dando espaço à postura de uma rainha prolífera

A Lei de Farrar é muito clara relativamente à relação que existe entre o número de abelhas de uma colónia e a produção de mel. Mais, diz-nos que esta relação é não-proporcional, isto é, uma colónia de 60 000 abelhas produz mais que duas colónias com 30 000 abelhas.

Em Portugal, os modelos de colmeias mais utlizados são a reversível, a lusitana e a langstroth. Estes ninhos, na configuração de um só andar, não têm uma dimensão suficientemente ampla para albergar a postura de uma rainha prolífera na altura do pico de postura que, em geral, ocorre na primeira metade da primavera. Alguns apicultores, conhecendo os constrangimentos destes ninhos, colocam uma segunda caixa, o chamado sobre-ninho ou segundo ninho, de igual dimensão para duplicarem o espaço da câmara de criação. Esta solução, com alguns inconvenientes não o negamos (ver post relacionado), justifica-se pelo facto de potenciar o desenvolvimento de colónias mais populosas, logo mais produtivas e, em simultâneo, promover o descongestionamento do ninho, reduzindo o potencial de enxameação (ver post relacionado).

Mas… (há sempre um “mas”, não é?) para que o efeito do sobreninho seja optimizado e se concretize em colmeias mais populosas e menos congestionadas há um “saber-fazer”, que tem de ser dominado pelo apicultor que deseja fazer da apicultura algo mais do que um simples acto de colocar caixa sobre caixa.

Neste sentido vamos identificar duas técnicas, a saber, pyramiding e checker boarding. Vou manter as designações em inglês pela simples razão da minha dificuldade em traduzi-las de forma satisfatória para o português.

Pyramiding é uma técnica que pode ser utilizada para dar um acesso rápido quer à rainha quer às obreiras ao sobre-ninho, permitindo um aumento da postura e população e, simultaneamente, reduzindo o congestionamento no ninho. Esta técnica é desencadeada com a colocação  do sobre-ninho sobre a colmeia que até aí tinha apenas um ninho. Se possível, é desejável utilizar quadros com cera puxada, mas se tal não for possível podem ser utilizados quadros com cera moldada. O diagrama em baixo ilustra como os quadros são reconfigurados quando utilizamos esta técnica com quadros de cera puxada.

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Com os diagramas à nossa frente, passo agora à descrição passo a passo da técnica pyramiding:

1— Crie um espaço na nova caixa a adicionar (o sobre-ninho) retirando 3 quadros de cera puxada do centro desta caixa;

2— Tire 2 quadros com criação do ninho e um quadro com mel e pólen do ninho original e coloque-os no espaço central criado na nova caixa;

3— Centre os quadros com criação na caixa original e preencha os espaços vazios nas laterais da câmara de criação com quadros vazios (preferencialmente com cera puxada) retirados da nova caixa/sobre-ninho.

Depois de colocada esta segunda caixa ou sobreninho, mais opções ficam disponíveis por forma a reduzir o congestionamento e ajudar a prevenir a enxameação. Devido à tendência natural das abelhas fazerem o seu movimento para cima, a partir de um certo momento a probabilidade de a câmara de criação se localizar neste segunda caixa é grande. Neste caso, a caixa superior e a caixa inferior podem ser invertidas. Esta operação estimula as abelhas a acederem e a utilizarem de forma mais equilibrada as duas caixas aos invés de uma só.

Uma situação menos comum surge quando a rainha está a fazer criação em simultâneo nas duas caixas, ninho e sobreninho. Apesar de não utilizar o modelo reversível, tudo me leva a crer que esta situação é relativamente comum neste modelo de colmeia (aqueles que utilizam este modelo e que me estiverem a ler podem confirmar ou infirmar esta ideia fazendo um comentário). Nesta circunstância a inversão das caixas pode não ser adequado porque pode resultar numa divisão indesejada da câmara de criação ou ainda porque esta inversão não diminui de forma notável o congestionamento de abelhas nos ninhos. Outra acção deverá ser tomada que não a inversão das caixas. Para gerir esta circunstância, rainhas a fazer postura nas duas caixas, ninho e sobre-ninho, podemos utilizar a técnica do checker boarding, com o objectivo de aliviar o congestionamento do ninho e assim reduzir o impulso da enxameação.

