mortalidade de colónias de abelhas nos EUA: que relação com o maneio

Esta palestra dada por Dennis van Engelsdorp, entomólogo e Director do Projecto “Bee Informed Partnership”, dá-nos a conhecer um conjunto de dados e correlações entre opções de maneio e sobrevivência vs. mortalidade de colónias de abelhas. Estes dados foram recolhidos por inquérito aos apicultores dos EUA e ao longo dos últimos anos. Dennis van Engelsdorp apresenta um conjunto de fenómenos que se têm repetido ao longo destes anos em circunstâncias semelhantes. No seu entender esta repetição ajuda a definir tendências e, em última instância, a estabelecer algumas relações fortes e fiáveis entre a sobrevivência ou a morte de uma colónia de abelhas e o maneio levado a cabo pelo apicultor. Não esquecendo que “para cada problema complexo existe uma resposta que é clara, simples… e errada.”

Pontos que destaco:

  • maior perda de colónias durante a primavera e verão que no outono/inverno no último ano inquirido;
  • por ano os apicultores profissionais perdem menos colmeias (cerca de 20%) que os apicultores não-profissionais nos EUA (cerca de 45%);
  • cerca de 60% dos apicultores nos EUA não realiza tratamentos contra a varroa (a maior parte são apicultores não-profissionais);
  • 3 ácaros por 100 abelhas adultas justificam o início do tratamento (ver também aqui);
  • tratar com 5 ácaros por 100 abelhas pode ser tarde demais para algumas colónias (ver também aqui);
  • os ácaros são vectores de transmissão horizontal de virús entre abelhas, aspecto que se julga estar a aumentar a sua virulência;
  • tipicamente atingem-se picos de infestação nos meses de setembro e outubro;
  • apesar dos tratamentos terem sido efectuados nas colmeias, a infestação pode subir enormemente no mês de setembro/outubro devido à transferência de varroas de colónias de apiários vizinhos que estão a colapsar com varroose;
  •  o amitraz,  fórmico e o oxálico são os produtos mais eficazes no controlo dos ácaros;
  • quem alimenta com açucar ou pasta de açucar perde menos colónias do que quem não alimenta;
  • quem alimenta com quadros com mel provenientes das colmeias colapsadas perde mais colónias do que quem não o faz;
  • alimentar com proteínas no outono ou na primavera é uma boa prática;
  • mudar mais de 50% dos quadros do ninho por ano tem um impacto negativo nas colónias;
  • mudar 1 ou 2 quadros do ninho por ano é melhor do que não mudar nenhum;
  • colónias iniciadas partir de pacotes de abelhas apresentam a pior taxa de sobrevivência;
  •  colónias iniciadas por divisão/desdobramento de colónias existentes apresentam a melhor taxa de sobrevivência;
  • quem substituiu as rainhas no ano anterior apresenta menor taxa de mortalidade do que quem não o fez.

Vários dos aspectos destacados nesta apresentação já foram abordados neste blogue. Ainda que a realidade portuguesa seja em parte diferente da norte-americana, muitas das conclusões e pontos destacados têm servido e continuarão a servir-me de orientação no meu maneio. E o resultado tem sido muito positivo até agora (ver aqui e aqui)

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