varroa destructor, esse grande desconhecido

No passado dia 31 de julho, fiz esta pequena publicação no meu mural do FB, relatando o que podem ler.

No seu útimo webinar (infelizmente indisponível por enquanto) Samuel Ramsey, este jovem e genial investigador, veio revelar algumas das suas mais recentes descobertas. Entre outras, esta descoberta, aqui relatada nas palavras de P.H. um membro da lista do fórum Bee-L, e que vem contribuir para compreender o que relatei nesse dia 31 de julho : “Uma apresentação verdadeiramente magistral! Graças ao NY Bee Wellness. Entre os novos fatos apresentados este:

  • o Varroa tem a capacidade de “suster a respiração” dobrando/fechando os seus canais respiratórios. Pode sobreviver várias horas submerso em álcool e com possíveis implicações na [menor] eficácia dos acaricidas que funcionam por evaporação [timol e fórmico], especialmente nos tratamentos de curta duração/flash.”
Samuel Ramsey, tem feito investigação “fora da caixa” e devidamente sustentada em observações empíricas. O melhor de dois mundos!

Nota 1: sobre uma outra notável descoberta de Samuel Ramsey podem ler mais aqui;

Nota 2: Na Europa estão identificadas populações de varroa resistentes aos vapores do timol. Sabemos também que os tratamentos flash com fórmico estão associados a maiores taxas de mortalidade de colónias na Áustria. É possível, com estes tratamentos flash por evaporação, que estejamos a seleccionar as varroas com maior capacidade de “suster a respiração”. E são essas que, sobrevivendo, vão passar as suas características às gerações seguintes. Darwin, e outros de lá para cá, explicaram estes mecanismos de sobrevivência dos indivíduos mais adaptados e transmissão aos descendentes dessas características que favorecem a adaptabilidade há quase 170 anos.

influência do clima na evolução da varroose: estudo espanhol

Este estudo espanhol (1995) aborda a influência de três tipos de clima na evolução da varroose. Este é um assunto que me interessa particularmente dado que verifico que a varroose nos meus apiários a 600m de altitude é, em geral, mais difícil controlar (felizmente não tem sido impossível, apenas mais difícil) do que nos apiários a 900m. Como estão apenas distanciados uma a três dezenas de quilómetros não posso afirmar que estejam em zonas com tipos de clima diferentes. Contudo há aspectos de pormenor que os distinguem, em especial as temperaturas mínimas, mais baixas nos apiários a 900m, e os diferenciais entre as temperaturas mínimas e as temperaturas máximas, mais elevados nos apiários a 900m. Extrapolando os dados do estudo para a minha realidade, estes factores estarão a abrandar a dinâmica de crescimento das populações de varroa nos meus apiários a mais alta altitude. Pela minha constatação, a olho, deste fenómeno, inverno sempre um número maior de colónias nos apiários de altitude. As abelhas, pelo que vou vendo ano após ano nestes apiários de montanha, lidam muito bem com o frio, estando devidamente desparasitadas e devidamente fornecidas de alimento e com populações acima das 7000- 8000 abelhas (4 quadros cobertos de abelhas mínimo para não correr riscos desnecessários).

“Resumo: Estudámos a dinâmica da população de V. Jacobsoni [alguns anos mais tarde os especialistas concluíram que o haplotipo presente na Península Ibérica era o haplotipo coreano V. destructor] na Andaluzia, no
sul da Espanha, região onde existem grandes contrastes climáticos. Realizou-se amostragem mensal, de julho de 1990 a outubro de 1992, sem tratamento acaricida, em 26 colmeias distribuídas em 9 apiários em toda a Andaluzia, com exceçpão de uma colmeia localizada em Cáceres. Estas zonas correspondem às seguintes 3 regiões climáticas: Mediterrâneo continental e oceânico (MCO), Mediterrâneo continental (CM) e Mediterrâneo subtropical (MS). O desenvolvimento das populações de ácaros foi estudado levando-se em consideração os seguintes parâmetros: mortalidade natural (M), taxa de infestação de abelhas adultas (TIA) e taxa de infestação de criação (TIC). As taxas de infestação para os 3 tipos de climas foram, respectivamente, 9,9; 4,1 e 6,1 ácaros por 100 abelhas adultas. Da mesma forma, as taxas de infestação de cria foram 34,2; 17,8 e 24,8 ácaros por 100 alvéolos. O período de máxima infestação variou dependendo da região climática. Os valores globais para as 3 regiões estudadas foram de 8,2 ácaros por 100 abelhas e 29,5 ácaros por 100 alvéolos.”

Deixo em baixo a caracterização que os autores fazem das três regiões climáticas.

