Entre os apicultores está mais ou menos generalizada a opinião de que as rainhas de emergência são rainhas de qualidade inferior, portanto a evitar. Associada a esta opinião, e decorrendo em grande medida da mesma, acredita-se que o translarve, ou a criação de rainhas pelo método Doolittle, produz rainhas de qualidade superior. Uma das razões mais vezes lida e ouvida, que dá suporte a esta ideia, é a de que o translarve é feito com larvas com a idade adequada: larvas com não mais que 48 h de idade. Por contraste, afirma-se que as rainhas de emergência são produzidas a partir de larvas com várias idades, podendo até ultrapassar as 72 horas de idade. Será mesmo assim ou não passará de uma ideia feita? Fazendo a pergunta de uma outra forma: até que ponto estas ideias são confirmadas por estudos controlados, com métodos bem definidos, replicáveis e com avaliações mais finamente calibradas?
Fig. 1 — Quadros com cúpulas preparados para efectuar o translarve
Numa experiência em que 8 colónias foram orfanadas por forma a construírem realeiras de emergências constatou-se que:
- as abelhas iniciaram a construção da maioria das realeiras até 24h depois da orfanação ocorrer e nenhuma realeira foi construída após 3 dias a contar do dia da orfanação;
- foram criadas realeiras a partir de todas as idade de ovos (1, 2 e 3 dias) e de larvas com não mais de dois dias a contar do dia da orfanação;
- a maioria das rainhas foram criadas a partir de indivíduos que eram ovos no dia da orfanação (69,2%) e cerca de metade destes eram ovos de 48-72 horas de idade (34,1 %);
- 37,0% das realeiras construídas em torno de ovos com 0-24 h de idade e mais do que metade (61,1%) das realeiras começadas em torno de larvas de 24-48 h de idade foram destruídas pelas abelhas antes das rainhas nascerem;
- rainhas criadas a partir de ovos com 48-72 h eram significativamente mais pesadas do que rainhas criadas a partir de larvas com 0-24 h ou larvas de 24-48 h de idade;
- rainhas criadas a partir de ovos de 48-72 h de idade tinham o tórax significativamente maior do que as rainhas criadas a partir de ovos com 24-48 h idade ou a partir de larvas de 0-24 h de idade;
- finalmente, não se verificou nenhuma relação significativa entre o peso da rainha e o número de ovaríolos.
Fonte consultada: Worker regulation of emergency queen rearing in honey bee colonies and the resultant variation in queen quality
Fig. 2 — Quadro com várias realeiras de emergência
Podemos concluir, com alguma segurança, que as rainhas de emergência, por regra, têm o mesmo número de ovaríolos (condição crítica para o seu bom desempenho) e produzem colónias com o mesmo nível de desempenho, ou melhor, que as rainhas criadas com o método de translarve. Tudo o que é necessário para produzir rainhas de emergência bem desenvolvidas é que a colónia em que estas são criadas disponha de recursos adequados de abelhas, particularmente abelhas novas em boa quantidade, ovos e larvas de todas as idades e boas reservas alimentares. Nestas condições, as abelhas criam rainhas tão bem ou até melhor que qualquer bom criador de rainhas que utiliza o método de translarve.
Olá Eduardo.
Desconhecia este estudo, eu que tenho por habito seleccionar as raleiras/rainhas nos desdobramentos.
Pensando eu que; as rainhas de emergência eram de fraca qualidade, e tendo verificado que nos desdobramentos, as primeiras realeiras a emergir são criadas com larvas superior a 48 horas, fazia o seguinte:
Entre os cinco e os sete dias do desdobramento, abro a colmeia/núcleo e destruo todas as realeiras que encontro seladas, deixando as que se encontro abertas.
É o sistema que faço, e vou continuar a fazer, tendo bons resultados.
Mais digo, realeiras como as que encontramos, quando uma colmeia substitui a rainha, não há, estas sim, de altíssima qualidade.
Abraço.
Bom dia Dino
Se tens bons resultados com a tua técnica não vejo razão para mudares.
Também tenho feito o que tu fazes sempre que posso. No entanto nos casos em que não o fiz as coisas também me correram bem, quando as condições que dei às abelhas eram boas.
O estudo conheci-o recentemente. Já tinha lido e até postado há uns anos atrás, no fórum As abelhas, acerca deste mesmo assunto, a opinião de conceituados apicultores acerca da qualidade de rainhas de emergência… desde que, e isto faz toda a diferença, as rainhas de emergência não sejam criadas por núcleos com meia-dúzia de abelhas, como sucede tanta vezes com tantos de nós, e onde eu também me incluo.
