a matemática das abelhas

Inicio hoje esta nova categoria biologia da abelha porque entendo ser esta dimensão do conhecimento das abelhas uma das pedras basilares, senão mesmo a pedra basilar, de um maneio eficiente, de um maneio coerente, de um maneio competente.

Neste contexto começo por referir alguns números fundamentais acerca do ciclo de vida das três castas dos insectos que tanto nos interessam e que podendo parecer irrelevantes são extremamente úteis para prosseguirmos e atingirmos um maneio cada vez mais capaz.

  • Castas: abelha obreira; zângão; abelha rainha;
  • Eclosão do ovo: ocorre ao 3º dia e meio para as 3 castas, isto é, desde a oviposição até ao surgimento da larva passam 3 dias e meio;
  • Operculação: ocorre ao 8º dia para as abelhas rainhas; ao 9º dia para as abelhas obreiras (± 1 dia); ao 10º dia para os zângãos (± 1 dia), sempre a contar do dia da oviposição;
  • Emergência: ocorre ao 16º dia para as abelhas rainhas(± 1 dia); ao 20º dia para as abelhas obreiras (± 1 dia) e ao 24º dia para os zângãos(± 1 dia), sempre a contar do dia da oviposição.

Mais alguma matemática das abelhas:

  • As abelhas rainhas iniciam a postura ao 28º dia (± 5 dias) após a oviposição do ovo que lhes deu origem.
  • As abelhas obreiras iniciam o forrageamento ao 42º dia (± 7 dias) após a oviposição do ovo que lhes deu origem.
  • Os zângãos iniciam os vôos para as zonas de congregação de zângãos ao 38º dia (± 5 dias) após a oviposição do ovo que lhes deu origem.

Tomando agora como referência a emergência (vulgarmente apelidado de nascimento)  de cada uma das 3 castas os números são os seguintes:

  • as abelhas rainhas iniciam a postura ao 12º dia (± 5 dias) após a sua emergência.
  • As abelhas obreiras iniciam o forrageamento ao 20º dia (± 7 dias) após a sua emergência.
  • Os zângãos iniciam os voos para as zonas de congregação de zângãos ao 14º dia (± 5 dias) após a sua emergência.

Esta matemática das abelhas ou matemática da natureza (se não me engano era Einstein que dizia que Deus não jogava aos dados) é de grande utilidade para tomarmos decisões coerentes com a natureza dos ciclos de vida das abelhas. Por exemplo, uma célula real não operculada com larva tem entre quatro e oito dias de idade (a contar da oviposição). Uma célula real operculada tem entre oito e dezesseis dias de idade (a contar da oviposição). Ao olhar para a ponta da célula real pode-se inferir se é recentemente operculado (macia e branca) ou se é uma célula real na qual a rainha está prestes a emergir (castanha e fina quase como o papel na ponta). Uma célula real branca macia terá entre oito e doze dias de idade. A célula real mais acastanhada e fina como o papel terá entre treze e dezesseis dias de idade. A rainha surgirá ao 16º dia (15º dia se o tempo está quente). Ela, normalmente, vai iniciar a postura aos 28º dia (± 5 dias) a contar da oviposição.

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Fig. 1 —  Célula real que deverá ter entre 8 e 12 dias a contar da oviposição

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Fig. 2 —  Duas células reais que deverão ter entre 13 e 16 dias a contar da oviposição

A terminar, refiro que tenho cerca de 60 rainhas que deverão ter nascido na passada semana. A ver vamos se conseguem fazer os voos de fecundação a tempo e horas (janela de 7 ± 5 dias após a sua emergência) e não saem prejudicadas por estes dias de mau tempo.

Nota: post inspirado por Michael Bush (Bushfarms)

5 comentários em “a matemática das abelhas”

  1. Achei muito bom o POST, pois resume bem o que muitas vezes se procura em várias bibliografias e não se consegue obter informação tão clara.

    Gostava só de esclarecer que as duas fotografias, apesar de correto a parte matemática, não demonstram bem o que é referido, pois a cor da cera do quadro induz as cores de ambos os opérculos. Nunca iria ver um opérculo de rainha da cor da primeira footografia num quadro com a cera da cor da fotografia de baixo e vice-versa. Um abraço.

    1. Obrigado pelas tuas palavras simpáticas Cristovão.

      Relativamente às imagens não te quero tirar a razão. Talvez seja como dizes.
      Um abraço!

      1. Apibeiras,

        Não será assim tão linear como dizes, o alveolo vai escurecendo desde que é operculado até a rainha nascer.
        Depois de a larva tecer o casulo, o alveolo escurece consideravelmente.
        E poucas horas antes da rainha nascer, o seu corpo muda de cor clara para preta/escura e é possivel ver a viabilidade do alveolo através de luz fria.

        Mas evidentement que a cera envolvente também influcia na cor.

        Cpts,

        Bruno Silva

    1. Boa noite, Rodas!
      Escrevi este post a 8 de Maio de 2016, como pode ver no topo do lado esquerdo. Suspeito que o tenha visto hoje quando o publiquei num grupo de apicultores no facebook, daí a sua questão. À data de hoje, com temperaturas negativas no distrito da Guarda, espero que só lhes passe pela cabeça estarem quietinhas aquecendo-se umas às outras, e sem ideias loucas de substituirem rainhas. Abraço.

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