  • i) O Vale do Guadalquivir, a linha de costa oceânica e a Extremadura, que representam uma área com clima mediterrânico predominantemente continental, mas com uma orla costeira de clima mediterrânico oceânico; toda esta zona sendo considerada como uma região climática (MCO), caracterizada por uma temperatura média anual de 18 ° C e uma humidade relativa média bastante elevada. Estabelecemos 12 colónias em 6 locais diferentes. [região com as mais elevadas taxas de infestação nas abelhas adultas e criação];
  • ii) A área dos planaltos da Andaluzia oriental e do sulco Intrabético tem um clima mediterrâneo continental (CM) com uma temperatura média anual entre 13 ° C e 15 ° C e uma variação térmica anual bastante elevada (a partir de 7 ° C a 20 ° C). A humidade média é mais baixa do que na região climática anterior e os períodos de geada são bastante frequentes. Nós amostrámos 8 colónias localizadas em 2 locais. [região com as mais baixas taxas de infestação nas abelhas adultas e criação];
  • iii) A zona da costa mediterrânica subtropical (MS), de clima mediterrâneo subtropical, apresenta oscilações térmicas fracas, um inverno ameno e uma temperatura média anual de 18 ° C a 19 ° C. Nesta área, estudamos 6 colónias localizadas no mesmo local. [região com taxas intermédias de infestação nas abelhas adultas e criação].

fonte: https://www.apidologie.org/articles/apido/pdf/1995/05/Apidologie_0044-8435_1995_26_5_ART0002.pdf

Nota 1: numa futura publicação conto apresentar outras explicações, desta feita com a ênfase colocada nas diferenças entre a condução das colónias a 600 m e as colónias a 900 m que, na minha opinião, estão subjacentes a diferentes dinâmicas de evolução das populações de varroa.

Nota 2: bons tempos, ou menos maus, onde era possível ter colónias a sobreviverem sem aplicação de acaricidas mais de dois anos. É bem revelador que actualmente a crescente gravidade da varroose parece ser mais função do aumento de virulência dos vírus veiculados pelas varroas, em particular os vírus das asas deformadas e os vírus da paralisia aguda, do que nas varroas per si.

abelhas resistentes: aprender com quem faz bem o trabalho

Como já referi, o esforço na selecção de linhas resistentes é meritório. Contudo a transferência destas linhas resistentes para os apiários dos apicultores europeus e norte-americanos está a processar-se a conta-gotas, com a consequente diluição do traço resistente ao longo do tempo. Mais, os dados de inquéritos de grande escala a apicultores europeus e norte-americanos revelam que estas linhas não estão a sobreviver mais do que as linhas não resistentes. No caso ibérico coloca-se ainda o problema de actualmente faltarem programas sustentados e credíveis de desenvolvimento de linhas resistentes com a abelha autóctone.

O que interessa aos apicultores que adquirem linhas resistentes? Basicamente que as linhas resistentes sobrevivam mais e com menos cuidados (menos acaricidas e menos monitorização) e produzam tanto ou mais que as linhas não resistentes. Como disse atrás, não é isso que os apicultores inquiridos verificam nas suas linhas resistentes: morrem em igual número.

Talvez seja altura de questionarmos se os traços para os quais se está a seleccionar, especialmente o VSH, o grooming e o REC, serão os indicados.

Costuma-se dizer que se queremos aprender a sério devemos aprender com aqueles que fazem bem o trabalho. Neste caso de resistência ao Varroa é a Apis cerana que está a fazer bem o trabalho. Resiste há muito ao Varroa. E como faz a A. cerana para resistir?

Foi descoberto recentemente um comportamento nestas colónias que pode explicar boa parte da sua resistência. Está descrito neste artigo (li-o pela primeira vez há uns anos atrás, e decidi referi-lo só agora, depois de o Randy Oliver o ter referido no Bee-L há umas semanas atrás, dizendo que poderá ser o caminho para criar linhas de abelhas mais resistentes que as actuais existentes no mercado das linhas resistentes).

De uma forma muito sumária, foi descoberto um comportamento de “suicídio altruísta” das larvas e pupas da A. cerana quando feridas pelo Varroa.

Na linha de cima vemos a expressão deste comportamento de “suicídio altruísta” ou “apoptose social”, larvas infestadas que “decidem” não continuar o seu desenvolvimento após serem feridas pelo Varroa, “decidem” deixar-se morrer. Foi feito um teste (ler artigo) que mostra de forma transparente que as larvas da A. cerana se deixam morrer, mesmo quando feridas de forma não letal. Na linha debaixo vemos pupas de um grupo de controle não infestado.

