por Moledo: escolher e multiplicar a partir das colónias que nos agradam

Ontem, fiz cerca de 400 kms (ida e regresso) para fazer uma visita técnica a dois apiários localizados num território lindíssimo, em Moledo. Foram cerca de 4 h de viagem mais 7 horas de trabalho nos apiários, mas quem corre por gosto de ajudar, partilhar técnicas e conhecimentos no terreno, ao lado dos apicultores, aprender todos os dias com os matizes e diferenças, decorrentes da diversidade dos territórios que percorre e do ajustamento local, quer das abelhas quer dos companheiros apicultores, não arrasta os pés ao iniciar estas longas jornadas.

O território

Fui recebido e acompanhado pelo Sr. José Maria, que cuida com uma motivação extrema das colmeias de seu filho e nora, o Bruno e a Elisabete, que trabalham e vivem na Suiça e que conheci através das sessões Zoom que ministro.

O primeiro apiário, mais próximo da malha urbana

O primeiro apiário é um misto de colónias estabelecidas, enxames passados recentemente de núcleos para colmeias e núcleos resultado dos desdobramentos efectuados pelo Sr. José Maria até à data.

Neste apiário abrimos várias colónias, mas centremo-nos na torre com 7 meias-alças, na qual já tinham sido retirados quadros e abelhas, nos meses anteriores à minha visita, para prevenir a enxameação (e prevenir a enxameação é uma coisa muito diferente de controlar a enxameação, como esclareci os companheiros que frequentarem a sessão zoom correspondente).

Esta colónia tem várias características que me agradaram muito:

  • é um enxame que foi adquirido a um apicultor local, e este aspecto é muito valorizado por mim. Cada vez mais observo que os enxames e rainhas que os meus clientes adquirem de proveniência local são, por regra, muito interessantes ;
  • tendo uma taxa de infestação elevada (um pouco acima de 9%) a colónia não apresentava sintomas visíveis das viroses habituais — sinal de tolerância aos patógenos?;
  • abelhas muito calmas e colónia produtiva acima da média (fiquei a saber quem é criador/fornecedor local que passarei a recomendar a apicultores meus clientes naquela zona do país).
Expliquei e exemplifiquei os procedimentos para fazer a testagem da infestação em abelhas adultas. Lavagem de abelhas da colmeia torre, depois de localizada a rainha e marcada.

Dada a elevada infestação, esta foi uma das várias colónias onde apliquei o protocolo de tratamento inovador, para que o meu cliente o apreendesse na totalidade, com a exemplificação que fiz no terreno.

Abrimos mais algumas colónias, avaliámos a sua taxa de infestação, marcámos mais algumas rainhas, ajustámos alguns quadros nos ninhos, colocámos uma ou duas grelhas excludentes, ajustámos alguns quadros nas meias-alças.

Depois do almoço foi tempo de visitar o segundo apiário, localizado num território de montanha (com o mar logo ali em baixo!) por onde andámos cerca de 4h30 “non stop”.

O apiário no território… magnífico!

Abrimos diversas colónias, localizámos e marcámos várias rainhas, avaliámos taxas de infestação de varroa e observámos que 3 delas estavam em momentos diferentes do processo de enxameação: uma colónia já enxameada com uma rainha virgem a passear num quadro; duas colónias com mestreiros de enxameação a poucas horas de enxamearem — o comportamento das abelhas e a delgadez das rainhas assim o anunciava. Estas duas colónias foram trabalhadas de acordo com os procedimentos que recomendo utilizar nestas circunstâncias nas sessões Zoom que ministrei acerca da Prevenção, Controlo da enxameação e Desdobramentos. No final da intervenção os meus clientes tinham 7 núcleos mais, cujas abelhas e rainhas, hoje ou amanhã, estariam penduradas em algum tojo ali em frente e depois partiriam sabe-se lá para onde.