Lembremo-nos que como resultado da enxameação por falta de espaço, perdemos não só a rainha e 40 a 50% das abelhas, mas também a esperança de aquela colónia vir a fazer uma boa produção de mel. Não nos podemos esquecer que metade das abelhas produzem menos que metade do mel.

Sobre o checker boarding escreverei mais adiante.

32 comentários em “dando espaço à postura de uma rainha prolífera”

  1. Olá
    Como utilizador de reversível que sou posso dizer da minha experiência que mesmo com as cameras pequenas como são, a rainha ao se instalar no sobre-ninho tem tendência a ficar por lá. Têm de se fazer jus ao nome da colmeia e reverter as cameras como descreveste para os outros modelos.
    Abraço

    1. Nas Langstroth e Lusitana sucede o mesmo. A rainha sobe ao sobre-ninho e fica por lá. Os quadros no ninho inferior ficam muito carregados de pólen e mel.

      A grande maioria das minhas colmeias na beira inverna só com o ninho. Já experimentei o modelo de colmeia Oksman, mas fiquei com a ideia que na beira a nossa abelha dispensa essa meia-alça. Será tema de um post futuro a minha experiência com a colmeia Oksman.

      Luis em que configuração invernas as tuas colmeias?

      1. Perdoe-me responder passados anos, não cheguei a ver a sua questão. Passando por aqui por acaso dei com esse artigo e ao ler os comentários é que vi que tinha me perguntado algo e não respondi.
        Bem, a minha forma preferida de invernar as colmeias é por deixar uma meia alça em cima do ninho reversível. Deixar um sobre ninho também é viável mas por vezes mostra-se excessivo especialmente se não tem reservas. Mas se as tem, a tentação de tirar é grande. Por isso uma meia – alça parece-me bem para a zona que sou (Açores)

  2. Olá Eduardo.
    nas caixas modelo reversível, em vez de um sobre-ninho utilizo uma meia alça de 10 quadros.
    E desta forma não necessito reverter, a mestra faz postura em ambas sem nenhum problema.
    Em relação a enxameação. Aqui na minha zona as abelhas costumam enxamear fins de Março e Abril.
    Se levarmos em conta que aqui, praticamente é o fim da floração, este problema até teria vantagem, pois o mel já esta praticamente colhido, e ganharia mais um enxame.
    Pessoalmente não gosto, prefiro que elas não saiam.
    Hoje foi velas, e apanhei uma tareia das grandes, tenho as costas doridas, levantar em cada colmeia três a quatro alças com mel, verificar os ninhos, colocar uma alça com cera laminada em cima do ninho, não é pêra doce. notei que as mestras não subiram a meia alça. o ano passado foi uma desgraça neste sentido.
    Espero mais uma vez ter com este método, bons resultados em relação a enxameação.
    O ano passado em 55 colmeias, enxanearam 2.
    Abraço.

    1. Olá Dino
      Amanhã devo estar na mesma no que respeita às costas. Vou ao apiário de Coimbra e tenho por lá alguns sobreninhos para colocar e outros a retirar para desbloquear alguns ninhos.

      Utilizando tu só meias-alças a rainha tende a descer ao ninho, correcto? Deixas uma meia-alça na época de escassez (Julho a Setembro) ou ficam só com o ninho?

      Será que este ano as rainhas não subiram como o ano passado, porque o fluxo de néctar foi de tal forma intenso que as abelhas encheram rapidamente a primeira meia-alça, não dando qualquer oportunidade à rainha?