Os autores escrevem “Assim, a suscetibilidade significativamente maior da criação infestada por ácaros do hospedeiro original de V. destructor [A. cerana] leva a um comportamento higiénico mais eficiente, fornecendo uma base para a sobrevivência da colónia de abelhas ao parasitismo e constituindo uma característica de resistência adicional do hospedeiro original deste parasita . Nossos resultados fornecem uma explicação mais parcimoniosa para as diferenças marcantes no impacto de infestações pelo haplótipo coreano de V. destructor entre as espécies de abelhas melíferas ocidentais [europeias] e orientais. A suscetibilidade da criação também pode contribuir para a sobrevivência da colónia à infestações de ácaros V. destructor em populações de A. mellifera naturalmente resistentes.

fonte: https://www.nature.com/articles/srep27210

Obviamente, para mim, a solução está em aprender com a A. cerana, não em importar a A. cerana para o nosso país/Europa. Onde estão os estudos do impacto ambiental que decorrem da hipotética introdução desta espécie no nosso país/Europa? Aparentemente alguns apicultores, que se dizem amigos do ambiente e do ecossistema, estariam dispostos a introduzir um sério competidor por néctar e pólen, e que resistindo ao ácaro e com o elevado comportamento de enxameação que lhe é característico, muito provavelmente se tornaria uma população dominante, contribuindo inexoravelmente para a exaustão dos recursos melíferos tão necessários aos nossos insectos polinizadores, em particular os polinizadores selvagens que tantos riscos já correm. E tudo para terem ganhos de curto-prazo!? E ao mesmo tempo criticam os importadores e bodegueiros que trabalham com mel chinês por verem apenas os seus ganhos de curto-prazo!?

monitorização da taxa de infestação por varroa: algumas reflexões

As minhas notas dizem-me que foi em 2014. Nesse ano munido da melhor ciência que conhecia, decidi iniciar o segundo tratamento para controlar a varroose tendo suporte na informação que recolhi através da monitorização de cerca de 20% das minhas colónias. A técnica que escolhi na altura para avaliar a taxa de infestação está aqui descrita. Os dados que obtive em finais de julho nesta amostra de colónias indicavam uma taxa de infestação a tocar os 1,6%. Munido deste valor e da melhor ciência que conhecia na altura, que indicava (e continua a indicar) que o número de varroa duplica por mês, e que o limiar económico da taxa de infestação para iniciar os tratamentos não deve ser superior a 3% neste período pós-cresta, iniciei o segundo tratamento em finais do mês de agosto.

Com a ajuda de minha esposa, este ano voltei novamente a utilizar a técnica de lavagem de abelhas para ter um indicador da eficácia do tratamento intermédio que utilizei.

2014 foi último ano em que a mortalidade por varroose chegou aos 18%. Apesar de ter feito tudo “by de book”, com base na melhor ciência que conhecia, comecei a questionar-me sobre os procedimentos. Esta dúvida em particular, não me deixou mais: se as taxas de infestação não são uniformes entre as colónias, como poderei convencer-me que uma amostragem de 20% das colónias vai espelhar com rigor a taxa de infestação de todas as colónias no apiário?

De lá para cá, por tudo o que tenho observado nas minhas colónias, por tudo o que tenho lido (em especial o que é escrito pelo Randy Oliver acerca dos casos de colónias outliers, que sempre encontra quando testa as suas 1600 colónias), convenci-me que decidir tratar ou não tratar, avaliar se o tratamento foi ou não eficaz, tudo isto com base em amostras que deixam de fora 80% ou mesmo 70% das colónias de um apiário não é suficientemente confiável. Para mim não é!

David Tarpy, um dos nomes mais proeminentes da apicultura norte-americana, investigador e extensionista de enorme reputação, escreve o seguinte a este respeito: “As recomendações atuais são monitorizar todas as colónias de abelhas quanto à infestação do ácaro Varroa, de preferência várias vezes ao longo de uma temporada, para determinar se e quando o tratamento é necessário. Também é recomendado que várias técnicas de amostragem sejam empregadas para garantir que uma medida precisa seja obtida para cada colmeia.”

Monitorizar sim, claro que sim, e acrescento: monitorizar devidamente… para não iludirmos a pessoa mais fácil de iludir: nós próprios.

perdas de colónias de abelhas no inverno de 2018/19 na Áustria: os dados [a análise]

No inquérito COLOSS de 2019, um total de 1.534 apicultores austríacos com 33.651 colónias relataram uma taxa de perdas de 15,2% no inverno de 2018/2019.

Deixo em baixo um conjunto de dados resultantes deste inquérito que mereceram a minha atenção e uma breve [análise pessoal]:

  • mais da metade (51,4%) dos apicultores participantes perderam entre 0–10% de suas colónias durante o período de inverno e 30,3% perderam mais de 20% [os apicultores de pequena dimensão perdem em média mais colónias que os apicultores de maior dimensão; estes dados replicam os dados conhecidos na região alsaciana francesa];
  • a altitude do local principal do apiário de inverno mostrou taxas de perda significativamente mais baixas para elevações mais altas: 601–800 m: 13,0%; 800 m: 11,8%; do que os grupos intermediários: 201-400 m: 17,0%; 401-600 m: 16,6% [nos meus apiários, dois a 600m e outros dois a cerca de 900m tenho verificado mais dificuldade em controlar a varroa no verão/outono nos apiários a mais baixa altitude];
  • os apicultores que compraram cera fora de sua própria operação, tiveram uma taxa de perda significativamente maior (perdas de 17,4%) do que os participantes que utilizaram a sua própria cera (perdas de 14,0%);
  • outra questão dizia respeito à quantidade de quadros antigos que foram trocados no verão anterior. Quando as taxas de câmbio são mais altas (> 30%) identifica-se uma tendência de menor taxa de perda, mas sem diferença significativa entre as categorias;
  • os apicultores que monitoraram o nível de infestação de varroa tiveram uma taxa de perda significativamente menor (14,7%) do que aqueles que não monitoraram (21,7%) [no artigo lido não são identificadas as técnicas de monitorização utilizadas];
  • a remoção de criação de zângãos realizada apenas na primavera, apenas no verão, e em ambas as estações não teve um efeito de diminuição nas perdas de inverno em comparação com a ausência de remoção de criação de zângãos [estes dados estão em consonância com os dados recolhidos em França, na região da Alsácia];
  • relativamente à estratégias/combinações de tratamentos os dados são: a combinação de métodos mais usada (1) ácido fórmico -com libertação longa no verão – e ácido oxálico gotejado no inverno foi a combinação com a taxa de perda significativamente menor (10,8%); a segunda combinação mais frequente (2) de ácido fórmico – com libertação rápida/flash no verão – e ácido oxálico gotejado no inverno com perdas de 16,1% [aparentemente a libertação lenta do ácido fórmico é mais efectiva que a libertação rápida/flash do ácido fórmico];
  • as maiores taxas de perda foram observadas para ácido fórmico – com libertação rápida/flash no verão e ácido oxálico gotejado no verão e inverno – com uma taxa de perda de 26,9%. O tratamento único com ácido fórmico – com libertação rápida/flash no verão – estão associadas a mortalidade de 22,4 % [aparentemente fazer dois tratamentos com ácido oxálico gotejado, um no verão e outro no inverno, tem um impacto negativo na sobrevivência das colónias no período invernal];
  • não foi encontrada nenhuma diferença na taxa de perda de inverno entre as colónias em favo natural e as colónias com cera laminada [neste inquérito o favo natural não evidenciou os alegados impactos positivos na sobrevivência das colónias];
  • as colónias com rainhas criadas a partir de linhas tolerantes/resistentes à Varroa não tiveram mortalidade inferior às colónia de linhas não resistentes [neste inquérito as linhas de abelhas resistentes não evidenciaram os alegados impactos positivos na sobrevivência das colónias. Nos EUA verificou-se o mesmo: ver aqui].

fonte: https://www.mdpi.com/1424-2818/12/3/99/htm

crescimento exponencial da população de varroas: o “r” e outros números

Para entendermos de uma forma simples o crescimento exponencial o cenário abaixo é ilustrativo:

Um artesão decide que irá fazer potes de barro ao longo de 16 dias, duplicando a sua meta diária de produção todos os dias. No dia 1, ele produz apenas um pote, no dia 2, ele duplica a sua produção e termina duas peças. No dia 3, já são quatro potes produzidas num só dia e no dia seguinte, são 8. Caso ele siga este comportamento nas próximas duas semanas, quando chegar ao dia 16, terá que produzir 32.768 potes num só dia.

O número de peças feitas, resultado da soma de todos os dias de confecção, serão 65.535 potes produzidos ao longo de 16 dias, representando um crescimento exponencial na produção.

Obviamente, quando se trata de produção, os seres humanos só conseguem ser exponenciais com o auxílio de máquinas. Contudo, se utilizarmos as bactérias, os vírus, os ácaros varroa como referência, todos eles são capazes de cumprir esta tarefa por conta própria. Analisemos com mais detalhe o caso do ácaro varroa.

Uma fotografia espetacular de um ácaro fêmea totalmente escelerotizado pronto para emergir de um alvéolo. O Varroa é um parasita primorosamente adaptado à abelha, com todos os aspectos de sua anatomia e comportamento ajustados por via da tentativa e erro evolutiva [co-evolução] para sobrevivência no ambiente hostil (mas rico em recursos) de uma colónia de abelhas. Foto de Gilles San Martin.

“A Varroa está no paraíso quando as colónias expandem a criação, em particular quando há muita criação de zângãos. Durante este período de tempo (a fase de crescimento linear da população de abelhas), a Varroa é capaz de se reproduzir com sucesso com uma taxa elevada, mais que dobra sua população a cada mês.

Nota científica: o aumento percentual de uma população ao longo do tempo é denominado taxa de crescimento populacional. Em condições ideais, esta taxa de crescimento para várias espécies é exponencial e é quantificada como a taxa intrínseca de aumento. Os biólogos quantificam essa taxa de aumento por meio de um valor diário denominado “r (dia)”. O r (dia) da Varroa em abelhas europeias não resistentes, durante os períodos de crescimento linear da população de abelhas, está quantificado em torno de 0,021.