Um dos desdobramentos, com menos abelhas por razões óbvias para quem conhece o meu sistema de intervenção nestes casos.
5 núcleos que seguiram para o outro apiário, localizado a cerca de 5 km de distância.
Uma das colónias onde aproveitámos os mestreiros de enxameação, com cerca de 30 kgs de mel nas meias-alças.
Um dos mestreiros

Com o acordo do cliente, porque esta colónia mãe lhe agrada, decidimos fazer colónias filhas. Em rigor não fizemos selecção nenhuma, fizemos uma escolha: multiplicar uma colónia que agrada pelas suas características observáveis: colónia produtiva, abelhas com bom comportamento nos quadros e sem sinais visíveis de doenças na criação.

É sobre este lema, multiplicar a partir da escolha das colónias que mais nos agradam, que se fundará a próxima sessão Zoom a 2 de maio, Criação de rainhas por métodos orgânicos. A escolha das melhores/as que nos agradam não é selecção genética, esse é outro campeonato. Alguns enchem a boca com esse “meme” (selecção genética) mas não lhes é conhecido nenhum programa devidamente planeado e controlado. Estamos com Anselmo Martz, quando nas saudosas conferências organizadas pelo João Tomé, referiu que as melhores abelhas provavelmente já estão no nosso apiário.

Este é o curso para quem não quer ou não consegue fazer translarve, e que quer escolher a partir do melhor que tem no seu apiário para aumentar o seu efectivo, de forma relativamente controlada, sem ter de andar a espalhar caixas isco pelos terrenos circundantes ou andar pendurado em árvores a apanhar garfas. Não é um curso contra ninguém, é um curso a favor das abelhas e dos seus diversos produtos, em particular da sua enorme capacidade para produzir rainhas de qualidade em circunstâncias naturais.

Se desejar frequentar esta sessão, já no próximo dia 2 de maio, envie por favor e-mail para jejgomes@gmail.com

swarm cells make the absolute best queens (os alvéolos reais de enxameação produzem as melhores rainhas de todas)

Neste pequeno vídeo de 2 minutos, Bob Binnie um dos apicultores mais respeitados dos Estados Unidos diz de forma lapidar “swarm cells make the absolute best queens” (os alvéolos reais de enxameação produzem as melhores rainhas de todas).

Por cá, quando refiro o mesmo vejo cada vez mais apicultores a interiorizarem esta mesma verdade. Também é verdade que um reduzido número continua a expressar o seu ódio, inveja, mentiras e ofendidismo sempre que abordo o assunto… mas significa que alguma coisa estarei a fazer e a dizer bem. Para uma apicultura integral, sem tabus, diversa e sem dogmas ignorantes!

Os fundamentos (provenientes de artigos com qualidade científica!) sobre a melhor qualidade destas rainhas, a linha de tempo das acções necessário cumprir para as aproveitar serão apresentados na sessão Zoom do próximo dia 2 de maio, com início às 21h30. Com o bónus de ficarem a conhecer os meus os procedimentos e etapas de intervenção para produzir rainhas de emergência com boa qualidade. Se desejar inscrever-se envie e-mail para: jejgomes@gmail.com

Uma nota a terminar: o Bob Binnie é produtor de rainhas por translarve. Isto diz muito acerca dele, da sua grandiosidade enquanto apicultor e Homem. Reconhecer honesta e humildemente que as abelhas continuam a ser capazes de fazer tão bem, e melhor até, ainda não é para uns poucos, é verdade!

no terreno, ao lado dos apicultores, com resultados para apresentar

Nos últimos 3 meses as minhas visitas em serviço técnico de apoio aos apicultores levaram-me a percorrer diversos locais do país. Tenho regressado a apiários a que já não ía há vários meses, resultado da dificuldade de conjugar 3 condicionantes para acertar um dia para a visita, as condições metereológicas, a agenda do meu cliente e a minha agenda. Tenho continuado a dar assistência com periodicidade semanal/quinzenal a clientes com apiários nas proximidades de Coimbra. Tenho ido a apiários pela primeira vez, resultantes do contacto que estabeleci com esses apicultores através das muitas e preenchidas sessões Zoom que tenho levado a cabo nos últimos 3 meses.

