O mel de melada (também designado mel do bosque) provém de um líquido açucarado secretado por insetos, como os pulgões/afídeos, que sugam a seiva de certas plantas/árvores. Este líquido açucarado é, por seu turno, coletado pelas abelhas nos afídeos ou directamente nas plantas e árvores e depois convertido em mel de cor escura com reflexos avermelhados à contraluz, malteado no palato e muito denso ou de viscosidade forte. Este mel de melada é também conhecido como mel do bosque ou mel de floresta e pode ter origens diversas, tendo como ponto comum ser um mel não-floral, ou como outros indicam um mel extra-floral. Algumas variedades são nomeadas de acordo com a fonte vegetal a partir do qual as abelhas recolhem a melada (por exemplo o famoso e valorizado mel de “sapin” francês, que pessoalmente acho muito semelhante ao mel de azinheira que produzo).
A composição, propriedades e benefícios do mel de melada são diferentes das que habitualmente encontramos no mel derivado do néctar das flores.
Em geral os méis de melada não cristalizam devido ao menor teor de glicose e contém uma alta concentração de minerais, uma característica identitária destes méis. Possuem um sabor forte amadeirado e persistente na boca. Apresentam uma cor escura, um menor aroma e são uma solução altamente viscosa muito pegajosa ao toque.
As principais diferenças entre o mel de néctar floral e o mel de melada são:
- Composição: os méis de melada contêm um elevado teor de sais minerais, açúcares complexos tais como rafinose e melezitose e aminoácidos.
- Sabor e cor: é de cor escura e menos doce em comparação com o mel de flores.
- A cristalização: a presença de açúcares complexos impede a cristalização. Em geral o alto teor de frutose em relação com a glicose e menor quantidade de água impede a cristalização deste tipo de mel.
Contudo a melada de carvalho e azinheira (a mais comuns no nosso país), ao contrário de outras variedades de mel derivadas de melada, fica cristalizada muito facilmente formando cristais grandes e firmes, é um mel de cor escura, com um aroma intenso e sabor malteado (a mim lembra-me bastante a cerveja preta).
As condições climáticas mais propícias à produção deste tipo de mel não se verificaram este ano na zona dos meus apiários. Faltaram as névoas matinais e maior fresquidão e em seu lugar tive/tivemos dias tórridos e sem humidade no ar, que se instalaram em especial a partir do final de Junho.
Estranhamente, o mel de melada não é considerado um bom alimento de inverno para as abelhas, porque pode ser bastante elevado em cinzas, a principal causa de disenteria nas abelhas. Os apicultores muitas vezes removem o mel de melada das suas colmeias antes do início do inverno .
No que respeita ao mercado, o mel de melada é geralmente um pouco mais valorizado nos mercados internacionais, sobretudo no centro e norte da europa, quando comparado com a generalidade dos méis mais claros. A razão pode estar no facto de apresentarem uma condutividade eléctrica maior, o que pode facilitar o trabalho dos grandes grossistas na sua homogeneização e mistura com outros lotes de méis.
A terminar uma dica para quem desejar produzir estes méis: tenham preparados quadros com cera limpa e já puxada para colocar nas alças meleiras, pois na altura das meladas (Julho a Setembro) as abelhas têm já muita dificuldade em puxar cera.
Bom dia,
Gostei bastante do seu blog. Espero um dia destes puder ajuda-lo no que se refere à utilização de MV.
Atenciosamente, M
E a condutividade eléctrica também é diferente
Exactamente Alexandre. Se não estou em erro é a condutividade que permite distinguir os meis de melada. A condutividade elétrica legislada para o mel de melada (substância açucarada natural produzida pelas abelhas da espécie Apis mellifera a partir de secreções de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas), mel de flores de castanheiro e mistura desses méis é de 0,8 mS.cm-1, no mínimo, e para os restantes méis ou sua mistura é de 0,8 mS.cm-1, no máximo . Este parâmetro está intimamente relacionado com a concentração de sais minerais, ácidos orgânicos e proteínas, apresentando uma grande variabilidade de acordo com a origem floral.