importação de linhas exóticas de abelhas: o ponto de vista de Randy Oliver

Fica em baixo bem claro o ponto de vista de Randy Oliver, provavelmente o mais prestigiado apicultor norte-americano da actualidade, no que respeita à introdução de linhas exóticas de abelhas em locais onde milenares forças e pressões selectivas foram moldando uma abelha nativa… como na Península Ibérica e/ou na Península Itálica (ver aqui os que os italianos estão a fazer para preservar a sua abelha nativa).


Fig. 1: Randy Oliver (scientificbeekeeping.com)

“[…] há muito que refiro que os genes de cada população local de abelhas continua na geração seguinte.

Isto significa que a qualquer ser humano, como os apicultores, não devia ser permitido estragar o que milhares de anos de seleção natural definiram. Os apicultores são tolos por pensar que a erva do vizinho é mais verde, e que tem o direito de sobrecarregar populações de abelhas extremamente valiosas e localmente adaptadas com versões McDonalds de abelhas que não conseguem sobreviver sozinhas. Eu apoio totalmente as restrições às importações de linhas exóticas se as raças nativas forem ameaçadas por hibridações descontroladas. Ao contrário de outros animais domesticados, não podemos cercar as abelhas importadas e impedi-las de se cruzarem com as populações nativas. As ações de um importador de abelhas exóticas não podem ser controladas e têm o potencial de estragar aspectos adaptativo que levaram milhares de anos a desenvolver-se.

Nos continentes em que as abelhas melíferas não são nativas, é uma história diferente, já que não existem raças nativas ameaçadas. Assim, nós cruzámos uma enorme variedade de subespécies neste país [EUA] e, em seguida, selecionámos certas estirpes para uma produção profissional/comercial. Mas foi claramente mostrado que estas estirpes são incapazes de persistir sem o apoio humano (dados de Magnus). No nosso continente pode-se argumentar que não é um problema, uma vez que não é uma espécie nativa.

Mas os apicultores que desejem criar abelhas nativas, que podem ser imunes/mais resistentes à toxicidade da flora local, ou a um parasita em particular, ou exibir melhor capacidade de invernar, não podem estar dependentes de um qualquer Tom, Dick ou Harry com vontade de despejar um monte de bonitas abelhas amarelas, incapazes de sobreviver por conta própria e colocá-las logo ali ao lado dos locais de acasalamento das abelhas nativas.

A arrogância humana tende a esquecer a pressão evolutiva e adaptação de longo prazo. Eu penso que falamos de “propriedade ilusória de direitos”, devemos lembrar-nos que a natureza ultrapassa em muito o curto tempo de nossa vida, e que os nossos descendentes podem depois criticar-nos pelos danos que fizemos devido à nossa miopia.”

fonte: Randy Oliver, Grass Valley, CA, [BEE-L em 16-02-2019]

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