Uma coisa tem sido comum nestas visitas: a hospitalidade, simpatia com que tenho sido recebido, junto com a vontade de evoluir e fazer melhor que anima quem solicita os meus serviços.

Deixo em baixo um conjunto de fotos que fui tirando nestas duas últimas semanas de locais, apiários e colónias de abelhas.

Aos meus clientes e aos leitores deste blogue desejo uma Páscoa Feliz!

Torre de Moncorvo, uma vila com uma zona histórica muito cuidada, na companhia de Luís Ferreira, que me recebeu de forma extremamente hospitaleira, e um apicultor com uma energia admirável.
Num dos apiários da Quinta da Machada, que visito muito regularmente, e que multiplicou por 5 o seu efectivo e alcançou a mortalidade zero por varroa nos últimos 8 meses. A foto é de 10 núcleos onde foram introduzidos, por minha orientação, mestreiros criados por translarve.
Um apicultor que me pede anonimato, que com 3 visitas consecutivas mais que duplicou o seu efectivo.
Um apicultor que me pede anonimato, que com 3 visitas consecutivas triplicou o seu efectivo e baixou significativamente as taxas de infestação por varroa nas suas 5 colónias iniciais.
O Paulo, apicultor que conheci através das sessões de Zoom que ministrei, e que está a fazer um muito bom trabalho com as suas colónias e a aperfeiçoar competências no controlo da varroose.

Um apicultor nas proximidades de Marco de Canavezes que me pede anonimato, com bons conhecimentos apícolas, e que solicita com alguma regularidade as minhas visitas para trocarmos impressões. Aprendemos os dois, óptimo!
Um apicultor nas proximidades de Pombal, que me pediu para fazer uma avaliação das condições sanitárias nas suas colónias. Surgiram alguns casos complicados. Não fosse a chuva das últimas semanas e a coordenação das nossas agendas, já teríamos iniciado o processo de resolução destes casos.
Com o Nuno Capela, no apoio aos seus apiários experimentais, e atingimos o crescimento do efectivo destes apiários em cerca de 300%, muito graças a muito trabalho de monitorização e à aplicação de um protocolo inovador de tratamento da varroa que trazia na minha “mala de ferramentas”. As amostras visíveis na foto foram recolhidas de forma sistemática, avaliadas por terceiras pessoas, já tenho na minha posse os dados que divulgarei em breve e que confirmam os que fui recolhendo até agora. Não, não é um tratamento milagroso, nunca o afirmei (esta e outras mentiras sobre o que de facto faço, digo e escrevo serão clarificadas noutro momento), é um tratamento que tem revelado uma consistência nos resultados que nunca tinha observado. Em breve haverá novidades sobre esta ferramenta seja por Zoom seja presencial, onde me convidarem a ir.

Aos novos clientes onde não consegui ir por dificuldades de agendamento e/ou por condições metereológicas adversas, falaremos depois da Páscoa. Por uma apicultura de proximidade e com retorno visível!

criação de rainhas por métodos orgânicos

Quais as melhores rainhas e os melhores métodos para produzir rainhas de grande qualidade? esta é uma questão candente que anima acalorados debates, com argumentos e experiências esgrimidas por uns e por outros, debates estes com posições irredutíveis frequentes, que convém dizer são muitas das vezes “contaminados” por interesses comerciais óbvios e/ou, pura e simplesmente, pela mais despudorada ignorância acerca de aspectos básicos do comportamento dos enxames e da biologia dos indivíduos que os formam.

Felizmente há ciência e estudos controlados que nos ajudam a fazer luz onde a escuridão teima em reinar.

E é para estes estudos, assim como para as minhas observações e reflexões com uma década e meia enquanto apicultor a tempo inteiro e enquanto formador e consultor apícola também a tempo inteiro, com as botas no terreno e espírito livre, sem fazer qualquer concessão a este ou aquele interesse comercial ou amiguismos que enviezam e torcem a realidade factual, que abrirei novamente o livro numa sessão Zoom sobre a “Criação de rainhas por métodos orgânicos”.