Com base no estudo irei procurar cada vez mais dar as melhores condições às abelhas para que elas façam as suas rainhas de emergência. Todo o resto do trabalho deixo para ser feito por elas. Cada vez mais me convenço que elas sabem muito mais deste assunto que nós.
Um grande abraço!
Bom dia!
Eu ainda vou acrescentar mias um pormenor à técnica do Bernardino!
Quando faço desdobramentos, uso quadros de várias colmeias e das que quero ver seleccionada a genética assinalo o quadro e passados os mesmos 7 dias destruo todos os alvéolos que não tenham sido feitos no quadro assinalado. Assim garanto alguma seleção genética da rainha. Tudo o resto faço como o Bernardino e dou preferência aos alvéolos reais ainda não selados, para isto asseguro-me sempre que vão ovos no quadro que quero com as realeiras e coloco-o no centro.
Cumprimentos
Hugo
Bom dia Hugo
Sim, assinalar o quadro de onde desejamos que saiam as rainhas é uma forma simples de garantirmos uma parte da linha genética. Também acho muito importante irem ovos. O estudo refere claramente que as rainhas com maior peso e tórax mais desenvolvido são as que se produzem a partir dos ovos e não das larvas (aspecto que conduz a algumas reflexões/especulações acerca dos translarves que só se fazem a partir de larvas como sabemos). A posição dos quadros também é determinante; as realeiras nos quadros centrais são menos destruídas pelas abelhas que as dos quadros mais laterais. Elas lá saberão por que agem assim, mas podemos especular com alguma segurança, que as realeiras nos quadros mais laterais por norma não têm tanta qualidade.
Acerca da destruição pelo apicultor das realeiras seladas, na visita ao sétimo dia, nada a dizer também o faço sempre que posso. Quando não posso confio na sabedoria das abelhas.
Contudo o ponto de fundo é o seguinte na minha opinião: as realeiras que deixámos ficar a desenvolverem-se e que as abelhas também deixam desenvolver produzem rainhas de emergência. E são tão boas ou até melhores que as produzidas por translarve. Nos poucos cursos que assisti sobre a criação de rainhas, cerca de 80% ou mais do tempo era dedicado à criação de rainhas pelo método do translarve, e isto para um público de apicultores com não mais de meia-dúzia de colmeias. Um absurdo na minha opinião! Os conteúdos apresentados estavam completamente desfasados das necessidades e capacidades dos apicultores. Espero, humildemente, que estes contributos, e com a ajuda de todos os que têm participado e outros que vierem a participar, sejam úteis a quem necessitar informação sobre como produzir rainhas de qualidade com métodos muito menos exigentes, mais orgânicos e mais adequados às suas reais necessidades de poucas rainhas/ano.
Um abraço!
Eduardo concordo contigo plenamente na questão da formação.
Acho que em várias áreas e não só na apicultura a formação existente e alguma dita acreditada e obrigatória, ao abrigo dos programas proder e outras medidas de “apoio e estímulo” à economia agricola, está completamente desfasada da realidade do que é a actividade.
Vou dar um exemplo muito simples e tem a ver com a minha formação profissional. Eu sou enfermeiro e fui formado numa escola que actualmente já não forma enfermeiros. A filosofia predominante era a de aplicar a teoria na prática o que originava estágios todos os anos com a duração de um semestre. Acho que esta foi a melhor formação que me podiam ter dado pois conforme a minha evolução, ia conseguindo traduzir para a prática aquilo que me era ensinado na teoria. Actualmente o ensino é muito teórico e a prática foi relegada para algo que se pode adquirir após a formação (infelizmente muitas escolas seguem esta filosofia).
Acho que na apicultura a formação se encontra no mesmo patamar. Muita teoria e muito pouca prática e a prática existente desadequada ou então direccionada para interesses comerciais, ressalvando claro algumas excepções.
Criar rainhas não tem de ser dificil e muitas vezes complicamos demasiado os métodos. Acho muito interessante este teu blogue porque estás de uma forma metódica e cientifica a desmistificar algumas ideias pré-concebidas na apicultura, e se eu de uma forma mais simplista e com pouca manipulação conseguir fazer o mesmo que alguns apicultores profissionais fazem, porque não tentar?