Nas épocas do ano em que a criação está presente, a população de ácaros numa colmeia de abelhas melífera europeia típica aumentará de forma exponencial. Conforme ilustrado pelo gráfico acima, a população de ácaros cresce numa colónia típica de 100 para mais de 8.000 em sete meses.

Aplicação prática: o acúmulo de Varroa é exponencial nestas alturas do ano em que a criação é abundante (dobrando a cada mês). Dificilmente nos apercebemos na fase de crescimento da população de abelhas, até que a diminuição de criação no final desta fase faz parecer que Varroa explodiu de repente. Além disso, um influxo de ácaros carregados por forrageadoras que pilham colónias a colapsar e por abelhas que derivam pode aumentar a população varroa neste período crítico [na minha zona de finais de julho até finais de setembro].”

fontes: https://scientificbeekeeping.com/the-varroa-problem-part-9/ e https://scientificbeekeeping.com/the-varroa-problem-part-5/

É nesta época, meados de agosto ao fim de setembro, que mais me importa estar muito vigilante, abrindo com frequência semanal ou quinzenal as colónias e avaliar o seu estado sanitário uma a uma, durante e após o tratamento de verão. Os sinais/sintomas que me servem de referência são:

  • vejo ou não varroas sobre as abelhas;
  • vejo ou não abelhas com os abdómenes atrofiados;
  • vejo ou não abelhas com asas deformadas;
  • vejo ou não abelhas irritadiças ou mortiças;
  • vejo ou não abelhas demasiado dispersas nos quadros.

Aplico outros sistemas de monitorização, mas mais pontualmente. Esta monitorização visual tenho-a aplicado sistematicamente. Com este sistema de monitorização a taxa de mortalidade global/ano por todas as causas não tem ultrapassado os 10% desde 2014, situando-se abaixo dos 5% na maioria dos anos neste período.

resposta às perguntas do Randy Oliver

Numa das conversas que vou tendo ocasionalmente com o Randy Oliver através de e-mail, há poucos dias atrás perguntou-me: “You obviously follow how we do it in the U.S.  What are the main differences in beekeeping in Portugal?   And what do most beekeepers there use for varroa management?” (Obviamente acompanhas como fazemos nos EUA. Quais são as principais diferenças da apicultura em Portugal? E o que a maioria dos apicultores usam para o controlo da varroa?)

Sem pretensões a ser exaustivo, e muito menos desmesuradamente analítico, dei-lhe as minhas impressões na resposta que copio em baixo:

A minha mulher a ajudar-me a fazer apicultura em Portugal (foto de julho deste ano).

“Vou enviar alguns números globais: em Portugal, de acordo com os últimos dados oficiais (2018), havia cerca de 12 mil apicultores e 760 mil colmeias. Destes, apenas 1300 apicultores têm mais de 150 colónias (eu cheguei a 700, e agora tenho 170, fui vendendo para reduzir minha operação). Esses 1300 apicultores possuem 60% do número total de colónias.

As principais diferenças são estas, em minha opinião: nos EUA, a polinização traz bons rendimentos e segurança financeira aos apicultores comerciais/profissionais; aqui em Portugal este negócio da polinização começou a aumentar nos últimos 4 anos, devido à plantação de grandes pomares de amendoeiras numa zona do nosso país que passou a beneficiar de canais de irrigação. Porém os valores são bastante baixos, rondando os 20-30 euros por colónia.

Por outro lado, em Portugal e em muitos países europeus, a compra de acaricidas homologados é apoiada pelo Estado e pela UE na ordem dos 80%. Para você ter uma ideia, cada tratamento com tiras de Apivar custa ao apicultor cerca de 1,5 €. Dois tratamentos por ano são comparticipados.

Em Portugal, o produto da colmeia mais vendido é o mel, seguido do pólen e, em terceiro lugar, a própolis. O mercado de pólen é muito oscilante, com quedas e aumento de ano para ano em torno de 200% a 300%. Este ano, o mercado do mel a granel está a pagar mais do que nos últimos três anos: o mel multifloral a 3,50 €, o mel monofloral a 4,50 € e o mel de melada a 5 €.

A vespa velutina afasta muitos pequenos apicultores, embora muitas vezes atribuam à velutina a elevada mortalidade das colmeias quando de facto é a varroa que as mata. Porém, a falta de conhecimento para fazer um bom diagnóstico e talvez por vergonha, são levados a culpar a velutina. No entanto, a velutina está a desmoralizar muitos apicultores creio que porque é mais visível, mais observável em comparação com a varroa.