O objectivo é que produzam rainhas de grande qualidade, de forma simples e orgânica. Abro esta oportunidade no próximo dia 2 de maio, com uma sessão via Zoom, a iniciar às 21h30, que lhe permite aprender e informar-se no conforto de sua casa, de forma económica e com retorno absolutamente garantido.

Os interessados deverão enviar e-mail para jejgomes@gmail.com

Venha conhecer as conclusões surpreendentes deste estudo comparativo, acerca da qualidade das rainhas produzidas pelo método convencional de translarve, pelo método abreviado de translarve e pela orfanação súbita com criação de rainhas de emergência. Forme as suas opiniões e atitudes e dirija as suas opções de maneio sustentado em conclusões e orientações fundamentadas. Para uma apicultura informada e fundamentada!

uma manhã em território aveirense

Hoje de manhã estive no apiário de um apicultor da zona de Aveiro, formando do meu curso Zoom “Controlo efectivo da Varroose” que quis, e bem, validar as suas aprendizagens no terreno e comigo ao seu lado.

Entre outras tarefas:

  • fizemos a testagem da taxa de infestação por lavagem de abelhas adultas;
  • marcámos rainhas;
  • organizámos os ninhos de várias colmeias;
  • criámos um núcleo;
  • aplicámos um dos protocolos inovadores da minha “caixa sanitária” numa das colmeias, que apresentava abelhas com asas deformadas e 8% de infestação.

O enquadramento do apiário

A marcação

Os dados

A cera… que as abelhas parece não gostarem

um apiário salvo: os dados sujos que estragam os pressupostos dos peritos escolásticos

Nesta publicação referi-me a um apiário salvo pelo conhecimento e pelo trabalho duro suportado nesse conhecimento.

Neste mesmo apiário e no passado dia 1 de abril, foi mais um dia de trabalho exaustivo, com as botas no terreno, a recolher dados, a equalizar colónias para uma linha de investigação que vai ser iniciada nos próximos dias e a fazer novos enxames.

Avaliámos as taxas de infestação, medidas em abelhas adultas por lavagem de 300 abelhas em álcool etílico a 96%, de todas as 18 colónias ali estacionadas. Tenho fotos dos resultados recolhidos em todas as colónias, e apresento algumas nesta publicação. A taxa máxima de infestação encontrada foi de 1,3% (4 varroas) e a mínima foi zero. A maioria das colónias tinha a infestação entre 0% e 0.3% (1 varroa), quando há cerca de 45 dias a maioria tinha algumas abelhas com asas deformadas e taxas acima de 10%.

Uma parte das ferramentas utilizadas.
A 14 de fevereiro esta colónia foi submetida ao protocolo inovador de tratamento. No dia 1 a infestação medida estava nos 0%.
A 25 de fevereiro esta colónia foi submetida ao protocolo inovador de tratamento. No dia 1 a infestação medida estava nos 0,6%.
Foram recolhidos amostras de abelhas e de favo com criação de zângão nas colónias para posterior análise em laboratório.
Numa colónia de outro apiário, o mesmo resultado. O protocolo inovador foi aplicado no dia 5 de fevereiro. No dia 24 de março, a monitorização em criação de zângão deu uma bola. Passados quase dois meses o início do protocolo, com duas aplicações (a 5 e 14 de fevereiro) a taxa de infestação é de 0,3%.

Colmeias que a 14 de fevereiro estavam a caminho da perdição, um mês e meio depois estão como as fotos em baixo ilustram, tendo já dado abelhas e criação para fazer 28 núcleos como as fotos em baixo também ilustram.

Abelhas e muitas abelhas para “nascer”.
Colmeia doadora de abelhas e criação para os núcleos feitos no dia 1 de abril.
Colmeia doadora de abelhas e criação para os núcleos feitos no dia 1 de abril.
Muito espaço que as rainhas não desprezaram.
Mais abelhas…
Um dos núcleos… e mais abelhas.
Sim… mais do mesmo.

