Para o apicultor que se está a iniciar na apicultura a correcta interpretação do que dizem os alvéolos reais, em especial na época de enxameação, é crucial para o seu entendimento do que se está a passar na colónia, o que o qualifica para uma intervenção mais adequada e ajustada à realidade da mesma.
Quando vir no fundo dos quadros vários alvéolos reais muito provavelmente a colónia está para enxamear ou já enxameou.
No período da enxameação o apicultor deve verificar com uma frequência semanal se as abelhas estão a criar alvéolos reais no fundo dos quadros, em particular nas colónias que tenham atingido ou passado os 6 quadros com áreas extensas de criação. Inclinar num ângulo de 45º o corpo do ninho em relação ao estrado e dar uma espreitadela ao fundo dos quadros pode trazer um bom retorno ao apicultor.
Contudo nem sempre os alvéolos reais de enxameação surgem (só) no fundo dos quadros.
Às vezes surgem nas zonas laterais dos quadros, especialmente se houver depressões ou irregularidades nas superfícies laterais destes. Contudo, em regra, quando as abelhas criam alvéolos reais nestas zonas dos quadros também os criam no fundo dos quadros. Portanto a inspecção ao fundo dos quadros continua a dar boas garantias, mesmo nestas circunstâncias, de uma boa interpretação.
Quando vir no seio de uma zona de criação um a quatro alvéolos reais, e não encontrar mais, muito provavelmente está numa situação de supersedure/substituição de rainha eminente.
Nesta situação as abelhas irão substituir a velha rainha por uma nova. Estes alvéolos reais não devem ser destruídos para não pôr em causa a sucessão da velha rainha.
Quando encontrar alguns alvéolos reais construídos nas zonas periféricas da zona de criação e se eles se formam a partir dos alvéolos de obreira (alvéolos reais de emergência) muito provavelmente estará na presença de uma colónia que ficou subitamente orfã e que está a tentar criar a sua próxima rainha. Não deve destruir estes alvéolos reais se não tem planos ou possibilidades de fornecer alvéolos reais ou uma rainha a esta colónia.
Em regra nos períodos de crescimento pujante das colónias, períodos de um bom fluxo de pólen e néctar, encontram-se com frequência vários cálices reais. Não indicam necessariamente que a colónia se prepara para enxamear nas próximas semanas, mas deve manter no radar estas colónias e inspecioná-las semanalmente.
Se estes cálices se apresentarem com geleia real e com uma larva em cada um deles o processo de criação de novas rainhas foi iniciado.
A terminar uma nota: um abelha ocupa uma área no quadro equivalente a cerca de 3 alvéolos. Sendo assim um quadro cheio de criação fechada fornecerá abelhas suficientes para cobrir cerca de 3 quadros. Compreendemos melhor com estes números como uma colónia fica, num espaço de no máximo 12 dias, subitamente cheia de abelhas, às vezes demasiado cheia para o espaço que o apicultor lhes dá.
Bom dia
Estes alvéolos que surgem podem ser usados/aproveitados (tendo em conta os devidos tempos) para desdobramentos terem novas rainhas?
Se forem colocados nos ditos, poderão ser destruídos pelas abelhas (mesmo com abelhas de colónias diferentes)? Precisam de alguma proteção para um tempo de adaptação?
Digo isto como forma de aproveitar os recursos que surgem e evitar despesas (compras de rainhas).
Obrigado!
Boa noite, Pedro,
Sim, podem e devem ser aproveitados.
Para evitar a sua destruição pelas abelhas envolva-os em papel de alumínio, deixando a ponta do mestreiro, por onde a rainha vai eclodir, destapada. Em alternativa pode adquirir protectores de alvéolos disponíveis nas casas de apicultura.
Um abraço.