É sabido que a enxameação reprodutiva é precedida por preparações que se iniciam 2 a 4 semanas antes de ocorrer. A construção de novos cálices reais é o primeiro sinal visível da preparação para a enxameação — nesta altura as abelhas constroem 10 a 20 na maioria dos casos, podendo chegar até 40-50.
Fig. 1 — Dois cálices reais
Com a deposição de ovos nestes cálices reais, a fase de criação das novas rainhas arranca, e o processo da enxameação está iniciado. Em média são construídas entre 15 a 25 realeiras. As colónias enxameiam habitualmente no mesmo dia, ou no dia seguinte à operculação da primeira realeira. Para conhecer os factores que induzem a enxameação há portanto que conhecer quais são os factores que induzem a criação de realeiras.
Fig. 2 — O fundo dos quadros é o local mais escolhido pelas abelhas para criarem as inúmeras realeiras de enxameação
Na base da enxameação reprodutiva encontramos factores intrínsecos (de natureza demográfica) e factores extrínsecos (abundância de recursos/alimento) que impulsionam as abelhas a iniciar a criação de novas rainhas.
Os estímulos básicos de natureza demográfica, e importa realçar que não operem isoladamente nem de forma independente, são:
- dimensão da colónia;
- congestionamento do ninho;
- distribuição desequilibrada da idade das obreiras;
- transferência reduzida das feromonas da rainha.
A abundância de recursos influencia directamente os três primeiros factores, sendo considerado, por essa razão, o estímulo primeiro da criação de realeiras, logo da enxameação. O apicultor dificilmente conseguirá manipular este factor, e suspeito até que o deseje. Há portanto que incidir a nossa acção sobre os factores de natureza demográfica. Sobre estes temos possibilidade de fazer alguma diferença. Realço que a intervenção do apicultor terá tanto maior eficácia quanto mais os efeitos da sua acção forem de largo espectro, ou seja, tenham um impacto no redimensionamento da colónia e em simultâneos no descongestionamento do ninho e também no re-equilíbrio na distribuição da idade das obreiras. Fácil de dizer, mais difícil de fazer. Contudo, sempre possível.
Vamos abordar estes factores de forma mais detalhada e chegar ao desenho de estratégias de intervenção para melhor prevenir a enxameação. Só bem compreendidos estes factores estaremos capazes de aumentar a eficiência e a eficácia dos nossos procedimentos. Consciente, contudo, que a enxameação zero não é um objectivo razoável, ou sequer desejável numa perspectiva de longo prazo.
Como já disse alguém, a teoria sem a prática é inútil, mas a prática sem a teoria é cega.
Venho dar-lhe os parabéns e agradecer-lhe esta iniciativa. Trata-se de um excelente blogue que vai ser apreciado com certeza por muitos apicultores. Pela minha parte estou agradavelmente surpreendido pela qualidade da escrita, pela qualidade dos conteúdos e pela pertinência dos temas. Espero sinceramente que não perca o “fôlego”.
Muito obrigado.
Muito obrigado pelas suas palavras Alberto.
Os comentários que tenho recebido até agora, de todos os que tão amavelmente decidiram fazer publicamente a sua apreciação deste blog, contribuem e muito para manter a minha motivação para escrever sobre as abelhas e sobre o exercício da apicultura.
Um abraço!
Boa noite Eduardo!
Acho que para compreendermos a questão da enxameação te faltou falar sobre a predisposição genética da rainha para a enxameação. Pois já me aconteceram casos em que as condições da colónia estavam todas reunidas e a época era propicia e a rainha pura e simplesmente não punha ovos nas realeiras que as obreiras construiam para o efeito.
Casos tive também que ainda a colónia não preenchia totalmente o ninho e já esta se preparava para enxamear.
Contudo reconheço que esta temática tem muito para discutir e todos temos os nossos métodos de prevenir a enxameação.
Cumprimentos
Hugo Martins
Sim, tens toda a razão Hugo. Para além da genética também a idade das rainhas irá ser referida.
Pretendo vir a falar sobre estes aspectos mais adiante.
A minha opção foi concentrar-me, para já, nos factores demográficos e contextuais que induzem a enxameação.
Um abraço!
Quero desde já agradecer este blog está muito explícito e de certeza ajudará muito apicultor, na parte da enxameacao queria abordar um ponto a enxamecao depende de vários factores manuseamento, genética entre outras mas eu pergunto o sítio do apiário neste caso a zona onde está implantado o apiário nao sera um dos principais factores … E que tenho um apiário que é uma miséria a enxamiar já mudei a genética das abelhas desse apiário volta ao mesmo o manuseamento e igual aos meus outros apiários
Viva Alves!
Uma causa possível para o que relata pode estar no facto deste apiário estar num local menos ventilado. Se assim for, colocar estrados ventilados/sanitários ou fazer um furo nas alças meleiras poderá ajudar a circulação do ar no interior da colmeia. Retirar totalmente ou parcialmente a tampa do óculo das pranchetas é uma medida que poderá tomar também.
Realmente o sítio tem essas características 2017 vou estar atento a essa situação e ventilar mais as colmeias agradeço desde já ☺
Porque diz que a inexistência de enxameação não é desejável, pergunto isto porque nos últimos dois,três anos tenho conseguido evitar que as minhas colmeias enxameiem já que as desdobrado todos os anos.
Bom dia, Daniel! A razão dessa afirmação tem um enquadramento mais largo que não explicitei neste post. De forma sucinta, estava a pensar nos apicultores que adquirem abelhas de linhas exóticas que são vendidas com o rótulo que não enxameiam.