Com as botas no terreno, a fazer aquilo que os “especialistas” que não sabem o que estou a fazer dizem que é impossível fazer o que estou a fazer. É divertida a natureza humana… “mas a terra move-se” como disse Galileu, apesar dos teóricos escolásticos da altura dizerem que era impossível a terra rodar em torno do sol!

Nota: Para mais esclarecimentos sobre os meus serviços técnicos podem entrar em contacto para o e-mail: jejgomes@gmail.com

quando o conhecimento nos salva o dia

Podia intitular esta publicação “do 80 para o 8” e estaria a ser objectivo.

Contextualizando: os clientes dos meus serviços técnicos em casos de sério descontrolo da Varroose nos seus apiários encontrarão no meu arsenal de ferramentas três protocolos de resolução inovadores e tremendamente eficazes. Cada um com a suas características, com as suas grandes vantagens e algumas das suas pequenas desvantagens.

Os resultados em baixo são o resultado de aplicação de um desses protocolos. Em 9 dias, de 4 de março, data de aplicação do protocolo inovador de tratamento, a 13 de março, a taxa de infestação baixou de 14% para 1,6%. E no dia 24 de março permanecia na mesma taxa.

Os dados e as datas.
O padrão de postura a 24 de março.
A colónia: uma “resistente”, ou melhor, uma tolerante. Tem sido a matriarca de algumas dezenas de rainhas.
Neste apiário estão 18 colónias. Depois de uma tentativa frustrada de controlar a Varroose com um homologado com amitraz, colocado em 9 de janeiro e com infestação média entre os 2-3%, em meados de fevereiro com as infestações a arranharem o ceú (10%+) vi-me obrigado a recorrer a este protocolo de última linha (a 14 de fevereiro). Salvei todas as colónias deste apiário. Só neste apiário o meu cliente recuperou o seu investimento nos meus honorários neste primeiro momento, e tornou a recuperar com as 31 novas colónias que fez de lá para cá.

Nota: Para mais esclarecimentos sobre os meus serviços técnicos podem entrar em contacto para o e-mail: jejgomes@gmail.com

para uma apicultura com retorno e motivante, ao lado do apicultor com 5 ou com 500 colónias

Ontem, entre os pingos da chuva, foi tempo de transumar algumas das colmeias de um cliente, com uma operação já próxima das 100 colónias, para os pomares de mirtilos e outros frutos vermelhos (sobre como as abelhas melíferas fazem um excelente trabalho de polinização dos mirtilos ver aqui).

Hoje, no território da Serra do Sicó, entre as 10h00 e as 12h00, foi tempo de multiplicar 4 dos 5 enxames de um apicultor que está a iniciar a sua apicultura, com o pé direito diga-se. Comprou bons enxames a um apicultor local, está a fazer o percurso formativo que estou a disponibilizar no Zoom, e arrendou os meus serviços técnicos em apiário pela segunda vez. A sua curva de aprendizagem vai ser rápida, segura e com rápido retorno, sem passar por grandes precalços e andar às apalpadelas, sem grandes erros e sentir amargas desilusões.

Vamos às fotos:

Das 5 colónias que estavam instaladas, 4 foram utilizadas para fornecer abelhas e criação para fazer 5 novos enxames. Uma das colónias ainda não tinha força para servir como doadora. Nestas 4 colónias as rainhas foram localizadas e marcadas.
Um dos 5 novos enxames que criámos.
E, como já é hábito, também nestes 5 enxames introduzimos um alvéolo real da produção do Eduardo Côrte-Real, criador situado na zona de Cantanhede.
Uma das colónias doadoras, depois de “sangrada”.
4 dos 5 enxames novos, no final de 2 horas no apiário. As colónias doadoras foram “arrefecidas” para não enxamearem (e tantos enxames irão sair nos próximos 15 dias de norte a sul do país, comprometendo o potencial produtivo das colónias enxameadas). Referir que estas colónias-mãe mantêm o potencial produtivo.
Assento cheio, com 5 novas colónias, 2 horas depois. Serviços técnicos apícolas com retorno elevado, rápido e duradouro. Na próxima visita, a meio da semana que está a entrar, o objectivo é mandar a infestação de varroa para níveis abaixo de 0,5% de forma rápida e inovadora.