      Dino se não for pedir demais, e para quando tiveres um pouco de tempo, como fizeste para teres essa baixíssima taxa de enxameação?
      (já falámos sobre isso, mas para quem nos leia será útil).

  3. Olá Eduardo.
    Em relação as alças, geralmente tiro, em Junho ou Julho, altura em que a mestra desce ao ninho, e a criação é reduzida, (aqui é época de fome) em Setembro quando começo a alimentar com alimento liquido volto a colocar a meia alça. Em pouco tempo a mestra volta a subir na meia alça ( atenção meia alça com 10 quadros)
    O que tenho reparado é que a mestra forma uma bola de criação ocupando o ninho e a meia alça .
    Estas colmeias, em relação a quantidade de mel, não ficam atrás das lusitanas, tenho três que já levam 5 alças.
    Mas temos que ter mais atenção e maneio, dando mais trabalho.
    Em relação ao método que utilizo para evitar a enxameação, escrevo depois.
    abraço.

    1. Bom dia Bernardino!

      Permita-me duas questões. Quando coloca a meia-alça em setembro é ja para preparar para o eucalipto certo? e qual a quantidade de alimento estimulante que usa?

      É que eu na minha zona tenho de começar a preparar as colmeias para o rosmaninho e estava a pensar usar um maneio parecido pois também uso o modelo reversível.

      Cumprimentos
      Hugo Martins

  4. Olá Hugo.
    É verdade, Setembro aqui na zona é altura de começar a preparar as colmeias para o eucalipto, que começa a floração a meados de Outubro, dependendo dos anos, ( este ano começou mais cedo).
    Quanto a alimentação, utilizo bebedouro de 2 lit. Enchendo umas duas a três vezes dependendo dos enxames, mas como utilizo alimento solido desde Julho, quando chego a Setembro as colmeias estão razoáveis em termos de quantidade de abelhas.
    Para alimento liquido tenho utilizado glucose, mas atenção este alimento puxa muito pela rainha, e temos que ter atenção porque a colmeia “aquece”de tal forma que pode enxamear.
    Também podes utilizar xarope de açúcar adicionando, Promotor l. Penso que não me enganei a escrever o nome do produto.
    Abraço. Dino

  5. Boa noite!

    Obrigado Bernardino pelas dicas.
    Eu tenho utilizado apenas xarope de açúcar porque não sei onde encontrar glucose em quantidades pequenas (ainda não me compensa adquirir um depósito de 1200kg) e se não for pedir demais posso perguntar-lhe onde a arranja?
    Já reparei que o seu problema é igual ao meu, ou seja o Verão, mas eu não tenho florada de eucalipto, em contrapartida tenho uma abundância enorme de rosmaninho na primavera.
    A minha solução tem passado por preparar os enxames para invernar logo em setembro mas tenho reparado que ainda assim tem sido insuficiente. Talvez tenha de fazer como você e começar logo em julho com o fondant para ver se entram em setembro com boa população.

    Cumprimentos
    Hugo

  6. Oi Bernardino,
    A colmeia Reversível com meia alça em cima fica exatamente do mesmo tamanho do que um ninho Lusitano. Tem a vantagem enorme de se recolher esse extra de mel quando ela desce e de ela subir muito mais rapidamente quando em baixo já não tem arco de mel na parte superior devido ao pequeno ninho estar cheio de cria. Parece uma boa solução!
    Caso a zona fosse pobre no inverno, penso que não daria para fazer isso, pois as reservas de um ninho reversível são quase nulas, mas na zona do eucalipto, parece mesmo ser adequado.

    Cada zona tem as suas manhas, e aqui não posso fazer isso! As minhas abelhas de agora em diante exigem mais espaço, e opto por ir arrefecendo o ninho lusitano ao retirar 1Q de reservas e 1Q de cria 2 ou 3x durante a primavera, para os núcleos. Mas se não necessitasse de núcleos, faria algo parecido. As melhores chegam a encher os 2 ninhos Lusitanos de cria se lhos der, mas passados cerca de 10 meses do seu nascimento e ao fazerem 2 picos de postura desse género, acabam invariavelmente substituídas…penso que por esgotamento.