O tratamento mais utilizado é o Apivar e o Apitraz, mas muitos também utilizam formulações caseiras com amitraz em cartão. Há um número crescente de apicultores que notam uma diminuição na eficácia do Apivar e Apitraz. Este ano fiz pela primeira vez um tratamento intermédio com tiras de cartão de ácido oxálico. Até agora, nenhuma colónia morreu. Minha taxa de mortalidade no inverno nos últimos 7 anos não ultrapassou 5%, e muito graças ao que aprendo consigo.

Outra diferença, em Portugal ou não existem apicultores treatment-free, ou são poucos. Eu não conheço nenhum.

Randy, desculpe pela extensão da resposta. Se você tiver algum aspecto que queira abordar com mais detalhes, sinta-se à vontade para me perguntar.”

Nota 1: por que razão acho que a segurança financeira que os serviços de polinização oferece aos apicultores norte-americanos é assim tão importante? Uma vez mais repito o que já referi várias vezes, a principal ameaça à apicultura nacional em geral, e à apicultura profissional em particular, é a ausência de segurança financeira. As abelhas melíferas domésticas não correm actualmente perigo de extinção, mas o número de colónias depende inexoravelmente do retorno do investimento. Se esse retorno for cada vez mais incerto, ou pior, inexistente, o cenário de abundância relativa de abelhas melíferas domésticas pode mudar súbita e drasticamente por abandono da actividade de boa parte dos seus cuidadores.

Nota 2: por que razão acho que a comparticipação dos estados europeus e da UE na aquisição e consequente obrigação de tratamento da varroose, ao contrário do que se passa nos EUA é assim tão importante? As estatísticas globais de mortalidade invernal e estival de enxames dos últimos 20 anos colocam regularmente os EUA à frente da Europa. Sabendo que a varrooose e os vírus associados a esta doença são os principais indutores de mortalidade de colónias de abelhas, concluo que na Europa se está a abordar este problema de forma mais efectiva. Sabendo também que a principal diferença na abordagem está na comparticipação dos medicamentos na Europa, comparticipação inexistente nos EUA, na obrigação de tratar a varroose na Europa, em contraste com apenas a recomendação para tratar nos EUA, não posso deixar de considerar este um outro ponto muito saliente na diferença que encontro no modo como se faz na Europa por comparação com o modo como se faz nos EUA.

Incentivo os leitores a comentarem, e assim enriquecer, esta reflexão que fiz de forma tão sumária e pessoal às questões que o Randy me colocou.

o meu olhar sobre um apicultor californiano: Randy Oliver

Ler as publicações mensais do Randy Oliver é uma daquelas coisas que me dá enorme satisfação. Faço-o pelo menos há 10 anos, quando nas minhas deambulações pela “net-apícola” descobri o seu blog, logo nos primeiros anos da minha actividade apícola. Entre os muitos aspectos que me dá satisfação no trabalho que o Randy faz e na forma como o descreve no seu blog vou destacar estes:

  • é um apicultor que não orienta o seu maneio por crendices/dogmas antigos ou recentes. Prefere fazer a sua apicultura sustentada nos muitos dados dos ensaios controlados que ele ou outros fazem;
  • é um apicultor que gosta de dados numéricos, estatísticas, cálculos. Não recusa aplicar a matemática quando ela deve ser aplicada, ao contrário de alguns apicultores que tudo julgam saber e perceber sem fazerem uma única medição, sem fazerem um único cálculo (pois,… nem todos temos estes dons sobrenaturais de tudo saber sem nada medir, sem nada contabilizar!);
  • aprecia e valoriza o detalhe, observa e descreve as minúcias, é céptico em relação às sua primeiras impressões. Não tem o banal e preguiçoso discurso generalista, desprovido de detalhe de quem nada tendo observado com atenção e medido com rigor enche as bochechas de ar e dispara princípios sem sustentação, princípios sem pai nem mãe, cheios de auto-indulgência e soberba;
  • é um apicultor que vive das abelhas e se preocupa com o seu bem-estar. Mantém-nas saudáveis o mais possível, tem baixas taxas de mortalidade e explora novos caminhos, como por exemplo os dispensadores lentos de ácido oxálico (extendedrelease oxalic acid), a melhor invenção que surgiu no campo dos acaricidas de que me dei conta desde que iniciei a minha actividade apícola em 2009.

