Não são muitos os estudos credíveis e com dados quantificados que eu conheço em torno do crescimento e declínio populacional de abelhas adultas no período que vai do fim do inverno até à entrada do outono, isto é, de março a setembro. Para as abelhas da nossa península não conheço nenhum. Contudo, juntando dados de várias fontes e cruzando-os com as observações que tenho feito nos meus apiários na beira alta, avanço com a proposta que agora apresento.
Qual o número máximo de abelhas adultas presentes por colmeia quando trabalhamos com a nossa abelha ibérica? Segundo António Pajuelo, nas jornadas do Vale do Rosmaninho, em regra não passam das 45 000. Na altura em que o ouvi pareceu-me pouco, dado as várias referências que conheço de populações de 60 000 e mais abelhas… mas em locais diferentes (EUA e Canadá) e com outras raças de abelhas. Decidi fazer alguns cálculos em casa e cruzá-los com as minhas observações. Os quadros do ninho Langstroth, em regra, apresentam 7 000 alvéolos. Sabemos que uma abelha adulta ocupa uma área que corresponde, grosso modo, a 3 alvéolos, portanto um quadro bem preenchido de abelhas tem cerca de 2 300 abelhas (7000/3= 2333). Feitos os cálculos um ninho Langstroth, com 10 quadros bem cobertos de abelhas, comporta cerca 23 000 abelhas. Uma colmeia Langstroth, com um ninho e uma alça igual ao ninho (ou cerca de 2,5 meias alças), bem cheia de abelhas tem cerca de 46 000 abelhas. Nas minhas colmeias é este máximo que em regra tenho observado. Para mim, é agora claro que Pajuelo tem razão.
Fig. 1: Exemplo de um ninho e um quadro bem cheio de abelhas
Em que altura do ano as colónias atingem o pico populacional? Segundo os dados do investigador canadiano Harris o ritmo de oviposição de uma rainha vai em crescendo até 60 dias após o início do aumento linear de postura. Quando as rainhas atingem o máximo de oviposição as colónias apresentam cerca de 16 000 alvéolos operculados (de acordo com as medições de Nolan e Harris). Estes valores são relativos a outras “raças” de abelhas, mas vou considerá-los fidedignos no caso das rainhas de raça ibérica (desconheço se existem dados para o nosso caso). Outro dado muito interessante apresentado por estes investigadores é que neste momento a colónia atingiu cerca de metade da sua população máxima, isto é cerca de 30 000 abelhas (ver mais aqui). Como já referido em cima a população máxima das minhas ibéricas, em regra, situa-se nos 45 000 indivíduos. O crescimento linear das minhas colmeias na beira alta inicia-se, em regra, no início de março. Chega ao seu topo 60 dias depois, no início de Maio, coincidente com o período de enxameação, e a população máxima de abelhas adultas (45 000) acontece 2 a 3 semanas depois, por volta da 3ª semana de Maio. Estou convicto que a partir desta altura, inevitavelmente, a população de abelhas adultas começa a decrescer.
Fig. 2: Exemplo de um quadro típico de uma rainha no pico da postura
A que ritmo e quais os números a que declina a população de abelhas a partir dos finais de maio. O declínio de uma população de abelhas resulta da diferença entre o número de abelhas nascidas e o número de abelhas que morrem no período de tempo analisado. Como já vimos no período de crescimento de uma colónia ela aumenta, em regra, dois quadros de abelhas por semana, o equivalente a cerca de 4600 abelhas por semana no modelo Langstroth (ver mais aqui).
As minhas observações têm confirmado que, em condições normais, as rainhas mantêm a postura, ainda que em declínio, entre os meses de maio e novembro. Entre finais de maio e finais de novembro continuam a nascer abelhas, mas a uma taxa que não permite compensar as abelhas que vão morrendo no mesmo período. Sabendo que a colónia cresce a um ritmo de dois quadros de abelhas até atingir o número máximo da sua população, parece-me razoável propor que a partir do início de junho morrem cerca de 4600 abelhas por semana (o equivalente a dois quadros de abelhas).
A minha proposta é credível? Entre finais de maio e finais de setembro, período das abelhas de verão, a colónia perde por semana o equivalente a 4600 abelhas e ganha nesse mesmo período de tempo, presumo, cerca de 3000 novas abelhas. A perda líquida de abelhas entre início de junho e finais de setembro é de cerca de 1500 abelhas por semana, isto é, 6000 abelhas por mês. Sustentado nestes valores calculo a seguinte população aproximada de abelhas adultas entre finais de maio (pico da população) e finais de setembro:
- final de maio= 45 000 abelhas adultas;
- final de junho=39 000 abelhas adultas;
- final de julho=33 000 abelhas adultas;
- final de agosto=27 000 abelhas adultas;
- final de setembro =21 000 abelhas adultas.
Estes são números elaborados através de cálculos indiretos e de uma presunção baseada no que observo nas minhas colmeias. Nos últimos anos tenho terminado a cresta dos méis claros na última semana de julho. Nesta altura, crestadas as meias-alças, por norma deixo ficar as colmeias com uma meia-alça, para as abelhas armazenarem ainda alguns néctares/meladas mais tardios. Tenho verificado que as abelhas se acomodam bem nesta configuração de colmeia: ninho + meia-alça. Se o ninho albergar 23 000 abelhas e a meia-alça metade dessa população não ultrapassamos em muito as 33 000 abelhas referidas no cálculos anteriores. No final de setembro, em regra a configuração das minhas colmeias apresenta apenas o ninho, espaço mais do que suficiente para albergar as abelhas existentes, que ocupam 8 a 10 quadros, observação que não diverge das 21 000 abelhas atrás calculadas.
Boas
Nos apiários da beira alta costuma tratar em que semana de fevereiro eu tenho meus apiários também na beira alta e regulo-me sempre perto do carnaval mas este ano é tarde o carnaval
Viva, Alves!
Não tenho uma semana rigorosamente definida. Este ano nos apiários nas cotas mais baixas (600 m) iniciei o tratamento à poucos dias atrás. Nas cotas mais altas (800-900m) espero iniciá-los daqui a uns dias.
ok obrigado o timing é sempre complicado
Chuva para segunda e terça depois ate ao fim do mês sol 🙂
Vou utilizar pela primeira vez o apivar
Boas
Qual a diferença do apivar do apitraz são da mesma familia
Nunca utilizei o Apitraz. As tiras de Apitraz são mais compridas e largas comparadas com as tiras de Apivar. Em tudo o resto deveriam ser iguais, nomeadamente na eficácia. Contudo recomendo que leia a informação disponível nestes links:
http://www.desdelapiquera.com/2015/02/apitraz-y-checkmiteproblemas-y-mas.html
https://drive.google.com/file/d/0BzxaKmhm7xTpNldnd00yb3VtTjg/view
Olá Eduardo,
No sábado estive numa formação, onde falamos e tivemos contacto com tiras de apitraz.
Agora já fabricam tiras com medidas diferentes, para tratamento de colmeias modelo lusitana e reversível.
A medida das tiras para o modelo lusitano, devem ser iguais as tiras do Apivar.
As tiras de que falas são para as colmeias layens.
Abraço.
Olá, Dino!
Muito obrigado pela precisão. Desconhecia que a empresa espanhola já comercializa tiras com diferentes dimensões para melhor se ajustarem às nossas colmeias (lusitana e reversível).
Abraço.