Para uma apicultura com retorno e motivante, ao lado do apicultor com 5 ou com 500 colónias!

Eduardo Gomes, consultor e formador apícola (contacto: jejgomes@gmail.com)

introduzir rainhas em gaiola: as pedras no caminho

Parece que há coisas que em Portugal só são testemunhadas por muito poucos. A criação de realeiras de emergência durante o processo de introdução de rainhas em gaiolas é uma delas. Há anos que me incluo neste grupo minoritário, aqueles que testemunham que com a introdução rainhas virgens ou fecundadas o impulso do enxame iniciar a puxada de realeiras, com larva e geleia real, a partir das larvas e ovos disponíveis nos quadros do enxame acabado de orfanar não é inibido automaticamente/magicamente. Já escrevi sobre este aspecto por aqui no blogue, há anos.

Mas nunca é demais revisitar este tema, sabendo que muitos companheiros estão a introduzir rainhas em gaiolas nos seus desdobramentos. Acrescentar também que pelo facto de haver poucos testemunhos, não significa que este seja um fenómeno raro. Mais depressa quer dizer desatenção, selectiva ou ingénua não sei, mas seguramente desatenção. Começando pelas evidências recentes que, uma vez mais, validam as observações que venho fazendo há anos. As fotos são de há dois dias e de hoje.

Esta colónia foi orfanada e no minuto seguinte introduzimos a gaiola com rainha virgem. A patilha da gaiola não foi partida. Passadas cerca de 48h, ao partir a patilha observei que tinha várias realeiras formadas, com larva e geleia real.
Hoje precisei de realeiras para resolver uma situação inesperada noutra colónia. Decidi voltar a esta colónia e retirar algumas realeira para fazer enxertia nessa outra colónia. Como se pode ver claramente a realeira, iniciada após a introdução da gaiola com rainha virgem, está “cheia”.
Como se pode ver o candy foi consumido e a gaiola está vazia. A rainha engaiolada está viva ou morta? Não sei. Sei, neste momento, que as abelhas podem escolher matá-la e prosseguir com uma das rainhas de emergência que estão a criar.

Com a falta de testemunhos sobre este fenómeno pergunto: serão só as abelhas com que o Eduardo trabalha (sejam as dele, sejam as dos clientes) que apresentam este comportamento bizarro: numa situação em tudo semelhante à da semi-orfanação, com a rainha confinada a um local, a gaiola neste caso, não podendo espalhar as suas feromonas mandibulares e da pegada pelo seio do enxame, decidem iniciar a produção de realeiras? Bem, bizarro seria não o fazer, à luz do que se conhece do comportamento básico do enxame quando a rainha não espalha as suas feromonas pelo ninho.

Mas como em Portugal este fenómeno não está aparentemente descrito, sendo até negado por outros, nada como ir a uma das bíblias da apicultura mundial, a revista Bee Culture, ver o que escreveram sobre este fenómeno. E num número da revista, publicado em 2023, encontro um texto, do qual extraí estes 2 parágrafos:

Placing a queen in a hive inside a cage doesn’t actually provide much Queen Mandibular Pheromone, since it is passed by touch throughout the hive, and they can’t really touch her very well through the cage. And, thinking like a bee… if there is no brood pheromone, whose fault is it? Answer: it is the queen’s fault. The bees don’t make the connection that it was the old queen’s fault, and not this one. They just know… poor QMP and no brood pheromone, we ain’t happy. If there are still eggs in the hive, the bees will usually start emergency queen cells, even though there is a caged queen, since they aren’t getting a good dose of QMP from that young queen whose pheromones haven’t developed too well yet, and that they can’t really touch. It is important to be aware of the likelihood of queen cells in the hive, since the bees would always prefer to raise their own queen (even if it wasn’t their own egg) than to accept your store-bought queen.

