Em 2016, escrevi no título de uma publicação “apivar provavelmente o melhor acaricida” (ver aqui a publicação). Hoje, sustentado nos dados do ano passado e nos dados recolhidos até ao dia de hoje, atinjo novamente uma taxa de ineficácia do tratamento do verão, com Apivar, entre os 20-25% das colónias. Chego a esta taxa de ineficácia contabilizando o número de colónias onde vejo uma ou mais abelhas com asas deformadas, isto após 2 ou 3 meses o início do tratamento.
Até agora ainda não levei para casa nenhuma colmeia morta neste outono. As colónias estão a ser retratadas, inclusive, aquelas onde não encontro sintomas de varroose. Como as que apresento em baixo, que aparentam boa saúde.
O trabalho de retirada das tiras de apivar das colónias está a ser mais demorada que o habitual. De pé atrás com a experiência menos boa do ano passado com o Apivar e porque as temperaturas altas o permitem, estou a mergulhar em profundidade nos ninhos uma vez mais. Vejo, pelo menos, 5 a 6 quadros por colónia. Tenho vindo a utilizar este método para monitorizar a eficácia dos medicamentos acaricidas, nestes últimos anos. E tenho-me dado muito bem com este sistema de avaliação da eficácia dos acaricidas. Acho-o menos falível que os outros sistemas de monitorização.
Mas será o Apivar provavelmente o pior acaricida? Um amigo, com quem conversei hoje, tratou com fórmico a 60% e contou-me que já levou 25% das colónias para casa. No meu caso, como referi em cima, ainda não levei nenhuma. Talvez porque estava mal habituado, com elevadas eficácias do Apivar até há dois anos atrás, agora acho mais prudente entender o Apivar como provavelmente o pior acaricida, mesmo não tendo a certeza que haja algum melhor dentro do menu dos homologados. Assim para o próximo ano vai para o banco, não será titular!
Nota 1: hesitei no título desta publicação. Pensei intitular esta publicação com a expressão do latim medieval “mutatis mutandis” que significa “mudando o que tem de ser mudado”. De facto não acho o apivar o pior acaricida, apenas já não o acho o melhor, acho-o tão falível como os outros. A lentidão com que liberta o amitraz, julgo que é o seu principal defeito, aliás este defeito foi referido na publicação de 2016.
Nota 2: Tenho várias hipótese explicativas para a maior ineficácia do Apivar nos meus apiários, entre elas: acréscimo de resistência dos ácaros (a dose necessária para matar pelo menos 50% dos ácaros, o LD50, terá provavelmente aumentado um pouco); acréscimo da virulência do vírus das asas deformadas (conhecem-se duas estirpes de VAD, uma mais virulenta que a outra, e a importação de rainhas do estrangeiro é o veículo da entrada em território nacional de todos os patógenos não endémicos); melhor prevenção e controlo da enxameação (se os meus enxames enxameiam menos uma parte das varroas não vai para as árvores em cima das abelhas enxameadas, ficam todas em casa); quebra mais abrupta da postura no início do verão devido às temperaturas elevadas e/ou à velutina (as larvas multi-infestadas pelo ácaros aumentam nos períodos de contracção de postura e larvas multi-infestadas ficam mais susceptíveis à virulência dos vírus); mais apiários na vizinhança dos meus apiários (a pilhagem de colónias a colapsar por varroa traz um fluxo indesejado destes ácaros para o interior das minhas colmeias).
Obrigado Eduardo por mais um excelente post. Fiz um tratamento em Agosto e até agora o resultado tem sido positivo, também é o primeiro ano que tenho abelhas.
E como ficam os apicultores em MPB? O leque de opções é bastante reduzido…
Aguardo as novidades da nova luta contra a varroose que o Eduardo se propõe a encetar.
Saudações apícolas
Viva.
Não costuma alternar o tipo de acaricidas que se coloca na colmeia?
Sou apicultor iniciante e os seus posts têm sido uma boa leitura.
Obrigado.
Boa tarde, Jorge!
Iniciei a minha actividade em setembro/outubro de 2009. De lá para cá rodei/alternei os princípios activos em 2011, em 2016 e em 2021. Tenho procurado rodar os princípios activos de 4 em 4 anos. Continuação das boas leituras e sucesso na sua aventura apícola.