litoral centro: avaliação da taxa de infestação por varroa no final de agosto e tratamento

Ontem, acompanhei o Marcelo Murta na realização de duas tarefas nas colónias que tem assentes no seu apiário nas proximidades de Coimbra: 1) avaliação da taxa de infestação por varroa em abelhas adultas; 2) aplicação por gotejamento de ácido oxálico diluído em xarope de açucar.

Como referi nesta publicação, no dia 19 de Julho o Marcelo fez a avaliação da taxa de infestação e deparou-se com 8,14% e 8,4% de infestação em duas colónias (13% das colónias no apiário).

Como é um apicultor munido de um bom arsenal de conhecimentos e forte motivação, sabia que tinha que fazer descer essa taxa para abaixo dos 2% com o objectivo de garantir abelhas saudáveis e ficar tranquilo com os desafios que as suas colónias vão enfrentar no final do verão e na entrada do outono. E com essa motivação iniciou o terceiro tratamento do ano nos últimos dias de julho. Utilizou o Amicel em três rondas, com espaçamento de 12 dias entre as duas primeiras aplicações da tira de Amicel e de 8 dias para a terceira tira.

Ontem, 31 de Agosto, os resultados da medição da actual taxa de infestação nas colónias anteriormente avaliadas em julho são muito positivos: 0,86% e 1,02%.

Avaliação da taxa de infestação em cerca de 300 abelhas adultas através da lavagem em álcool.

Ainda que as taxas de infestação actual não sejam preocupantes, o meu amigo decidiu aproveitar a ausência de criação ou a pouca criação nas suas colónias para as gotejar com ácido oxálico diluído em xarope de açúcar. Como diz o Marcelo não devemos ser reactivos, sim pró-activos. E deste princípio os seus ganhos são evidentes: neste ano e até à altura a mortalidade por varroose é zero.

Aplicação de 5 ml da mistura por cada espaço entre os quadros, segundo uma formulação proposta por Randy Oliver.
Decidiu pela formulação “hot” porque as colónias em Coimbra não vão passar por um período longo sem criação — 60 grs. de ácido + 600 ml de água + 600 grs. de açúcar.*

Entre as diversas trocas de impressões disse-lhe que esta opção me fazia lembrar um apicultor norte-americano com +3000 colónias, que tem como princípio não esperar que a taxa de infestação chegue aos 3%, para ele um limiar já demasiado alto e com riscos de os tratamentos falharem; prefere tratar para ter os níveis de infestação abaixo ou igual a 1%: trata não para fazer descer os níveis de infestação mas para evitar que eles subam; não confia cegamente em nenhum medicamento, acredita neles todos, na sua utilização frequente e diversificada**.

Assim como para a prevenção da enxameação é necessário andar um mês à frente das colónias, também o controlo da varroose nos obriga a estar, não um, mas dois meses à sua frente.

*https://scientificbeekeeping.com/oxalic-acid-treatment-table/

**https://honeybeehealthcoalition.org/wp-content/uploads/2021/06/Commercial_Beekeeping_060621.pdf

2 comentários em “litoral centro: avaliação da taxa de infestação por varroa no final de agosto e tratamento”

  1. Boa tarde Eduardo!
    Mais uma vez quero dar-lhe os parabéns pelos seus excelentes artigos e pela sua enorme paixão pela apicultura. Achei particularmente úteis os seus últimos artigos acerca dos tratamentos com ácido fórmico e com o ácido oxálico. Sou apicultor no concelho do sabugal e gostaria de saber onde se podem adquirir os referidos tratamentos.
    Um forte abraço!

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