Mas nada melhor que ler o que ele escreve sobre si mesmo, sobre o seu trabalho, sobre a sua filosofia de vida e abordagem à apicultura, sobre o seu blog:

  • Sobre o seu blog escreve: Este não é um site que lhe diz “Como você deve manter as abelhas”; em vez disso, sou um defensor da apicultura “O que funciona para você”. Eu sou um a pessoa que prefere os “dados ao dogma” e imploro aos meus leitores que me corrijam sobre qualquer informação neste site que esteja desatualizada ou não seja suportada por evidências.
  • Sobre si próprio escreve: “É aquilo de que você tem certezas que o impede de aprender. E eu adoro aprender. Gostaria de deixar perfeitamente claro que não me considero o árbitro final em qualquer assunto! Ao investigar muitos desses assuntos polémicos, meu cérebro parece um equipamento de GPS, dizendo repetidamente: “Recalculando” e às vezes até “Vire quando possível.” É por isso que tomo cuidado para não ter posições dogmáticas e aprecio ser desafiado de forma inteligente em qualquer aspecto. Se algo me chama a atenção que me faz repensar ou corrigir qualquer coisa que escrevi, fico mais do que feliz em me corrigir nestas páginas.
  • Sobre a apicultura, escreve: “Visitei apicultores em muitos países e percebi que existem tantas maneiras de manter as abelhas quanto apicultores. As abelhas não se importam se você é um apicultor comercial/profissional ou amador, nem se sua preferência pessoal é Langstroth, Warre, top-bar, alvéolo pequeno, sem cera laminada, apicultura “natural” ou convencional – a mesma biologia aplica-se a todos. Meu objetivo é fornecer a todo e qualquer apicultor um recurso de informação legível e direta sobre como praticar a boa apicultura e exercer a sua responsabilidade ambiental e comunitária.
  • A sua postura: “Este site é mais ou menos um registro do meu processo de aprendizagem à medida que aplico meu treinamento formal como biólogo à prática de administrar minha operação de apicultura comercial/profissional em constante evolução na Califórnia. Não tenho interesse em oferecer conselhos (há muitos apicultores mais do que ansiosos para os dar). Em vez disso, o que eu ofereço são explicações baseadas em evidências e cientificamente verificadas dos processos biológicos que ocorrem na colmeia, bem como os efeitos de várias opções de maneio. Deixo então a cada apicultor usar essas informações para tomar suas próprias decisões práticas de maneio mais bem informadas.
  • Sobre como utilizar o seu blog: “Nesta “era pós-verdade”, a “era da sobrecarga de informação”, os apicultores novatos podem ficar muito confusos por uma internet e uma imprensa popular repleta de opiniões conflitantes e conselhos questionáveis. Se você é um apicultor iniciante em busca de informações básicas, ou um apicultor experiente em busca de um resumo das opções de tratamento de ácaros, sugiro que vá diretamente para Apicultura Básica no meu site. Caso contrário, sugiro que você clique nas categorias azuis à direita de cada página para ver quais são os artigos estão disponíveis por categoria, ou vá para Artigos por data de publicação ou use a função Pesquisar no topo de cada página para procurar tópicos.

fonte: https://scientificbeekeeping.com

Randy muita saúde e muita energia para continuares o teu caminho que ilumina muitos de nós!

estudo experimental português acerca da eficácia dos tratamentos com amitraz

Na hiperligação inserida na imagem em baixo podem aceder a um estudo recente realizado em território nacional para avaliar a eficácia no controlo da varroose com os três medicamentos com a substância activa amitraz, homologados em Portugal: Apivar, Apitraz, Amicel.

Mais que os resultados obtidos, com validade e fidedignidade insuficiente, pelos erros que a própria autora reconhece, acho que esta tese de mestrado merece a atenção de todos nós pelos ensinamentos que podemos retirar na introdução ao trabalho, assim como em vários detalhes descritos nos procedimentos experimentais.

Os meus parabéns à Ana Catarina Oliveira da Silva pelo trabalho realizado. Espero que continue a interessar-se por esta área de estudo e que venha a produzir mais conhecimento neste domínio.

a minha resistência à resistência: o foco no foco

Nos EUA os projectos para criarem abelhas resistentes ao ácaro varroa já têm cerca de 30 anos, e foram/são levados a cabo tanto em instituições governamentais como em empresas privadas. Na Europa estes projectos surgiram um pouco mais tarde, pela mão de grupos de instituições e de apicultores. Por exemplo, próximo de nós, um grupo de técnicos da Universidade de Córdova trabalhou na selecção de linhas resistentes em abelhas ibéricas na década passada… até ao momento em as colónias desapareceram, alegadamente roubadas.

Os mecanismos de resistência conhecidos são vários, entre os quais o SMR, o VSH e o REC. Esta heterogeneidade de mecanismos origina dificuldades na selecção de um traço e na sua avaliação rigorosa (ver este artigo publicado em outubro de 2021, em que um dos co-autores é Peter Rosenkranz, um dos especialistas em varroa mais reconhecido e citado pelos seus pares: Reproduction of Varroa destructor does not elicit varroa sensitive hygiene (VSH) or recapping behaviour in honey bee colonies (Apis mellifera)).

Os programas de selecção de abelhas resistentes melhor documentados que eu conheço são os de Keith Delaplane e os de Randy Oliver. Ambos referem as dificuldades, em seleccionar, replicar e estabilizar a um bom nível estas linhas resistentes (ver aqui e aqui). Obviamente, um e outro, são cientistas/experimentadores, não são vendedores de rainhas resistentes!