    As técnicas que o Eduardo falou da Pirâmide e do Checkerboarding são interessantes, mas muito laboriosas e difíceis para as costas, sobretudo quando elas começam a regredir a câmara de cria e tudo se enche de mel.

    Este ano pela primeira vez invernei em 8Q de ninho e alimentador interno, e neste momento já retirei os alimentadores (ninho lusitano) e estão a puxar com muita vontade os 2 novos quadros de cera. Apesar de muito cheias ainda não vi qualquer sinal de enxameação, e dentro de alguns alimentadores ganhei uns lindos favos de mel…que são chatos de tirar, mas que são um luxo, feitos com cera novinha 100% delas.

    O ano também tem ajudado, e muitas sobem novamente às meias alças.

    Abraço a todos!!

  7. Olá Afonso,
    É verdade as zonas não são todas iguais, este maneio de meia alça de 10 quadros, aqui funciona as mil maravilhas, tenho um amigo aqui perto que só utiliza reversível. Quando comentei este maneio com ele, logo alterou as meias alças, e muita das vezes nem tira, mantém a meia alça todo o ano, também é verdade que alimenta muito. É daqueles apicultores que andam uma ou duas semana a frente dos outros.
    Tenho um amigo que é doutor e tem sete colmeias, não quer mais mel então pedeu que eu as desdobrasse, utilizei o método que o Eduardo refere, já o fiz algumas vezes e tenho feito bons enxames. O problema é que da muito trabalho e dores de costas.
    Em relação a cera puxada 100% delas, é sinal de febre de enxame-ar, ou falta de espaço. aqui acontece o mesmo em Outubro, altura em que coloco a primeira alça, e num piscar de olhos está cheia de mel.
    Abraço

  8. Olá Afonso
    É como dizes a reversível + 1/2 alça tem uma capacidade semelhante ao ninho da lusitana. Dizes muito bem que cada local tem as suas manhas. Nas minhas zonas na Beira a solução do Dino ficaria curta. O espaço seria insuficiente para a criação, a não ser que todos os quadros do ninho fossem quase exclusivamente utilizados para a criação; que não existisse um ou dois quadros maioritariamente com mel ou pólen e outros com manchas maiores ou menores de pólen e mel. Falo de quadros (langstroth e lusitana) com mais de 7000 alvéolos nas duas faces. Não sendo assim as rainhas por norma sobem à caixa de cima, seja ela 1/2 alça ou uma caixa igual ao ninho. A primeira opção é a colmeia do tipo Oksman, ninho + 1/2 alça, com uma dimensão semelhante à colmeia Dadant. Funciona bem, mas tem um grave inconveniente para quem deseja obter mel monoflorais. A solução pyramiding é uma solução de ninho duplo que tenho utilizado mais esporadicamente e sobretudo para fazer futuros núcleos. Este ano vou utilizá-lo também em colmeias dedicadas à produção de mel. O peso é um problema, é verdade, são caixas com mais de 30 Kg quando cheias. Como não trabalho sozinho para mim não é problema. Reconheço que para quem tiver que o fazer sozinho o ninho duplo langstroth ou lusitana é tremendo. Sugiro neste caso a colmeia modelo Oksman.

    Pela minha experiência em Coimbra, a solução do Dino pode ser suficiente, por causa dos vários arranques e paragens das colmeias no período do eucalipto. Por outro lado a disposição das abelhas para enxamearem nessa época do ano é baixa ou muito baixa. No entanto se Fevereiro ou março vier a jeito ou o apicultor está muito atento ou então tem de ter ninhos maiores. O blog do Jardim Apicultor é bastante elucidativo acerca da enxameação na área do eucalipto, em Aveiro ou proximidades.