PS: no que diz respeito ao facto de as abelhas destruirem as realeiras nos quadros mais laterais acho que um factor a ter em conta é a temperatura interna do núcleo. Onde notei mais essa destruição foram nos núcleos menos povoados em que as abelhas se concentravam mais em certas zonas do núcleo.
Cumprimentos
Hugo
Hugo quando a aposta é na quantidade de cursos e não na qualidade dos mesmos… quando os políticos e os executores das políticas desses políticos olham sobretudo para a quantidade, as estatíticas a apresentar cá dentro, mas sobretudo lá fora, os resultados obtidos só os iludem a eles. Mesmo os formandos acabam por se aperceber, uns mais cedo outros mais tarde, da pobreza franciscana em que cheios de esperanças se envolveram. Nós não andamos sempre de olhos fechados… a maior parte das vezes não estamos para fazer grandes ondas, mas vemos muito bem que o caminho trilhado não é o mais correcto.
Eu temo que a proliferação de cursos no âmbito da apicultura, enquadrados pelo antigo Proder e actual 20-20 padeça dos mesmos males.
Como tu dizes muita teoria para cumprir calendário, e muita da pouca prática desajustada da realidade e das necessidades dos formandos, eventualmente aqui e ali com o fito de criar alguma necessidade artificial de comprar equipamentos nos “pobres” dos formandos. E se há lugar onde podemos gastar muito dinheiro em coisas inúteis a apicultura é um deles.
Felizmente há excepções, como tu dizes, que com dificuldade vão trazendo algum equilíbrio e bom-senso. Felizmente com a informação tão disponível nos dias de hoje, cada vez mais é possível perceber que o “rei vai nú”.
Boa tarde.
Eu também utilizei o método de translarve, mas deixei de o fazer.
As colónias que fazia com este método, mais de metade quando chegava, a época da força do eucalipto, trocavam de rainha. Enquanto que as colónias, criadas a partir dos desdobramentos, ou aproveitamento das realeiras de colmeia que enxameiam , ou substituem a rainha, a substituição da rainha é muito menor, ou praticamente nula.
Dirão, mas ao aproveitar os mestreiros, de colmeias que enxameiam, esta a criar colônias com alta probabilidade de enxamear, como a colmeia mãe.
Não tenho razão de queixa, algumas dessas colónias são das melhores que tenho.
A enxameação das abelhas, é a formula de elas se reproduzirem, e expandirem na natureza.
A apicultores, que querem criar raça ou híbrido de abelha que não enxameiam. eu acho que estão a ir por um caminho perigoso, porque desta forma, dentro de muitos anos as abelhas irão precisar do homem para se reproduzirem.
No meu ponto de vista, temos é que apostar mais no maneio.
PS, não quero, com este pensamento ofender quem quer que seja.
abraço.
Dino não vejo ofensa em nenhuma das tuas palavras. Vejo a manifestação de uma opinião cristalina e genuína.
Como já reparaste os comentários não são imediatamente publicados. Eu lei-os e tenho-os publicados todos, com a excepção de meia-dúzia de spams em língua inglesa.
Se alguma vez entender que o conteúdo é ofensivo, venha de onde vier, não será publicado.
Olá Eduardo.
Método de criação rainhas por transferência de larvas.
Criação de rainhas com sistema de transferência de larvas, é mais adequado para um centro de incubação comercial, ou para apicultores que tenham 300 ou mais colmeias, com boas condições e pessoal qualificado.
Para um apicultor, pequeno ou médio que não tem, todas as condições necessárias para utilização deste método, e com número pequeno de colmeias e sem qualificação para tal, pode fazer as suas próprias rainhas em núcleos, ou colmeias, com excelente qualidade, utilizando os métodos naturais. Logicamente que este critério não é sempre compartilhado pelos produtores de rainhas por razões mais do que óbvias.
O método de transferência larval pode produzir rainhas de má qualidade, se as seguintes etapas essenciais não são tidas em conta:
. As colmeias, mães, iniciadoras e continuadoras, devem estar perto da sala de transferência de larvas, para que esta operação seja feita no menor tempo possível, e evitar a desidratação das larvas.
. Usar geleia real fresca, recentemente extraída para barrar as cúpulas.
. Transferência não deve levar mais de 3 minutos por barra.
. O quadro dador de larvas não deve estar fora da colmeia mais de 30 minutos.
