apiário zero tratamentos… condições e resultado

Foi em Espanha e experimentou-se em 2o colmeias (ver aqui).

Condições experimentais básicas:

  •  enquadramento desta experiência pelas autoridades competentes;
  • as colónias deixaram de ser tratadas com acaricidas contra o ácaro varroa a partir de 2012;
  • as colmeias tinham estrados sanitários;
  • alvéolos mais pequenos;
  • apiário situado numa zona com baixa densidade de colmeias.

Resultados em 2015 (ver aqui):

  • passados três anos desde o início da experiência nenhuma colónia estava viva.

Vem este post a propósito de uma conversa que tive com um cliente que me comprou alguns enxames este ano. Em determinado ponto da nossa conversa referiu que uma recém apicultora, situada nas suas proximidades, tencionava não tratar a varroose. A receita para o presumível sucesso desta experiência na opinião desta apicultora passa por não alimentar artificialmente os seus enxames. A sua crença é que o seus enxames irão resistir à varoose uma vez que as abelhas alimentadas só com o seu próprio mel serão suficientemente resistentes ao varroa.

Dois comentários:

  • este género de experiências é ilegal, quando não devidamente autorizadas e enquadradas pelas autoridades competentes;
  • vivo muito mais feliz e tranquilo se entre os apicultores vizinhos dos meus apiários não existir nenhum tão iluminado, vanguardista e ignorante como é o caso desta senhora.

6 comentários em “apiário zero tratamentos… condições e resultado”

  1. há alguns erros em todo esse processo que os espanhóis adoptaram, o primeiro passa pelo conceito de “deixar de aplicar acaricidas”.

    é óbvio que assim não dá.

    mantenho desde 2013 vários pequenos apiários sem nenhum tratamento. nenhuma das colónias “deixou de ser tratada”, porque nenhuma alguma vez o foi. tratam-se de enxames recolhidos a pedido de proprietários de casas onde se tinham instalado, ou capturados via caixas-isco. nenhuma das colónias é desdobrada, mas todas tendem a enxamear.

    nalguns dos apiários tenho baixas relativamente altas, com perdas de 30 a 50% das colónias anualmente, noutros menos, e num deles, completamente isolado no meio de uma herdade de 350 hectares que está em mato cerrado, sem qualquer actividade agricola, 0%.

    tenho produções médias de 10 kg’s por colónia, o que para a zona do alentejo em que estou, não é nada mau.

    há alguns requisitos para isto. acho que passar de tratar a não tratar no imediato devia ser considerado crueldade animal. é o equivalente a pegar num rebanho de ovelhas e largá-las sem qualquer tratamento ou vacinação. e tem o mesmo resultado, morre tudo.

    já se eu capturasse ovelhas adultas que nunca foram tratadas nem vacinadas, quem sabe.

    outra perspectiva importante é, este modo de gestão implica um maneio de primavera intenso, e muita flexibilidade na expansão e contracção do espaço das colónias. recomenda-se a invernação em núcleo, recomenda-se que aos primeiros sinais de enfraquecimento da colónia se reduza a mesma ao espaço minimo absoluto possível, e mais umas coisas.

    mas a ideia de que é impossível é completamente absurda. tudo é possível com maneio, pasto e abelhas adequadas.

    1. abelheiro engraçado obrigado pelo se testemunho.

      Saliento duas ideias no seu comentário:
      — a crueldade de não tratar abelhas “normais”, não resistentes à varroa;
      — tudo é possível com abelhas adequadas (resistentes e/ou tolerantes).

      Tanto quanto sei em Portugal, assim como em muitos países por esse mundo fora, não existe neste momento um programa credível de selecção de abelhas resistentes. Mais, de acordo com o que vou lendo no beesource apicultores dos EUA, onde existe uma comunidade empenhada na criação de abelhas resistentes à varroa, a resistência parece ter uma natureza local, isto é linhas resistentes no local A quando movidas para um local B têm mostrado inúmeras vezes que não preservam essa resistência.

      A concluir refiro que perdas entre 30% a 50% em alguns apiários e produções de 10 Kg em média por colmeia seguramente não pagariam as minhas despesas anuais. Portanto este nunca poderá ser o meu caminho… por enquanto. Quando me reformar, com mais experiência, mais conhecimento, mais tempo e sobretudo quando as abelhas não forem um meio para me por o pão na mesa poderei pensar e ser tentado a fazer algumas experiências.

  2. Olá Eduardo

    Conheci um autodidata que, também, deixou de fazer tratamentos, com fundamento em que as colmeias que resistissem seriam a base para desenvolvimento futuro.
    O princípio estava certo, mas o resultado é que não se ajustou. Não conseguiu apurar a casta resistente e teve que mudar de estratégia.
    A teoria da senhora que refere, também está certa para uma situação de normalidade. As abelhas alimentadas com reserva de mel deixado na colmeia, controlam a produção de crias, com períodos longos em que as doenças não se podem multiplicar,A alimentação artificial, além do desiquilibrio no ciclo anual, também não favorece a resistência do sistema imunitário das abelhas.
    Porém, numa situação de epidemia, estes cálculos são ,normalmente, fatais.
    Mesmo depois do desastre das abelhas assassinas do Brasil, não sabia que este género de experiências era ilegal, embora reconheça que deva ser controlado quando tem implicações para terceiros.
    Agradeço informação sobre referência à legislação respectiva.
    Boas Férias

    1. Boa tarde José Marques
      Muito obrigado pelo seu comentário.
      Acerca da sua solicitação sobre a ilegalidade de não tratar a varroose cito “Face às condições climatéricas do nosso país, deverão ser efetuados dois tratamentos obrigatórios por ano em cada colónia, sendo que um tratamento poderá ser constituído por duas aplicações.” (ver mais em Programa Apícola 2016_Plano de luta contra a varroose-ver. Março 2016)

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