    Afonso imagina que não terias de arrefecer as tuas colmeias para fazeres núcleos. Como farias para que não enxameassem? Nas tuas novas linhagens já tiveste, num apiário por ex. com 10 colónias para facilitar as contas, com rainhas com mais de uma ano de idade, que não arrefeceste tirando quadros do ninho, que te tivessem entrado na primavera (21 de Março, não é) com 6 a 8 quadros de criação e com 9 a 10 quadros de abelhas e que em finais de abril, início de maio 30% a 40% não tenham querido enxamear? Se as tuas abelhas híbridas (carníolas x ibéricas) neste cenário enxamearem com percentagens mais baixas fico mais próximo de acreditar que a genética é a solução primeira. Se estas percentagens baixas só se consegue com linhagens puras a mim não me serve para já, até aprender a controlar os cruzamentos em 600+ colmeias numa zona rodeado de ibéricas.

    Dino julgo que sei porque enfatizas o pormenor das 1/2 alças terem 10 quadros. Uma breve explicação, quando tiveres tempo, seria a cereja no topo do bolo.
    Dino o Hugo colocou-te uma questão a propósito da glucose. Não sei se te escapou?
    O maneio que referes a propósito dos desdobramentos é o que eu descrevi sob a designação pyramiding?

  9. Eduardo.
    Eu realço os dez quadros, porque fiz a experiência com oito e nove quadros.
    O que constatei foi que, com alças de oito quadros elas sobem, mas praticamente e postura de machos, com nove quadros melhorou mas, reparei que faziam uma separação entre o ninho e a meia alça com mel e pólen, com dez quadros como referi, fazem uma bola como se fosse um único ninho,
    Em relação ao maneio, é sim o que referes de pirâmide, e uma boa maneira de desdobrar sem a colmeia sentir muito impacto, como acontece nos desdobramentos tradicional, em que retiramos cinco quadros do ninho.
    Quanto a glucose, sabes onde eu compro, e são em bidões de 200 lit. mas como já conversamos, e estas a par do que aconteceu ao vendedor. não vou mencionar o nome nem a empresa em causa, sem a devida autorização.
    Mas se o Hugo quiser, falaremos por telefone, ou por email.
    O tel: 917 547 179
    O mail: dino.gomez@live.com.pt

  10. Olá Eduardo.
    Porque queres tanto fazer esse maneio de ninho e sobre-ninho?
    Eu não sei o potencial da tua zona, na beira, mas este maneio é mais aconselhável em países como a Austrália, Argentina, Etc, países onde o floração é muito abundante, e com duração muito prolongada, e sem falar no clima.
    Eu falo em relação a minha zona, já o fiz, é verdade que produzem mais mel.
    Mas como tudo, há os prós e os contras.
    falando da minha zona, uma colmeia com essas características, o que acontecerá?
    Agora que se prevê uma a duas semanas de chuva, como ficariam as reservas.
    E se porventura o tempo continuar chuvoso como a dois anos?
    Não vejo aqui, que este maneio me dê bons resultados. a não ser para criação de enxames
    Estava com ideias de experimentar o sistema de colmeia com duas mestras.
    Já ouvi falar neste sistema, mas a informação é pouca.
    Se tiveres alguma informação a cerca deste maneio, gostaria que partilhasses.
    Abraço.

    1. Eu já venho a utilizar o duplo ninho nas langstroth e inclusivamente nas lusitanas (creio que nas lusitanas poucos o fazem) para fazer desdobramentos para novos núcleos/colmeias.

      O que esta experiência me tem mostrado, sobretudo no ano passado em que utilizei mais vezes o pyramiding, é que depois de tirar os quadros para os núcleos (em finais de abril/início de maio) deixei o duplo ninho em várias colmeias, e muitas ainda encheram estas alças de mel. E o ano passado foi o que foi relativamente à produção.

