um efeito materno na produção de abelhas rainhas (nem todos os ovos nascem iguais)

Será que os ovos que originarão rainhas e os ovos que originarão obreiras são exactamente iguais? Esta interrogação acompanha-me praticamente desde que me iniciei na apicultura, há 10 anos atrás. Em junho de 2017 atrevi-me a colocar publicamente esta interrogação (ver aqui). Hoje vejo confirmado neste estudo, publicado há poucos dias atrás, neste ano de 2019, que a minha interrogação de há 10 anos é pertinente, tem razão de ser, e é realista.

“O paradigma dominante para as abelhas (Apis mellifera) é que as castas são ambientalmente e não geneticamente determinadas, estando o ambiente e a dieta de larvas jovens na origem da diferenciação de castas. Um papel para os efeitos maternos não foi considerado, mas aqui mostramos que o tamanho do ovo também influencia o desenvolvimento da rainha. Verificámos que as rainhas depositavam ovos significativamente maiores nas taças/cálices reais que nos alvéolos de operárias. Ovos depositados em taças/cálices reais, ovos depositados em alvéolos de obreiras e larvas de 2 dias de alvéolos de obreiras foram transferidos para cúpulas artificiais de rainhas para serem criados como rainhas num ambiente padronizado. As rainhas adultas, recém-emergidas, originárias de taças/cálices reais, eram mais pesadas que as dos outros dois grupos e tinham mais ovaríolos, indicando uma consequência do tamanho do ovo na morfologia da rainha adulta. Análises de expressão génica identificaram vários genes com uma expressão significativamente diferente entre rainhas originárias de taças/cálices reais e aquelas originárias dos outros dois grupos experimentais. Estas diferenças incluíam um número maior de genes envolvidos na sinalização hormonal, desenvolvimento do corpo e níveis mais altos de imunidade, que são traços-chave que diferem entre rainhas e operárias. Em conclusão, o tamanho do ovo influencia a morfologia e fisiologia da rainha recém-nascida/emergida e o facto de as rainhas depositarem ovos maiores em taças/cálices reais demonstram um efeito materno da rainha na expressão do fenótipo e um papel mais ativo desta na produção da sua descendência real do que previamente se julgava.”

fonte: https://www.cell.com/current-biology/pdfExtended/S0960-9822(19)30673-6

Um comentário em “um efeito materno na produção de abelhas rainhas (nem todos os ovos nascem iguais)”

  1. Boa Tarde Eduardo.
    Mais um estudo que prova o que tenho sempre dito, e que muitos apicultores me chamam antiquado.
    Sempre disse que antes queria fazer enxames com realeiras de colmeias que enxameiam , ou fazem realeiras de substituição, do que fazer enxames com realeiras ou mestra feitas pelo método de translarve.
    E pena que estes últimos anos não consegui fazer muitos enxames , pelo motivo de ter poucas colmeias que enxamiaram.
    Este ano resolvi fazer um translarve, porque tinha um colmeia que tem vindo a encher as medidas, tanto em produção, limpeza, arranque, mansidão e varroa.
    É uma abelha ligeiramente amarelada, muito idêntica a abelhas que vieram do sr. kefuss.
    Fiz vinte enxames desta matriarca, mais uma vez vou testar o método de translarve, depois de muitos anos o ter abandonado. A ver vamos !

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