acaricidas no interior da colmeia e seu efeito sobre a substituição da rainha e o crescimento de colónias de abelhas (Apis mellifera)

Sumário: As abelhas (Apis mellifera) contribuem anualmente com cerca de US$ 200 mil milhões para a economia global, principalmente através da polinização de culturas. Apesar de sua importância, o número de colónias de abelhas continua a diminuir. Pesquisas recentes mostraram que a perda de colónias é atribuída em grande parte aos problemas associados ao ácaro ectoparasitário Varroa destructor e às questões relacionadas com a má qualidade das rainhas (particularmente a substituição prematura das rainhas), que muitas vezes resultam na diminuição da produtividade das colónias e o aumento do risco de mortalidade. Pretendemos investigar de que forma a exposição subletal a acaricidas aplicados por apicultores afeta as abelhas a um nível individual (rainha) e as colónias como um todo. Comparámos o crescimento (construção de favo, produção de criação, alimento armazenado e população de obreiras), as taxas de substituição de rainha e as probabilidades de sobrevivência ao inverno de colónias que eram lideradas por rainhas que foram criadas em realeiras com cera de abelha carregada de acaricidas e rainhas criadas em realeiras com cera de abelha sem acaricidas e colocadas em colmeias que foram tratadas com acaricidas ou deixadas sem tratamento. Contrariamente à nossa previsão, descobrimos que as colónias tratadas, lideradas por rainhas criadas em cera de abelha carregada de acaricidas, construíram significativamente mais favo de obreira e zangão e armazenaram mais comida do que qualquer outro grupo de colónias. No entanto, não observámos qualquer outro efeito significativo do tratamento de colónias sobre a quantidade de produção de criação, tamanho da população de obreiras, taxa de substituição da rainha ou a sobrevivência da colónia no inverno. Assim, não conseguimos observar um efeito negativo direto da exposição ao acaricida ao nível da colónia. Mais estudos são necessários para testar ainda mais os efeitos sinérgicos potencialmente prejudiciais dos acaricidas no interior das colmeias sobre a saúde das abelhas ao nível das colónias.

Fonte: https://www.omicsonline.org/open-access/inhive-miticides-and-their-effect-on-queen-supersedure-and-colonygrowth-in-the-honey-bee-apis-mellifera-2161-0525-1000377.php?aid=73853

Alguns apicultores, pelo mundo fora, deixaram de utilizar acaricidas sintéticos para evitar os alegados impactos negativos destes sobre a saúde das colónias de abelhas. Em alternativa utilizam acaricidas orgânicos para evitar os resíduos que os sintéticos poderão deixar na cera das abelhas. Na minha opinião este estudo, recentemente publicado (maio de 2016), reabre uma linha de investigação acerca do efeito sub-letal que os acaricidas sintéticos alegadamente têm sobre a saúde das abelhas, em especial sobre a saúde das rainhas. Os autores deste estudo (entre eles o conceituado R. Tarpy) não conseguiram observar um efeito negativo direto da exposição ao acaricida ao nível da colónia e também no que respeita à saúde/vitalidade das rainhas.  

Não pretendo convencer ninguém a abandonar os tratamentos orgânicos se tem sido bem sucedido com eles. Para muitos de nós esta e outras questões continuam em aberto, a necessitar de mais investigação. Para alguns outros são questões já resolvidas, há muito, sobretudo suportadas nas suas crenças e ideologias, ainda que com pouca ou nenhuma adesão à realidade. Na verdade, as abelhas mais cedo ou mais tarde teimam em mostrar-nos o que é realidade e o que é fantasia.

Um comentário em “acaricidas no interior da colmeia e seu efeito sobre a substituição da rainha e o crescimento de colónias de abelhas (Apis mellifera)”

  1. Reconhece que a resistência das abelhas é consideravelmente enfraquecida pela
    exposição acumulada a substâncias químicas, o que as torna incapazes de lidar com
    fatores de stress, como anos húmidos, falta de néctar, doenças ou parasitas, com base
    em dados científicos independentes e avaliados pelos pares;

    in : Resolução do Parlamento Europeu, de 1 de março de 2018, sobre as perspetivas e os
    desafios para o setor da apicultura na UE (2017/2115(INI))

    Abraços,

    Francisco Frazão

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