Os esforços para seleccionar abelhas resistentes ao varroa têm sido muitos nos últimos 30 anos, contudo o progresso tem sido exasperadamente lento, com avanços e retrocessos de geração para geração. Uma das razões para a pouca solidez nos avanços está no facto de a selecção ser feita ao nível da colónia, segundo Kasper Bienefeld, investigador na área Genética, Bioinformática, Zootecnia e criopreservação de sémen de abelhas. Segundo este especialista:
“A desoperculação e a remoção da cria infestada assume-se ser características importantes para a resistência ao Varroa. Tradicionalmente, a seleção em programas de melhoramento de abelhas é realizado com base no desempenho da colónia […] mas a seleção ao nível da colónia pode não ser muito eficiente para criação de resistência ao Varroa porque há variações significativas intracoloniais, causadas pelos
múltiplos acasalamentos da rainha e consequentemente as colónias são compostas por diversas sub-famílias de operárias com diversas origens paternas.
Tendo este aspecto em conta, começámos a selecionar linhas para a resistência ao Varroa assente no comportamento higiénico de abelhas operárias individuais
( ver foto em baixo) durante uma observação de vídeo de infravermelhos durante 6 dias (Bienefeld et al., 2016).
Estas abelhas operárias muito higiénicas, identificadas individualmente através da visualização do vídeo, foram induzidas a fazer postura de ovos não fertilizados. Estes ovos não fertilizados são deixados terminar o seu ciclo de desenvolvimento, dão origem a zângãos, cujo esperma é usado para inseminação de rainhas. Consequentemente, estas abelhas operárias raras, com elevada capacidade sensorial para detectarem larvas/pupas infestadas pelo Varroa, são usadas como pais para a próxima geração.”
É óbvio para mim que esta metodologia de selecção está apenas ao alcance de uma equipa de investigação. Contudo interessou-me por: (i) destacar que este ou aquele traço que nos interessam quando observamos uma colónia podem depender sobretudo de uma das várias sub-famílias que compõe aquela colónia e (ii) nos ajudar a compreender as razões dos avanços e retrocessos que temos assistido nestes últimos 30 anos de esforços para ter linhas estáveis de abelhas resistentes ao varroa, quando fazemos selecção ao nível da colónia e com base no seu pedigree.
fonte: https://dergipark.org.tr/tr/download/article-file/859474