o varroa destructor alimenta-se principalmente de tecido do corpo gordo da abelha e não de hemolinfa

“O ácaro Varroa destructor é a maior causa per se do declínio global da saúde das abelhas melíferas. Uma melhor compreensão da relação entre este parasita e seu hospedeiro é fundamental para o desenvolvimento de práticas de maneio sustentável. O nosso trabalho mostra que este parasita externo não consome hemolinfa, como se pensava, mas prejudica as abelhas hospedeiras consumindo o corpo gordo, um tecido aproximadamente análogo ao do fígado nos mamíferos. Na nossa investigação tanto a hemolinfa como o corpo gordo das abelhas foram marcados com bio-sinalizadores fluorescentes. O perfil de fluorescência nos intestinos dos ácaros que se alimentaram destas abelhas era muito diferente do introduzido na hemolinfa da abelha hospedeira, e correspondia consistentemente ao perfil de fluorescência exclusivo do corpo gordo. Através da microscopia eletrónica de transmissão, observámos tecido do corpo gordo parcialmente digerido nas feridas de abelhas parasitadas. Os ácaros na sua fase reprodutiva foram então alimentados com uma dieta composta de um ou de outro dos tecidos. Ácaros alimentados com hemolinfa mostraram (in)capacidade de se reproduzir semelhantes às do grupo controle não alimentado. Ácaros alimentados com tecido do corpo gordo sobreviveram por mais tempo e produziram mais ovos do que aqueles alimentados com hemolinfa, sugerindo que o corpo gordo é parte integrante de sua dieta quando se alimentam também de larvas de abelhas. No conjunto, estas descobertas sugerem fortemente que o Varroa consome o corpo gordo como sua principal fonte de sustento: o corpo gordo é um tecido essencial para a adequada função imunológica, desintoxicação de pesticidas, sobrevivência no inverno e vários outros processos essenciais em abelhas saudáveis. Estas descobertas realçam a necessidade de revisitar a nossa compreensão deste parasita e seus impactos, diretos e indiretos, sobre a saúde das abelhas melíferas.”

fonte: https://www.pnas.org/content/116/5/1792

  Fig. 1: Vista ao microscópio electrónico do corpo gordo de uma abelha

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