      Este ano vou experimentar também em colmeias dedicadas à produção. O duplo ninho é frequente nos EUA, Canadá Austrálias e… em Espanha. O meu pai utilizava-o ainda eu era adolescente, quando o ajudava na cresta. Na altura as meia-alças eram quase desconhecidas.

      Na beira (nos locais da maioria dos meus apiários) o fluxo começa com o rosmaninho em meados de Abril e termina em meados de Julho/início de Agosto com as meladas da azinheira e/ou castanheiro. São 3 meses e meio de boas temperaturas e com poucas chuvas. As colmeias no eucalipto, arrancam, param, arrancam novamente, param novamente… por lá as colmeias podem abrandar um pouco entre fluxos, ou em dias muito quentes, mas não param ou regridem como em Coimbra.

      Aqui no litoral, o apicultor procura conter a postura da rainha, não lhe dando muito espaço de ninho para que a criação não lhe coma o mel que ele quer levar para casa. Na beira, procura-se que o congestionamento do ninho em abril/maio não ocorra, para que a enxameação não leve o mel para as árvores.

      Um amigo que tem reversíveis nas mesmas zonas que eu na beira, começa a ter enxames a saírem das suas colmeias ainda as minhas estão calmamente a subir à primeira meia-alça.

      Relativamente às colmeias com duas mestras tenho alguma informação documental. Deixa-me trabalhá-la para depois fazer um post. Nunca utilizei mas já tenho pensado que merece um olhar atento.

      1. Olá Eduardo,
        Falando das colmeias de dupla rainha, eu tenho ideia formada.
        Estou reticente em relação ao tipo de colmeia a utilizar, lembrei-me da jumbo para ter mais câmara de cria. mas com quadros da lusitana. tipo construção Quente (quadros colocados paralelamente a entrada da colmeia)
        A minha ideia é colocar duas colmeias encostadas, ou um pouco separadas, colocar grade excluidora em ambas, e em cima colocar três meias alças encostadas, depois conforme necessidade ir aumentando as meias alças.
        Ficava o género de um pirâmide.
        Aceito sugestões.
        Abraço para todos

        1. Dino a solução da construção quente nas Jumbo para aproveitar os quadros com criação e reservas das lusitanas está muito bem pensada.

          Uma dúvida que tenho acerca das colmeias com duas rainhas tem a ver com a questão dos tetos. Como fazer para evitar que a água da chuva escorra pelas alças meleiras e se infiltre nos ninhos em baixo?

      2. Boa noite Eduardo depois de ler este comentário é tendo sido ele feito em 2016 como correu a experiência no uso do sobre ninho na produção de mel, houve boas mudanças? É depois da produção invernas as colmeias com o sobre ninho ou sem ele? Obrigado

        1. Bom dia Samuel. A última questão já foi respondida. Julgo que a viu. Utilizo sobreninhos, mas não em todas as colmeias. Naquelas, com sobreninho, e que oriento para a produção de mel, os resultados que tenho tido são muito satisfatórios em média.

  11. Boa noite!

    Obrigado Bernardino pelas suas respostas!
    Entrarei em contacto consigo por e-mail a respeito da glucose.

    Cumprimentos
    Hugo

    1. Boa noite, Alessandro
      Acho a sua questão tão interessante que lhe irei dedicar um post nos próximos dias, onde exporei a minha visão sobre este assunto de uma forma mais completa, articulada e destacada. Este é um assunto acerca do qual tenho reflectido frequentemente nos últimos meses.

  12. boa noite admin,obrigado pela sua sugestao ,depois voce me passa sua conclusao ok.,sobre esse tema de dois ninhos …
    eu acho que se os favos nao tem a dimensao que suportasse a postura de uma rainha,sabe porque ,ela preenche varios favos inteiros de crias e ai fica um favo bloqueado ,se tivesse a dimensao que toda vez que a abelha rainha percorre-se o favo tivesse espaco para ela botar seria muito bom …que nunca ficasse um favo bloqueado…

  13. Olá Eduardo!!
    Ando ainda a aprender e venho frequentemente ao teu blog para consultar alguma informação.
    Neste post referiste o checker boarding, dizendo que escreverias mais adiante sobre o mesmo. Chegás-te a fazer esse texto? É que não estou a encontrá-lo!!
    Obrigado por toda a informação extremamente prática que disponibilizas.
    Votos de BOM ANO!!

