Na publicação anterior apresentei um vídeo técnico acerca dos procedimentos de aplicação de uma técnica inovadora, patenteada pelo investigador romeno Adrian Siceanu em 2019 e apresentada na Apimondia que se realizou no Canadá nesse mesmo ano.
Como podemos ver a técnica consiste basicamente na passagem de ácido fórmico a 65% ou 85% com um pincel sobre a superfície dos opérculos que cobrem a criação. Sabemos que os opérculos de cera (a camada externa) assim como os casulos que envolvem as pupas das abelhas (a camada interna) são porosos de forma a permitirem a respiração das abelhas em formação. Ora são este poros que permitem que os vapores libertados pelo fórmico, espalhado por meio deste processo de escovagem, penetrem nos alvéolos e casulos e asfixiem e/ou desorganizem o metabolismo e/ou danifiquem os tecidos moles das varroas presentes na criação, matando-as ou impedindo a continuação da sua reprodução. Mas aplicando o ácido fórmico das formas habituais também se verifica o mesmo, e com uma carga de trabalho menor e com mais rapidez, estarão alguns a dizer. Não tiremos conclusões precipitadas.
Como podemos ver no vídeo, o investigador romeno, apresenta três procedimentos que convém tomar em consideração: 1) aplica o fórmico depois de ter sacudido as abelhas e rainha; 2) a escovagem com o fórmico é o mais possível centrada apenas sobre criação operculada; 3) os quadros depois de escovados com o fórmico não são devolvidos de imediato à colónia, são colocados por 10-15 minutos numa caixa ventilada e só após este período são colocados na colónia a que pertencem.
“O pincel utilizado é de cerdas de rigidez média, cerca de 4-10 cm de largura. O ácido fórmico foi aplicado e escovado com uma leve pressão, para ajudar o opérculo a absorvê-lo. A escovagem foi feita com movimentos da esquerda para a direita, para evitar o acúmulo de gotas na borda inferior dos alvéolos destapados e o vazamento dentro deles. Para realizar o tratamento, o ácido fórmico foi colocado numa caixa plástica especial que é fortemente fixada na parede da colmeia.
Os quadros tratados não foram devolvidos imediatamente à colónia porque a quantidade de ácido evaporado pode prejudicar as abelhas ou rainhas, especialmente nos primeiros minutos. O contato direto do ácido com qualquer indivíduo (abelhas ou rainha) pode matá-los. Por esta razão, é recomendado manter os quadros tratados após a escovagem em caixas separadas por pelo menos 10 minutos, dependendo da superfície tratada, até ao excesso de ácido se ter evaporado.
Durante a utilização do ácido fórmico, é obrigatório o uso de luvas de proteção resistentes aos ácidos, óculos e máscara para evitar a inalação de vapores do ácido ou contato direto.”
fonte: https://animalsciencejournal.usamv.ro/pdf/2021/issue_1/Art55.pdf
Enquanto as técnicas de aplicação convencional do ácido fórmico, apresentam eficácia muito variável, são aplicações mais longas e podem ser perturbadas por alterações na temperatura e humidade ambiental com consequências nefastas nas abelhas, criação e até nas rainhas, esta técnica alcança resultados melhores e mais consistentes em poucas horas/minutos na mortalidade que provoca nas varroas que parasitam a criação.
Sobre o tempo que se demora a aplicar, não me parece que seja superior ao despendido com a técnica “rasca la cria”, utilizada por apicultores de grande dimensão em Espanha e em Portugal, com a vantagem de não se destruir criação nem se disseminar vírus entre as abelhas.
Sobre a eficácia desta forma inovadora de aplicar o fórmico fica para uma publicação próxima.