novas tecnologias na apicultura: uma opinião e uma reflexão

Deixo em baixo uma opinião do apicultor J.F. sobre um dispositivo tecnológico que apareceu recentemente no mercado e sua visão sobre a introdução de tecnologias em determinados sectores agrícolas e sua comparação com o sector apícola. A terminar apresento a minha reflexão.

Uma patente comercial foi recentemente emitida com base na “intenção de uso” para a “JANUS HIVESENTRY” para a Maine Biosensors LLC, portanto, mais uma esperança que entra no mercado, baterias não incluídas.

O sensor Janus.

Não há vida útil mais curta do que os muitos flashes das empresas de “tecnologia para colmeias”. A verdade básica é que os apicultores estão entre os clientes mais forretas de toda a agricultura e gastarão US $ 10 na tentativa de economizar US $ 5.
Os produtores de leite têm espalhadores de estrume que dispensam quantidades precisas de fertilizante para cada metro quadrado de terra localizado no GPS, calibrados para dados de humidade e vegetação coletados por satélites apenas para melhorar a produção de feno para alimentar suas vacas, enquanto a maioria dos apicultores ainda lutam com a mudança de “gerir pelo calendário” para “gerir pelas mudanças sazonais” (mais quente, mais cedo), e a maioria nem sequer consegue manter um simples caderno com anotações do que observa e faz.

A apicultura permanece essencialmente inalterada desde a época de Langstroth, excepto pelo impacto de doenças exóticas invasivas e pragas perpetradas na agricultura pelo “Comércio Mundial”. Eu vejo isso como uma coisa boa, semelhante ao tiro ao alvo com meu Fausti, uma espingarda quase idêntica à Benelli que meu avô usava. Coisas que são um prazer nem sempre se tornam mais prazerosas com o acréscimo de tecnologia, e tenho sido privilegiado com a apicultura que continua sendo um prazer.” J.F. (Bee-L, 07-12-2021)

Nota: este ponto de vista, não coincide totalmente com o meu ponto de vista. Contudo entendo-o, na medida que uma parte do prazer que retiro da minha apicultura está associado ao desafio, e sua superação, que encontro na avaliação regular que faço das minhas colónias. Mais, associado a esta vontade de avaliar está o prazer em obter a resposta para o “suspense” que cada colmeia por abrir representa. Se um conjunto de sensores deste e daquele tipo, instalados fora e dentro da colmeia, fizerem esta avaliação por mim, temo que a minha apicultura perda a componente cognitiva mais complexa e estimulante, a de avaliar. Perderia também um aspecto lúdico muito intenso e prazeroso, o do “suspense antes de abrir”. Temo que a minha apicultura passasse a ser predominantemente uma actividade psico-motora, isto é, tirar e colocar coisas na colmeia. Contudo, dispositivos que meçam com rigor os acontecimentos da colónia, por ex. a taxa de infestação por varroa a cada semana/quinzena, ou outros aspectos, dispositivos que me forneçam dados inteligíveis, que me permitam calibrar/ajustar as minhas intervenções poupar-me-ia dinheiro, tempo e esforço. Não estou certo se os adoptaria e não estou certo que lhes viraria as costas. Muito provavelmente compraria alguns e faria os meus ensaios-piloto. E avaliaria.

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