. Evitar que o quadro porta cúpulas e dador, apanhe sol, vento, ou diferenças de temperaturas
. Ter condições de higiene, temperatura e humidade adequada na sala de translarve. (Com estas condições podemos prolongar mais tempo de transferência)
. Fazer transferência larval com muito cuidado, para não causar transtorno a larva.
. Ter experiência na escolha das larvas mais jovens para transferência.
Nota: Se não são levados em conta estes requisitos, a qualidade das futuras rainhas será posta em causa, sendo substituídas pela colónia.
Apesar de cumprirmos as etapas anteriores, este sistema artificial têm os seguintes inconvenientes.
. Interrompe a alimentação natural da larva, ao aplicamos geleia real diluída metade de agua, metade de geleia.
. A geleia real que aplicamos para barrar as cúpulas não é absolutamente fresca, nem adequada para larvas de 1 dia.
. A geleia real que aplicamos nas cúpulas, é à produzida no terceiro dia ou mais de vida, das larvas. Sabendo a partida, que a geleia real que alimenta as larvas, altera de qualidade e quantidade a medida que vai crescendo a larva, por isso aplicamos geleia real de três dias em larvas de 24 horas, e mais, diluída com água destilada.
. Por muita cuidado, rapidez e qualificação que tenha o apicultor, a larva sofre sempre do maneio.
Muito obrigado Dino pela excelente exposição acerca do translarve. Não sendo um especialista nesta técnica, julgo que focaste os aspectos mais importantes na realização do translarve. Pessoalmente começo a atingir a dimensão em que se justifica a utilização deste método. Já me inscrevi num curso na nossa Associação para dar os primeiros passos. Depois conto com a ajuda de três amigos, que já há alguns anos realizam o translarve, para apurar um ou outro detalhe. Conto, contudo, continuar a produzir uma parte das minhas rainhas através de métodos o mais naturais possível.
Oi pessoal,
Já há muito tempo atrás que um enorme apicultor Canadiano tinha esse pensamento. E ele tinha 2000 colmeias que geria sozinho com a mulher.
O único problema das mestras de emergência acontece nos desdobramentos que são feitos desequilibrados, ou seja, que não levam a proporção correta de abelhas para cuidar da cria, ou em que este extra de abelhas deriva para outras colmeias. As abelhas mais velhas têm um papel importantíssimo ao garantir noites quentes ao enxame e portanto conforto térmico e ao proporcionar durante o dia uma noção de fluxo. Suspeito que também são elas as primeiras a entender a falta da mestra e a dar os sinais químicos e comportamentais de que é preciso construir realeiras. Enquanto colmeia, o problema é o tempo prolongado de ausência de cria, e mais tarde o desequilíbrio na idade das abelhas que compõem a nova família, algo que pode ser resolvido com a adição de 1Q de ovos 1a semana após o desdobramento.
Quanto ao que o Bernardino disse sobre os mestreiros de enxameação, são geralmente de qualidade, pois derivam de colmeias sãs e fortes. Mas como apicultor eu não quero abelhas que enxameiem, e a única forma de minimizar isso é apenas reproduzir abelhas que não tenham esse impulso tão acentuado. Bernardino, as minhas abelhas de hoje nada têm que ver neste aspeto com as que tinha, assistindo a enxames que barbam, que enchem de favos de cera o comedouro…mas que não vão embora.
No meu entendimento a maior limitante é o número de realeiras! E uma exploração profissional que faça em 3 dias 120 enxames novos, ao dar uma raínha em postura a cada nova unidade ganha 120 x 22dias = 2640 dias de postura que devem ser cerca de 2.640.000 , ou seja, quando as rainhas de emergência começarem postura, já teremos 2,6milhões de abelhas a caminho do nascimento. Isto faz muita diferença na rentabilidade da exploração! e também dá imenso trabalho adicional. E estou só a contar com 1000 ovos por dia, o que claramente é uma estimativa baixa se contarmos que as rainhas introduzidas vêm em plena postura.
Isto faz com que em anos de bom fluxo um enxame de Março ou início de Abril ainda dê produção! Enquanto um enxame feito com realeiras de emergência nunca produz no mesmo ano, pois a dinâmica de crescimento é quebrada, e tal como um carro que trava, perde-se o momentum, perdendo-se o tempo da desaceleração mais o tempo de acelerar até à dinâmica anterior…e entretanto estamos no verão!
Por outro lado, é muito mais confortável ao apicultor apenas partir…e ir embora! Passado 1 mês regressar e ver se tem postura e meter alças à parte que ficou com a raínha, e no verão ir colher a parte que tem raínha. 3 viagens durante a primavera e o trabalho está feito!