Artigos de revisão acerca dos avanços destes programas de criação de linhas resistentes e da transferência destas linhas para os apiários de todos nós, referem resultados muito modestos para tanta investigação, tanto conhecimento gerado, tantas linhas escritas e tantas esperanças depositadas (ver este artigo, publicado em 2020, de revisão da literatura nos últimos 30 anos: Three Decades of Selecting Honey Bees that Survive Infestations by the Parasitic Mite Varroa destructor: Outcomes, Limitations and Strategy).

Olhando para a Natureza e procurando aprender com as lições que nos dá, verificamos que os enxames naturalmente resistentes estão massificados num continente, África, e num sub-continente, América do Sul. O que nos está a dizer a Natureza?

  • A seleção natural pode resultar na resistência de toda a população em grandes populações panmíticas apenas quando uma grande proporção da população sobrevive à invasão inicial de Varroa. Foi o que aconteceu em África e na América do Sul.
  • Quando, após a invasão de Varroa, uma grande parte da população de abelhas entra em colapso ou é protegida contra os ácaros por tratamentos químicos, a seleção natural para resistência não tem sucesso. Foi o que ocorreu na Europa e na América do Norte.
  • A estrutura panmítica de acasalamento das abelhas evita a seleção natural local para resistência, porque os genes de resistência se dispersam em populações vizinhas a uma taxa maior ou igual à taxa local de recrutamento desses genes por seleção.
  • A seleção por cruzamento pode aumentar o nível de resistência das colónias e, assim, aumentar a proporção de colónias resistentes na população como um todo. Quando essa proporção é alta o suficiente, os apicultores podem interromper o tratamento químico e a seleção natural pode prosseguir.
  • Em populações fechadas, como nas ilhas, a seleção natural não é neutralizada pela dispersão de genes de resistência, e a seleção natural pode prosseguir, a menos que seja restringida pela endogamia.

fonte: Natural selection, selective breeding, and the evolution of resistance of honeybees (Apis mellifera) against Varroa (2020)

Terje Reinertsen, um dos poucos apicultores europeus a trabalhar com linhas alegadamente resistentes.

Dando de barato que sabemos muito bem o que estamos a selecionar e que sabemos muito bem o que estamos a avaliar (não, não o sabemos!); dando de barato que as afirmações dos vendedores de rainhas resistentes não são exageradas (e muito provavelmente são-no!); dando de barato que nos últimos 30 anos se deram enormes progressos e estes foram transferidos para os apiários de todos nós (e sabemos muito bem que não, não foram!), o foco do foco da minha resistência à resistência enquanto “a solução” para a apicultura dos dias de hoje está descrito no parágrafo em baixo.

Se dou de barato os aspectos em cima, não posso ignorar o caminho que a Natureza seguiu: os programas de criação de abelhas resistentes terão um real impacto na apicultura europeia quando estes conseguirem de uma forma massificada e rápida substituir as linhas não resistentes. A proporção de linhas resistentes tem de estar generalizada pelos apiários europeus num curto espaço de tempo. Se com a oferta diminuta de linhas resistentes dos últimos 30 anos, se com projectos de micro-escala não alcançamos nada de especial nestas últimas três décadas, por que razão acreditarei que nos próximos 30 anos com a mesma abordagem, os resultados serão diferentes? Ou a introdução de rainhas resistentes é massiva e súbita ou, se assim não for, temo que o sistema de acasalamentos ao acaso, típico destes insectos, fará soçobrar estes esforços.

No caso português, onde existem cerca de 700 mil colónias, em tese seria necessário substituir cerca de 95% das actuais 700 mil rainhas não resistentes por rainhas resistentes de matriz iberiensis. Até lá ou levamos as poucas colónias resistentes para uma ilha sem abelhas, ou aprendemos a controlar os acasalamentos, ou aprendemos a criar uma relação preferencial com o nosso fornecedor de linhas resistentes, confiando que terá sempre stock disponível para nós, ou … aprendemos a gerir e utilizar melhor os acaricidas que temos actualmente e outros que irão surgir.

Nota: Quem lê com atenção e sem pre-conceitos as publicações que já fiz sobre linhas resistentes há muito verificou a atenção e carinho que dou a esta abordagem, à qual reconheço muitos méritos. Contudo isso não implica uma cegueira e uma obstinação na aceitação que será “A solução” para a varroose na apicultura. Não o é hoje, não o será num futuro próximo e duvido que alguma vez o venha a ser pelas razões que refiro em cima. Mesmo que o venha a ser interrogo-me que garantias temos que as varroas não evoluirão e não conseguirão aprender a esquivar-se e sobreviver aos mecanismos que seleccionámos para as nossas abelhas resistentes? O que a varroa mais nos tem mostrado é a sua enorme adaptabilidade, tão típico das espécies que se reproduzem em ciclos muito curtos.