    1. Rui, agradeço e retribuo os votos de Bom Ano!
      Acabei por não fazer esse texto. A razão prende-se com o facto de utilizar quase exclusivamente o “pyramiding” e não ter uma grande experiência com o checker boarding. Fiz alguns ensaios, mas verifiquei depois de ler mais profundamente Walt Wright (o proponente do método) que eu estava a utilizar uma versão muito simplificada do mesmo. Estava a colocar um sobreninho com cinco quadros com cera puxada e cinco quadros com cera laminada, todos intercalados. Esta versão simplificada resulta no atraso do impulso da enxameação à entrada da primavera, se as temperaturas estiverem amenas e houver um fluxo de néctar e pólen. Walt Wright afirma que a utilização “correcta” do checker boarding previne o surgimento do impulso para a enxameação reprodutiva. Ver mais aqui: https://beesource.com/point-of-view/walt-wright/

  14. Olá Eduardo,

    Começo por lhe dar os parabéns pela riqueza dos conteúdos deste blog.

    Tenho lido alguns dos posts publicados e recentemente ficou-me na memória o apiário que tem a 900m de altitude na reserva natural da serra da Estrela. Isto porque também tenho um apiário a 850m na zona do Sabugal e tem uma vegetação muito semelhante ao seu. Neste momento a marcavala já se encontra perto do fim, a silva já iniciou a floração e o castanheiro está muito para breve.

    Iniciei a apicultura como hobbie no ano passado com colmeias do tipo Lusitana e pela quantidade de enxameação que tive chego à conclusão que tenho mesmo muito para aprender.

    Como deve imaginar nesta fase tenho muitas questões às quais vou tentar fazer as mais importantes relacionadas com o tema o do post.

    Com a sua experiência nesta zona da beira será esta técnica (Pyramiding) uma boa técnica para o controlo da enxameação?
    Em que altura se deverá iniciar?
    Qual é a técnica que mais utiliza neste apiário a 900m de altitude?
    Poderei aproveitar posteriormente o sobreninho para fazer o desdobramento?

    Um abraço,
    Filipe Cunha

    1. Boa tarde, Filipe! Grato pelas suas palavras. Acerca da enxameação distingo as medidas de prevenção da enxameação, aquelas que utilizo para procurar evitar que as abelhas façam mestreiros de enxameação, onde incluo o pyramiding, das medidas de controlo da enxameação, as que utilizo quando encontro mestreiros de enxameação já construídos, sinal que as medidas de prevenção não foram suficientes. Neste último caso só conheço duas medidas eficazes para evitar a enxameação caso a rainha-mãe se encontre presente: o desdobramento ou enxameção artificial e o método demaree. O primeiro é utilizado por quem deseja aumentar o efectivo, o segundo por quem deseja manter uma colónia produtiva e não deseja aumentar o efectivo. No blogue encontra referências a um e ao outro. O pryramiding e nas colmeias mais fortes costumo utilizar a partir da 1ª ou 2ª semana de março nos apiários a 600 m de altitude. No apiário a 900 m de altitude começo a utilizar cerca de 15 dias mais tarde. Sim pode aproveitar o sobreninho para desdobrar. Pode fazer de várias maneiras. Ainda que não sempre, costumo por exemplo utilizar o tabuleiro divisor e fazer um desdobramento vertical. A rainha-mãe fica na caixa superior orientada para o lado oposto ao da entrada original da colmeia em baixo, que fica orfanada e com muitas abelhas para fazerem bons mestreiros de emergência. Espero ter sido claro, mas se tiver alguma questão fico ao seu dispor. Abraço!

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