrina (3,6 mg por tira de Bayvarol contra 275 mg por tira de PolyVar Yellow);
  • Qual a eficácia deste novo tratamento em zonas fortemente predadas pela velutina, onde o movimento de entrada e saída de abelhas forrageadoras se encontra bastante reduzido nos períodos de final de verão/início de outono?
  • Será imprudente, no mínimo, desdenhar deste novo tratamento levantando o fantasma/papão dos resíduos no mel sem dados confiáveis, medidos e devidamente controlados. Qual é a quantidade de resíduos encontrada no mel e qual é o LMR (Limite máximo de resíduos) para a flumetrina no mel quando aplicado este tratamento? Se alguém tiver resposta, se a DGAV tiver resposta, agradeço que me enviem esses dados para poder completar este post.

2 comentários em “PolyVar yellow®: avaliação da eficácia e segurança por um estudo independente”

  1. Olá Eduardo,
    Porque escolheram este tratamento e não o aluencap ?
    O aluencap não será mais biológico?
    Ou será mais uma vez o dinheiro a falar mais alto.
    Simplesmente, uma vergonha.

    1. Olá Dino. O AluenCap deverá ser considerado um tratamento biológico dado que utiliza o ácido oxálico e o PolyVar utiliza a flumetrina um composto de síntese, não considerado por tal um tratamento enquadrável na categoria dos biológicos. A DGAV, tanto quanto me foi dito, não escolhe os tratamentos. Recebe propostas de homologação enviadas pelas empresas fabricantes e toma uma decisão acerca de cada proposta enviada. Neste caso suponho que o fabricante argentino do AluenCap não tenha submetido ainda essa proposta de homologação à DGAV. Ainda que talvez não faça parte dos procedimentos habituais da DGAV, esta poderia estimular o fabricante do AluenCAP a apresentar a referida proposta de homologação dadas as virtudes que esse tratamento apresenta, como já defendido por mim anteriormente. Abraço.

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