Letting her out of the cage sooner, so that they can touch her is not the answer, either, since they still know that she isn’t theirs. They will ball and kill her (they usually heat her up so much that she cooks, rather than stinging her). They must be ready to accept her before you let her out of the cage. There should be brood in the hive, and there must not be any queen cells anywhere.” (Tina Sebestyen, Bee Culture, july 24, 2023)

[Tradução: Colocar uma rainha numa colmeia dentro de uma gaiola não fornece muita feromona mandibular ao enxame, já que ela é passado pelo toque por toda a colmeia, e as abelhas não conseguem tocar a rainha muito bem através da gaiola. E, pensando como uma abelha… se não há feromona de quem é a culpa? Resposta: é culpa da rainha. As abelhas não fazem a conexão de que foi culpa da rainha velha, e não desta nova no interior da gaiola. Elas apenas sabem… feromona fraca, não estamos felizes. Se ainda houver ovos na colmeia, as abelhas geralmente iniciarão células reais de emergência, mesmo que haja uma rainha enjaulada, já que elas não estão recebendo uma boa dose de feromona daquela rainha jovem cujas glândulas ainda não se desenvolveram muito bem, e que elas não conseguem realmente tocar. É importante estar ciente da probabilidade de surgirem células reais de emergência na colmeia, já que as abelhas sempre preferem criar sua própria rainha do que aceitar uma rainha comprada na loja.

Deixá-la sair da gaiola mais cedo, para que elas possam tocá-la, também não é a resposta, já que elas sabem que ela não é de sua família. Elas vão embolar a rainha e matá-la. Elas devem estar prontas para aceitá-la antes que você a deixe sair da gaiola. Deve haver cria na colmeia e não deve haver células reais em lugar nenhum. (sublinhado meu)]

Se desejarem saber como evitar este grande contratempo podem inscrever-se na sessão Zoom Prevenção, Controlo da Enxameação e Desdobramentos, a realizar-se no próximo dia 25 de março, pelas 21h30, e aumentar o vosso conhecimento e atenção aos detalhes críticos. Para mais informações podem contactar para o e-mail: jejgomes@gmail.com

enxameação: saber o que fazer no terreno

Para saber o que fazer no terreno neste período de enxameação há que começar pelo “saber”. Como em todas as actividades, tenham elas um carácter mais profissional ou mais lúdico, o SABER qualifica o desempenho, abre caminhos, alavanca os resultados. Também na Apicultura assim é.

Esta introdução vem a propósito da capacitação que me é exigida, e bem, quando presto os meus serviços de apoio técnico no apiário, como aconteceu na passada sexta-feira e no passado sábado.

Na sexta-feira duas colónias, com sinais inequívocos de terem iniciado o processo de enxameação, originaram 7 com a utilização de uma intervenção de segunda linha. As fotos em baixo.

No sábado, logo pela manhã, cerca das 9h30, noutro apiário e com outro cliente, uma colónia originou 4, com utilização de uma intervenção de terceira linha. A foto em baixo.

Nas 5 horas seguintes, em dois outros apiários do mesmo cliente, fizemos mais 10 colónias, com utilização de uma intervenção de primeira linha. A foto em baixo, representativa de uma etapa do processo, com introdução de rainha da casa Macmel.

Se desejar qualificar-se, para intervir com SABER e COMPETÊNCIA, recorrendo a cada uma destas 3 linhas de intervenção quando as condições no terreno o exigem, tenho uma sessão por Zoom para o efeito, agendada para o próximo dia 25 de março, com início às 21h30, sobre a Prevenção, Controlo da Enxameação e Desdobramentos.

Os interessados devem contactar-me enviando e-mail para jejgomes@gmail.com

Para uma Apicultura Rentável e Qualificada!