Em zonas de menor enxameação, diria que é bastante cómodo e prático. Sendo fácil compensar a menor produtividade com maior número de enxames (método preferencial usado em Portugal).
As abelhas são profissionais a criarem mais abelhas, e boas rainhas saem de caixas com adequado número de abelhas, fluxo de pólen e néctar…e se possível de uma matriarca de qualidade! Só neste último ponto é que o nosso trabalho é importante, pois podemos escolher o que queremos exatamente ao criar rainhas.
A minha opção passa por aqui, mas é apenas uma opção. Pois quero fazer em algumas semanas 120 núcleos que estejam em menos de 1 mês prontos a ir para colmeia de 10Q e se possível ainda produzam algo na mesma campanha. Ao fazer isto terei imensas rainhas irmãs, e estou portanto a selecionar zangão para a próxima campanha. Este trabalho é difícil, os resultados não são imediatos…mas compensa na minha otica.
No entanto, é bastante viável que o médio apicultor use o desdobramento cego…sobretudo se não depender da apicultura para viver, com as vantagens de pool genético alargado que a tal está associado e com a enorme poupança de trabalho e logística que criar rainhas exige.
Direi que, o maior problema será deixar a população equilibrada. Mas se ficar equilibrada…nada contra essas rainhas! São tão boas ou melhores que as feitas por profissionais que exageram no número de realeiras que pode uma colmeia criar. São precisas 400 amas para criar bem uma realeira!
Bom dia Afonso
Partilhamos da mesma opinião acerca da qualidade das rainhas de emergência. Criadas em boas condições são tão boas ou melhores que as rainhas produzidas através de translarve. Daí a minha estranheza que nos cursos e palestras de apicultura a que tenho assistido, onde os apicultores presentes só necessitam de fazer meia-dúzia ou uma dúzia de abelhas rainhas por ano se insista tanto e se detalhe tanto o método de translarve, passando superficialmente pelos outro métodos de criação de rainhas. Pior ainda quando se deixa no ar a ideia que as rainhas criadas por translarve são a melhor opção para criar rainhas de qualidade. Na minha opinião é um mau serviço que os formadores estão a prestar ao seu público. A casa começa-se pelos alicerces não pelo telhado.
A ideia de colocar um quadro com criação no novo núcleo que está a criar a sua rainha 5 a 7 dias após a formação do mesmo, também a tenho utilizado e, sempre que for possível, recomendo-o.
Acerca do aproveitamento de realeiras de enxameação eu também faço como o Dino, salvaguardando que em colmeias que com meia-dúzia de quadros de abelhas no ninho se me surgem mestreiros de enxameação, nessa colmeia destruo-os assim como à rainha. Procedo a uma selecção negativa nestes casos. São, contudo, situações que surgem muito pouco nos meus apiários. Uma nota para se ter bem em atenção, verificar se nestes casos se trata de uma situação de enxameação ou antes de uma substituição natural da rainha. Onde surge mais o fenómeno da enxameação são em colmeias com mestras com mais de um ano, em colmeias muito fortes e por aquilo que começo a verificar com um padrão de desenvolvimento muito acelerado à saída do inverno. Nestas há que estar muito atento. Os registos do histórico das colmeias permite-me ver com alguma facilidade e antecipação este ritmo acelerado de desenvolvimento destas colmeias e tomar as devidas medidas de arrefecimento e de expansão do ninho e, caso seja necessário, a sua divisão.
Relativamente aos ganhos de produção alcançado através da criação de rainhas por translarve aceito facilmente que podem acontecer, mas muitas vezes esses ganhos são empolados. Sobre este assunto em particular conto apresentar um post com as contas todas bem feitas e, por essa razão, não me vou alargar mais para não esvaziar o seu conteúdo.
O núcleo cego é uma opção ao translarve mas está muito longe de ser a única. O núcleo cego é na minha opinião a pior opção para fazer rainhas novas e só o utilizo em casos de enxameação eminente. Entre o núcleo cego e o translarve existem várias opções que os cursos de formação de novos apicultores não aborda ou parece desconhecer. Daí a minha opinião, a qual já conheces, de que nem todo o dinheiro gasto na formação de novos apicultores é bem gasto, nem todo o dinheiro gasto na subsidiação dos acariciada é mal gasto. O mundo não é a preto e branco.
Um abraço!