O apicultor que deseja viver da produção de mel das suas abelhas é melhor ignorar as teorias daqueles que dizem que as abelhas não costumam enxamear; que não enxameiam se lhes dermos muito espaço, etc. Todo o apicultor experiente sabe que enxameiam com alguma frequência. O apicultor que é eficaz no seu trabalho com as abelhas tem bem interiorizado que na época da enxameação não deve confiar, sem mais, que uma colónia forte, saudável, que ainda não tenha enxameado, não o poderá vir a fazer.
Fig. 1 — Enxame de abelhas pendurado no ramo de uma árvore
Podemos esperar que em colónias com abelhas bem-nutridas a enxameação não deverá ultrapassar os 15%. Mas em certos anos, independentemente dos métodos de prevenção da enxameação utilizados, da raça de abelhas em causa, a enxameação poderá ultrapassar esta percentagem. Noutros anos a enxameação será mais baixa, ainda que as abelhas sejam de uma linha mais propensa a enxamearem, ou mesmo que o maneio das colónias tenha sido incompetente.
Realizar vistorias regulares às colmeias com intervalos não superiores a 8 dias é um plano que tenho seguido nestes anos e na época da enxameação reprodutiva. O intervalo de 8 dias é determinado pela biologia da abelha. De um ovo de primeiro dia ao nascimento da rainha virgem vão 15 a 16 dias e desde que o alvéolo real é selado ou fechado, vão apenas 8 dias.
Em regra inspecções com esta regularidade permite-me identificar colmeias que estando na emergência de enxamearem, fenómeno facilmente verificável através das inúmeras realeiras abertas e fechadas presentes nos quadros, ainda não o fizeram.
Fig.2 — Realeiras de enxameação na zona lateral e no fundo dos quadros
Nesta circunstância o que habitualmente faço é dividir a colmeia em dois ou mais núcleos, de acordo com a população de abelhas. A rainha é colocada num núcleo ou mesmo numa nova colmeia, com um a dois quadros com criação e um a dois quadros com reservas de mel e pólen e levada para outro apiário. Ao proceder assim satisfizemos a pulsão reprodutiva daquela colónia: foi dividida, demos-lhe uma nova casa e demos-lhe um novo local. Na colónia filha, que fica no lugar da colmeia mãe, deixamos ficar apenas 2 a 3 realeiras bem formadas. Geralmente estas colónias dão-nos grandes alegrias no ano seguinte, com rainhas muito prolíferas capazes de fazer crescer muito e rapidamente a população da colónia. Em algumas situações em que deseje sangue de outra genética, destruo todas as realeiras e introduzo um quadro contendo ovos e larvas, retirado de uma colmeia selecionada pelas suas boas características. Passados os oito dias volto a inspeccionar para destruir as realeiras em excesso e/ou com menos bom aspecto.
São técnicas muito simples (não me atrevo a dizer que são as melhores), e que me permitem agir de uma forma muito orgânica, num momento crítico da vida da colmeia, momento em que prefiro deixar às abelhas o trabalho de fazerem, e fazerem bem melhor do que eu, o que fazem há muitos milhões de anos.
Num outro post falarei sobre as técnicas que utilizo para prevenir a enxameação, que utilizo com antecipação, com o objectivo de ter que recorrer o menos possível ao controlo da enxameação, esta uma medida de emergência e de último recurso.
Olá Eduardo.
Como me pedistes, vou escrever o maneio que utilizo para evitar a enxameação.
Aqui na zona como já referi, a enxameação acontece em Março Abril, mas a febre já começa antes, mais ou menos um mês,
Depois de dias frios de Janeiro, o tempo começa aquecer , é nesta altura que as abelhas acarretam quantidades grandes de pólen, chegando a bloquear alguns quadros do ninho.
Como as colmeias estão cheias de abelhas novas, produtoras de cera, começam a construir favos em todos os espaços que encontram, altura, em começam a construir os tais ditos copos para realeiras.
O maneio que faço é simples, mas um pouco trabalhoso, porque coincide com altura em que as colmeias, se encontram com três, quatro ou mais alças de mel:
Como faço:
Retiro um ou dois quadros de mel do ninho, geralmente os encostados as laterais, (os chamados tijolos), e coloco quadros novos com cera laminada, a seguir ao ultimo quadro de criação.
Em seguida coloco, uma meia alça em cima do ninho com cera laminada.
Depois torno a colocar as alças com mel.
É este maneio que utilizo, tenho tido resultados razoáveis.
Mas é como digo, na apicultura dois mais dois nunca são quatro.
PS. Os quadros que retiro do ninho, ou faço uma pequena cresta ou coloco em alças de ninho em cima das colmeias que tem menos alças.
Abraço para todos.
Olá amigo. Uma pergunta. Essas revisões de 8 em 8 dias não prejudicam a colônia? Sempre ouço que “abrir demais a colmeia não é bom”. Estou fazendo o mesmo. Tenho poucas colmeias e já me deparei com realeiras neste fim de inverno aqui no sul do Brasil. Sei que a colônia demora algumas horas para se reorganizarem depois de uma revisão completa. E essas revisões de 8 em 8 dias teria algum impacto a longo prazo na colônia? Você percebeu algo? Desde já meu obrigado, sou iniciante na apicultura e ando a colher opiniões e conselhos dos mais experientes.
Boa tarde Anderson
Quando estas revisões são feitas durante o período de enxameação, para controlar ou prevenir este fenómeno, não me parecem prejudiciais, são necessárias do ponto de vista do apicultor e de uma apicultura produtiva e rentável.
Pois é, estou a fazer revisões a cada oito dias e está tudo ocorrendo normalmente, estou encontrando e destruindo realeiras e desubistruindo o ninho. Na última revisão na hora em que cheguei no apiário uma colmeia estava enxameando, abri ela e lá estava os quadros sem postura do dia e algumas realeiras abertas e fechadas. Mas faz parte a colônia ainda está forte.