criando as condições para que as colónias produzam naturalmente mestreiros de boa qualidade

Sempre que não tenho a pressão de clientes para lhes fornecer um número gordo de colónias até determinada data ou não desejo introduzir “sangue novo”, razões para adquirir rainhas virgens ou fecundadas aos bons criadores que tenho no nosso país, prefiro utilizar os mestreiros que as colónias vão produzindo nesta época do ano para aumentar o meu efectivo. E actualmente é este o contexto da minha operação, sem a pressão que tive até recentemente, profissão que hoje é vivida mais como um hobby e me permite certos luxos de tempo, algumas delicadezas e um pouco de experimentalismo no maneio.

Colónia armazém que apresentava indícios de ter iniciado um processo de enxameação.
Indício inequívoco do processo de enxameação: vários mestreiros na sua fase inicial de desenvolvimento.
Rainha encontrada é colocada num núcleo com mais um ou dois quadros com alguma criação e reservas.

Depois de orfanada a colónia mãe (neste caso a colmeia armazém) é deixada intocada por 5 ou 6 dias. Nestas colónias super-povoadas os mestreiros embrionários, isto é, mestreiros com as larvas muito jovens das futuras rainhas vão continuar a ser alimentadas, aquecidas e atendidas por um grande número de abelhas ama, pré-requisito essencial para a qualidade das rainhas. Passada esta meia-dúzia de dias, volto ao apiário para dividir estas colónias em três colónias (2 no mínimo, 4 no máximo), fazendo o melhor aproveitamento/divisão possível dos mestreiros e abelhas presentes.

Aspecto interessante: aparentemente as abelhas roeram/rebaixaram um pouco os alvéolos nesta zona do quadro para poder construir mais verticalmente os mestreiros. A cera nova, mais maleável, ajuda as abelhas a fazê-lo.
Dois belos mestreiros, que ultrapassam o travessão inferior do quadro, parcialmente ocultos pelas abelhas.
A colónia mãe, orfanada e com 2 a 3 mestreiros com 6 a 9 dias.
E mais duas colónias filhas, também orfanadas e com os respectivos mestreiros a concluir a sua maturação durante a próxima semana.

Estas três colónias são colocadas muito próximas umas das outras para potenciar uma melhor distribuição das abelhas campeiras entre elas.

E alimentadas… caso não o estejam a ser.

Nestes últimos dias terei produzido entre 40 e 50 novas colónias e até à data tenho uma elevada convicção que nenhuma colónia enxameou. Dados os condicionalismos das condições edafo-climáticas nos últimos 15 a 20 dias, frio e chuva muito frequente e fluxo frouxo, as colónias não entram em modo de armazenamento e estão a “optar” pelo modo de enxameação. O trabalho de inspecção das colmeias tem sido feito com intervalos de tempo muito curtos em dois apiários a 600 m de altitude, ainda que limitado pelas condições climatéricas. O terceiro apiário, a 900 m de altitude, tem recebido menos atenção. É um apiário onde o período de enxameação começa 2 a 3 semanas mais tarde, e estou a contar com este desfasamento para me concentrar nas demoradas tarefas de inspecção e divisão das colónias dos apiários situados em cotas mais baixas.

2 comentários em “criando as condições para que as colónias produzam naturalmente mestreiros de boa qualidade”

  1. Boa tarde Sr. Eduardo!
    Desde já agradeço a sua partilha de informação que me tem sido muito útil!
    Queria pedir a sua opinião, se acha que ainda é viável efetuar desdobramentos nesta altura do ano!
    Tenho três colmeias muito fortes, com bastante reservas, situadas numa zona onde está agora o castanheiro com flor (Vila Pouca de Aguiar).
    Muito obrigado!

    1. Bom dia, Pedro! A apicultura é muito determinada pelo local. A minha sugestão, para aumentar o seu grau de certeza quanto à probabilidade de os desdobramentos serem bem sucedidos em Vila Pouca de Aguiar, é procurar saber o que fazem a esse respeito apicultores estabelecidos e bem sucedidos nessa zona. Os factores necessário mais universais são: a presença de zângãos nas colónias, temperaturas máximas que não ultrapassem os 35ºC, ventos fracos e ausência de chuva nos dias para os quais que se prevêem os vôos de fecundação (4 a 6 dias após a emergência das rainhas virgens). Um factor novo a considerar é a presença da V. velutina. Obrigado também pelo seu feedback! Boa sorte se decidir desdobrar. Abraço.

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